(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas padecendo

A puberdade das meninas

'Quando entramos no consult�rio, o m�dico j� foi me entregando aquela camisola com abertura frontal, me mandando ir me trocar no banheiro'


09/07/2023 04:00 - atualizado 07/08/2023 18:27
941

médica
(foto: Nhc.com.br/Divulga��o )


Como m�e de menino, gosto de observar e ouvir as m�es de meninas que est�o entrando na puberdade. As preocupa��es s�o sempre muito parecidas, a menstrua��o, a pr�tica de esportes quando a menina est� menstruada e o aparecimento dos pelos. Com os meninos algu�m ensina a usar o barbeador, ele usa se quiser e est� tudo resolvido.

Quando eu tinha 14 anos, minha m�e me levou ao ginecologista dela, um homem. Minha m�e sempre preferiu homem para tudo. Ela estava preocupada porque eu ainda n�o tinha ficado menstruada. Quis que eu fosse ao m�dico, me prometeu que era s� para conversar. 

Eu fui, mas fui muito desconfiada. N�o via necessidade de m�dico naquele momento, minha prima mais velha tinha menstruado aos 15 anos, e a minha m�e mesmo menstruou com uns 14. Eu era super magrinha, era natural que demorasse mais que o considerado normal.

Quando entramos no consult�rio, o m�dico j� foi me entregando aquela camisola com abertura frontal, me mandando ir me trocar no banheiro: tire toda a roupa e vista essa camisola. A primeira coisa que me veio � cabe�a foi: minha m�e mentiu para mim e eu j� sabia. Me tranquei no banheiro, com �dio, e n�o sa� mais. Fiquei um temp�o l�, passou pela minha cabe�a at� pular a janela do 12° andar, porque eu quis morrer. Preferia morrer a tirar minha roupa e deixar um homem me examinar, me deitar naquela cadeira bizarra de pernas abertas! Nunca!

Fiquei l� remoendo. Estava revoltada pela situa��o toda. Porque aceitei ir para uma conversa e, sem conversa nenhuma, j� queriam que eu me despisse. Come�aram a bater na porta e eu l�, muda e vestida! At� que decidi sair. Sa�, n�o falei nada, apenas me dirigi ao elevador e fiquei esperando minha m�e na cal�ada do pr�dio na Avenida Barbacena espumando de �dio. Menstruei meses depois. Nunca mais pisei em consult�rio de ginecologista homem. Quando tinha uns 19 anos, peguei indica��o de uma ginecologista com uma amiga, marquei e fui por minha conta. Hoje fico orgulhosa por n�o ter me obrigado a fazer algo que n�o queria, por ter tido coragem de sair sem dar satisfa��o para ningu�m.

Outro dia, vi um post da ginecologista Camila Martins de Carvalho, ela contava que uma paciente de 12 anos foi a uma consulta com a m�e. Camila conversou com ela, explicou sobre o exame f�sico e ela aceitou ser examinada. Quando foi avaliar o crescimento dos pelos pubianos, a menina disse que ela n�o conseguiria porque a m�e os raspava. Depois do exame, a menina disse que odeia que a m�e raspe, mas a m�e achava um problema deixar os pelos. 

A m�dica aproveitou esse momento para explicar que raspar os pelos pubianos n�o tem nada a ver com higiene, que � escolha. A menina ficou feliz, remover os pelos n�o era uma escolha dela, era uma escolha da m�e sobre o corpo dela. O papel da m�e deve ser apenas o de orientar as filhas. Adolescentes devem ter autonomia sobre o pr�prio corpo, fazer as pr�prias escolhas, sem imposi��o de terceiros, nem da m�e. 

Em rela��o � menstrua��o, � uma coisa chata mesmo, a maioria de n�s se sente mal, tem c�licas, dor de cabe�a, altera��es de humor. Para as meninas que n�o querem deixar de praticar esportes, especialmente nata��o, uma boa op��o s�o as calcinhas e mai�s absorventes reutiliz�veis. Al�m de muito confort�veis, s�o mais sustent�veis que os absorventes comuns. Existem v�rias marcas no mercado, vale a pena testar! Muitas meninas n�o querem usar absorvente interno ou coletor menstrual, e n�o tem mesmo necessidade!

� preciso respeitar as escolhas dos nossos filhos e isso vale para muitas coisas al�m dos pelos pubianos! Espero que nenhuma m�e obrigue a filha a ser examinada por quem n�o quer e sem necessidade. Espero que as m�es tenham coragem de conversar com as filhas abertamente e que as deixem fazer suas escolhas, sempre com muito di�logo e mente aberta. 

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)