
Assisti h� algum tempo o genial filme “Parasita”. Para quem n�o viu, veja. Excelente cr�tica aos princ�pios �ticos e morais relacionados � batalha complexa pela sobreviv�ncia em um mundo marcado pela desigualdade social.
Em tempos de pandemia, essas desigualdades ficam ainda mais marcantes e expostas. Da emerg�ncia do novo coronav�rus at� a cat�strofe humanit�ria por ele provocada, a rela��o parasit�ria entre os homens fica t�o estampada como os seios de ex-famosa Cicciolina.
As rela��es ecol�gicas entre os organismos s�o extremamente pedag�gicas para entendermos um pouco do comportamento humano e as atitudes das pessoas diante da luta pela sobreviv�ncia nesse planeta. Afinal, herdamos ao longo do processo evolutivo as diferentes formas de negociar com o ambiente a fim de nos mantermos vivos.
Nesse sentido, podemos concluir, de imediato, que � mais f�cil morrer do que viver. Mas, como n�o estamos falando de covardia, vamos a algumas defini��es e suas correla��es.
Neutralismo, comensalismo, protocoopera��o, mutualismo, parasitismo, preda��o, competi��o, antibiose, s�o diferentes formas de intera��o entre os organismos. Todas elas encontram similaridade com o comportamento e forma de intera��o entre humanos. A ecologia microbiana estuda a forma como bact�rias, fungos, algas, protozo�rios e v�rus se relacionam na natureza. Os dois �ltimos em destaque, nessa semana, no ecossistema do Senado Federal.
Algumas pessoas colaram na aula de biologia, passaram de ano e parasitaram o Planalto Central, afetando todo o processo de sobreviv�ncia da col�nia Brasil. Protozo�rios (eventualmente) e v�rus (sempre) t�m em comum, o fato de ambos serem parasitas. Ambos precisam de um habitat que os abrigue.
O parasitismo pode ser definido como uma condi��o em que um organismo (parasita) vive sobre ou dentro de um outro organismo vivo (hospedeiro), obtendo dele seu alimento.
Os v�rus s�o estruturas formadas por �cido nucleico envolto por prote�nas, o que os tornam, obrigatoriamente, parasitas intracelulares. Precisam de uma c�lula viva para se reproduzirem. Os v�rus n�o s�o considerados seres vivos, mas podem afetar drasticamente a vida dos organismos infectados por eles.
O novo coronav�rus, por exemplo, tem feito a humanidade repensar a forma de nos relacionarmos e nos comportarmos. Nesse sentido, os v�rus s�o fundamentais no processo evolutivo das diferentes esp�cies. Os v�rus fazem com que nenhum dia seja igual ao outro no mundo micro e macrosc�pico.
Foi pela �tica de um v�rus que passamos a perceber a fragilidade de nossa sociedade pseudo evolu�da, injusta, mesquinha e hip�crita. Tal parasita exp�s de forma cristalina o parasitismo do poder, a crueldade e a imbecilidade humana. Trata-se de uma entidade entre o animal e o mineral que desperta a consci�ncia obnubilada de uma sociedade inteira. Contraditoriamente, mata e ressuscita. Exercita a dolorosa pedagogia da simbiose amorosa entre humanos.
Alguns pol�ticos, tal como um v�rus, infectam o poder, passam de gera��o a gera��o suas caracter�sticas, se aproveitam da in�rcia e vulnerabilidade da c�lula social e a destroem. Mas n�o a destroem de uma s� vez. V�o aos poucos, desidratando, corroendo as estruturas, confundindo, mentindo e ironizando a c�lula social infectada, que definha progressivamente.
Humanos parasitas costumam ser piores e mais letais que seres ultramicrosc�picos. Contra eles, a �nica vacina e ant�doto � a consci�ncia coletiva, que, infelizmente, n�o brota do nada, mas do sofrimento imposto pelo pr�prio processo evolutivo.
J� os protozo�rios s�o seres mais evolu�dos. S�o uma c�lula. Apenas uma! Juntamente com as algas, pertencem ao Reino Protista. ATEN��O, n�o confundam com Petista!!
Uma coisa � uma coisa, outra coisa � outra coisa! Em tempos pr�-ditatoriais esse tipo de confus�o pode ser mais letal que a Doen�a de Chagas, mal�ria, giard�ase e ameb�ase, todas estas causadas por protozo�rios.
Os protozo�rios, na sua grande maioria, s�o seres de vida livre. Democratas pela pr�pria natureza, se movimentam de forma ativa atrav�s de c�lios e flagelos, n�o dependendo de mordomias palacianas. Por�m, pela imaturidade, pressa e fome de poder, frequentemente trope�am em seus pr�prios pseud�podes. � o caso de um tipo de ameba, que invade os diferentes tecidos, inclusive o c�rebro de seres messi�nicos. Curiosamente, para tratar algumas infec��es parasit�rias temos como aliada a poderosa Cloroquina, que ficar� guardada por Yamaguchi nos por�es militares at� o final dos tempos, principalmente agora em que a luz de Luana brilhou no c�u esplendoroso do Planalto Central, mas nesse momento coberto por nuvens tenebrosas.
Resumindo, a vida � um espet�culo que merece ser apreciado em seus aspectos micro e macro ecol�gicos. Como diria meu av�, quem caminha e s� olha para o ch�o tem menos chance de pisar em cobras. Mas, se priva de ver a beleza das �rvores.
Olhe-as r�pido, antes que as cortem, queimem ou as transformem em caix�es, que ali�s, est�o em falta e muito caros nos dias de hoje.
* A coluna de hoje contou mais uma vez com a cuidadosa e carinhosa revis�o da minha amiga Jaqueline Germano de Oliveira, Bi�loga e virologista da Instituto Ren� Racchou- FIOCRUZ e da Joana, minha mulher e companheira de sempre.