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Estado de Minas INFECTOLOGISTA

O amor em tempos de pandemia

Amar em tempos pand�micos n�o apenas � poss�vel, mas absolutamente necess�rio para manter a esperan�a e o prazer de estarmos vivos


(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Um amigo me perguntou se poderia namorar de forma segura em tempos de pandemia.

Claro que sim!! O Amor � esterilizante, entorpecente e viricida.
Nada resiste ao calor de uma paix�o. A peste, a tuberculose e a Aids at� que tentaram parar a febre de Eros. N�o seria o Corona a derrot�-lo.

J� n�o basta o olhar,
A m�scara agu�a o desejo.
O tes�o � vida.
Profil�tico amor.
Necess�rio como o ar que nos entorpece e mata...
Corro o risco,
Risco meu,
Amor meu...

Entendemos, mais que nunca, o amor �rabe. Apenas o olhar e a imagina��o a penetrar em burcas misteriosas...

O medo faz parte do rito. � o rito!

Mist�rios de um v�rus que resgata o amor, banalizado por rela��es l�quidas e passageiras.

Meu av�, Sr. Lozico, recebeu a s�ria incumb�ncia de seu irm�o para pedir uma mo�a em namoro. Colocou o seu melhor terno e foi � casa da pretendida. Ao esperar o pai da mo�a, ela passou de um c�modo para outro...bastou um olhar. Ela virou minha av� e ele perdeu a amizade do irm�o.

O olhar tem este poder, mudar destinos, destruir e construir rela��es.
 
Portanto, o amor em tempos pand�micos n�o apenas � poss�vel, mas absolutamente necess�rio para manter a esperan�a e o prazer de estarmos vivos! Basta um olhar...

A sensa��o de que estamos mofando dentro de casa, por vezes, nos tira a lucidez.

A vontade de sair, namorar, correr sem rumo, falar com amigos, beijar a testa da m�e, fica a cada dia mais incontrol�vel.
� assim que vejo a rea��o das pessoas quando abre a fresta de um bar. Euforia total!

Um chopp vira o n�ctar dos deuses (e �!). Dist�ncia social que nada! Proximidade m�xima! Quando o �lcool sobe ent�o, a� que a proximidade aumenta.

Por outro lado, o risco n�o � percebido quando n�o nos interessa.
Sim, nos aproximamos da insanidade pelo prazer pand�mico suprimido. Irrever�ncia juvenil carregada de contradi��es e riscos.

Tal como adolescentes que sem perceber o abismo, dan�amos em corda bamba de olhos fechados, fazemos loucuras em nome do amor.

Enquanto pais, ficamos torcendo para que cheguem do outro lado, s�os e salvos. Com frequ�ncia sucumbem e quase sempre congelam nesta fase da vida e assim permanecem, rebeldes equilibristas.

Em se tratando de amor doentio, nada como o de um parente de Ibi�, o Didico.

Didico era o sobrinho predileto do meu av�. Sujeito magro e mi�do, mas com uma aud�cia de dar inveja a lutadores de MMA. Por isto mesmo, vez por outra, se via metido em brigas de rua que o levava, quase invariavelmente, � cadeia.

Apaixonava-se perdidamente por uma mo�a e passava a persegui-la pela cidade. Jamais encontrava coragem para chegar perto delas e muito menos declarar seu amor. No princ�pio elas at� que gostavam. Mas, depois de um tempo arranjavam um namorado, uma vez que o pretendente n�o se apresentava.

Este era o momento da briga inevit�vel. Sentindo-se tra�do, Didico se agigantava diante de outro macho e invariavelmente apanhava.
Certa vez o vi fazer uma loucura inesquec�vel.

Para impressionar uma mo�a, ele pediu emprestado a lambreta de um representante de laborat�rio que visitava meu pai, m�dico da cidade. Apesar do contra do meu av�, ele insistiu e acabou conseguindo o empr�stimo. Andei numa dessa l� no Uberaba, justificou-se com meu av�.

A missa de final de tarde acabaria e ele se exibiria para a amada, dando voltas em torno da pra�a. Talvez at� tomasse coragem e a convidasse para uma volta.

Tomou algumas instru��es com o dono da lambreta e ...po, po, po...l� foi ele.

Ap�s a primeira volta na pra�a, parecia cada vez mais confiante. A missa acabou, a mo�a passou. Por azar, ele estava do lado oposto da igreja.

N�o houve o encontro m�gico dos olhares.

Continuou andando e depois de umas dez voltas, quando todos no bar da pra�a j� haviam se esquecido dele, eis que surge o grito: –me la�a gente, me la�a!

Por esta e por muitas outras, meu av� me pediu para traz�-lo para Belo Horizonte para uma avalia��o psiqui�trica. O diagn�stico do meu colega Penteado foi na mosca: – Eretomania ou s�ndrome de Clerambeault. Trata-se de uma doen�a psiqui�trica que o individuo acredita amar e ser amado por outra pessoa.

– Isso com frequ�ncia acaba em trag�dia, comentou meu fraterno e competente colega que receitou-lhe alguns medicamentos.
Segundo meu av�, Didico ficou meio sem gra�a. Mas, pelo menos, n�o apanhou mais.

Pois bem, eretomania � o que me parece ter alguns amantes de drogas � procura de uma doen�a. Assim como o Didico se apaixonava platonicamente por uma mo�a, alguns eretomanos atuais se apaixonam por certas drogas para tratar COVID.

Cada hora � uma. Flertam, contam lorotas de amor e s� conseguem falar da amante. Por�m, as amantes s�o infi�is. Arranjam outro prop�sito e seguem em frente. Desesperados, tentam a tudo custo convencer que a amante � fiel e prendada.

D�o voltas e mais voltas em torno do mesmo tema e n�o sabem parar. O mito tem que ser preservado, assim como as suas ideias eretomanas.

O pior � que j� n�o se fazem la�adores como antigamente. Para nosso azar, estamos na garupa de um motoqueiro inexperiente, que n�o conhece caminhos alternativos e nem sabe onde nem quando parar...

A cat�strofe � eminente. N�o h� psiquiatra nem la�adores para tanta loucura e insensatez.

Na �ltima semana, o prefeito de Itaja�, em Santa Catarina, surpreendeu o mundo ao propor mais um tratamento espetacular. Trata-se da fabulosa aplica��o intrarretal de oz�nio. Se a moda pega, l� se vai a prega mestra...Ozonium in anus outrem refrescus est...

* Tem alguma d�vida ou sugest�o, fale comigo pelo e-mail [email protected]

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