N�o resta d�vida que as vacinas tiveram enorme impacto na pandemia e que a prioridade � vacinar o maior n�mero poss�vel de pessoas ao redor do mundo, pelo menos com o esquema b�sico de duas doses. � fato que a prote��o contra a infec��o por SARS-CoV2 reduz muito em poucos meses ap�s a vacina��o, especialmente no cen�rio da variante �micron. Entretanto, a prote��o contra formas graves se mant�m, incluindo essa variante e suas sublinhagens. Os objetivos da vacina��o s�o: reduzir casos graves e �bitos; reduzir impacto na assist�ncia � sa�de; minimizar impactos na economia. O intervalo entre as doses de refor�o deve ser de, no m�nimo, quatro meses, pois, se usada mais precocemente, os efeitos positivos podem diminuir.
Voltando � pergunta do t�tulo: quarta dose (ou segundo refor�o) para toda popula��o? Do ponto de vista sa�de p�blica, a ampla vacina��o com o segundo refor�o pode desviar os recursos para quem mais precisaria: pessoas acima de 50 anos ou com alguma condi��o de sa�de preexistente e os trabalhadores da sa�de. Essas doses de refor�o reduzem as formas graves da doen�a nessa popula��o mais vulnerabilizada. Entretanto, para pessoas mais jovens os benef�cios s�o menos significativos, uma vez que esse segmento da popula��o (menores de 50 anos e sem condi��es de sa�de pr�via) � capaz de controlar uma eventual infec��o de forma mais eficiente.
V�rios estudos cient�ficos evidenciam a efetividade/efic�cia da quarta dose, tanto para reduzir infec��es sintom�ticas quanto para diminuir o risco de casos graves. Estudos mostram ainda que a quarta dose reduziu a chance de doen�a grave em 89% na popula��o geral e em 50% entre os trabalhadores de sa�de, mesmo em situa��es em que a �micron era predominante, al�m de manter �timo desempenho contra formas graves.
Infelizmente, como � poss�vel identificar nos dados desse boletim, Belo Horizonte ainda apresenta 19 �bitos/milh�o de habitantes e, no Brasil, em torno de 200 pessoas morrem por dia de COVID-19. Essa taxa de mortalidade � inaceit�vel para uma condi��o imunoprevin�vel e dispon�vel no SUS. � necess�rio e urgente que as autoridades sanit�rias estabele�am campanhas mais assertivas para alcan�ar a adequada cobertura vacinal notadamente para a popula��o mais vulner�vel.
Em 23 de agosto, o Brasil registrou um acumulado de 683 mil �bitos e 34,3 milh�es de casos confirmados de COVID-19 desde o registro do primeiro caso no pa�s, em 26 de fevereiro de 2020, h� exatos dois anos e seis meses. Na �ltima semana, foram registrados 113.928 casos novos e 1.102 �bitos novos, segundo o painel Coronav�rus Brasil do Minist�rio da Sa�de (www.covid.saude.gov.br). A t�tulo de compara��o, no mesmo per�odo de 2022, foram registrados 585 �bitos por dengue, ou seja, menos da metade do n�mero de �bitos de uma �nica semana por COVID-19 e em um momento em que a sociedade enfrenta com naturalidade e sem mais preocupa��es a pandemia.
Ainda n�o se sabe como ser� a trajet�ria da COVID, se ir� se tornar uma endemia e quando isso poder� ocorrer. Por isso, vale repetir que h� ferramentas potentes, seguras e eficazes j� estabelecidas para enfrentar esse v�rus. Essas devem ser utilizadas continuamente: higieniza��o de m�os, amplia��o da testagem, melhorias da ventila��o em espa�os fechados, uso de m�scaras nos espa�os fechados e com aglomera��o e, claro, ampliar a cobertura vacinal.
Refer�ncias
1 - Amir O et al. Protection against omicron severe disease 0-7 months after BNT162b2 booster. medRxiv. 2022:2022.05.04.22274647. doi: 10.1101/2022.05.04.22274647.
2 - Cohen MJ et al. Association of Receiving a Fourth Dose of the BNT162b Vaccine With SARS-CoV-2 Infection Among Health Care Workers in Israel. JAMA Network Open. 2022;5:e2224657-e. doi:10.1001/jamanetworkopen.2022.24657.