Essa � a pergunta que me fazem quase todos os dias. Para respond�-la, temos que analisar o problema por v�rios �ngulos.
O FDA, �rg�o equivalente � Anvisa nos Estados Unidos, acaba de dar o aval para uma nova vacina contra a COVID-19. A vacina foi liberada para todos os maiores de 6 meses de idade. Essa nova vacina ser� monovalente contra a variante �micron (XBB.1.5), substituindo a atual bivalente (duas variantes da �micron e a cepa original).
Na �ltima quarta-feira, o Centro de Controle e Preven��o de Doen�as dos Estados Unidos (CDC) formulou o novo calend�rio vacinal contra a COVID-19. Ser� o primeiro calend�rio vacinal ap�s o t�rmino da emerg�ncia sanit�ria.
Trata-se, portanto, do in�cio do calend�rio vacinal contra a COVID j� em car�ter end�mico.
Em termos pr�ticos, n�o precisaremos mais contar o n�mero de doses que tomamos nos anos anteriores. As vacinas ser�o atualizadas de acordo com a circula��o de novas variantes e anualmente o calend�rio ser� ajustado.
- Indiv�duos com mais de 5 anos, independentemente do n�mero de doses recebidas anteriormente, est�o aptos a receber uma dose da vacina atualizada.
- Crian�as entre 6 meses e 4 anos, que j� est�o vacinadas com tr�s doses, est�o aptas a fazer a vacina atualizada. O intervalo precisa ser de no m�nimo oito semanas da �ltima dose.
- Crian�as entre 6 meses e 4 anos, que ainda est�o com o esquema incompleto (menos de tr�s doses), podem completar o esquema vacinal com a vacina atualizada.
- Crian�as entre 6 meses e 4 anos, que n�o foram ainda vacinadas, podem iniciar e terminar o esquema de tr�s doses com a vacina atualizada.
Diferentemente do momento que vivemos h� tr�s anos, hoje temos preven��o n�o medicamentosa (m�scaras), vacinas atualizadas e tratamento eficaz para as formas iniciais e graves da doen�a.
Gra�as � ci�ncia temos uma linha de cuidados contra uma doen�a que matou em 36 meses mais de 6 milh�es de pessoas no mundo e mais de 700.000 no Brasil, tendo paralisado o planeta e nossas vidas.
Mas a pergunta que n�o quer calar: estamos livres desse v�rus?! A resposta �: infelizmente n�o!
N�o estamos livres nem desse e nem de novos v�rus com potencial de causar pandemias semelhantes. S�o v�rios os fatores que nos tornam vulner�veis a novas trag�dias. A explora��o desordenada de matas e recursos naturais, a desigualdade social e as p�ssimas condi��es sanit�rias est�o entre as causas comuns a v�rios pa�ses.
Entretanto, um fator � especialmente preocupante: o negacionismo.
O grupo que se nega a acreditar que o homem pisou na Lua vem se mantendo em tamanho est�vel nos �ltimos tr�s anos, apenas com oscila��o dentro da margem de erro. Os negacionistas somavam 22% dos brasileiros em 2021, depois passaram para 20% e se mantiveram no mesmo patamar este ano.
J� a cren�a de que o coronav�rus foi criado pelo governo chin�s � tida como verdadeira para cerca da metade da popula��o (49%), mesmo percentual do ano passado, apesar da massiva campanha de conscientiza��o promovida por especialistas, organiza��es internacionais e governos.
Na mesma toada, um quinto dos brasileiros acredita que vacinas fazem mal �s crian�as. A rejei��o � imuniza��o infantil � maior entre aqueles que gostam do ex-presidente Jair Bolsonaro (26%) e menor entre os que gostam pouco (17%). Ou seja, o negacionismo e a ignor�ncia s�o um grave problema e comprometem a seguran�a sanit�ria coletiva e nos torna vulner�veis a novas epidemias.
Infelizmente, a pandemia n�o acabou e o v�rus � o menor dos problemas que temos pela frente.