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Estado de Minas SA�DE em evid�ncia

Calor pand�mico

Qual o impacto do calor extremo enquanto problema de sa�de p�blica e na vida de cada um de n�s?


21/11/2023 04:00 - atualizado 20/11/2023 20:55
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Nos �ltimos dias, a ficha deve ter come�ado a cair at� para os mais c�ticos negacionistas clim�ticos. Recordes de temperatura foram registrados em v�rias regi�es do pa�s, seguidos de temporais e mortes.

Na sexta-feira passada, a universit�ria Ana Clara Benevides Machado, de 23 anos, morreu ap�s “passar mal” durante um show no Rio de Janeiro, onde a temperatura estava acima dos 42 graus. Soma-se � temperatura esturricante, a grama sint�tica, a aglomera��o de pessoas, equipamentos eletr�nicos e placas de metal. Uma verdadeira frigideira.

Mas, qual o impacto do calor extremo enquanto problema de sa�de p�blica e na vida de cada um de n�s? A resposta para essa pergunta foi dada pelo Dr. Luiz Oswaldo Carneiro Rodrigues, M�dico, professor aposentado da UFMG e cartunista (LOR), num texto brilhante que me foi encaminhado  pelo pr�prio autor para coment�rios.

Convido-os a conhecer o texto na �ntegra na vers�o on-line dessa mesma coluna. Divulguem-no para todos que voc� ama e cuida, at� mesmo para amigos m�dicos, sobretudo para aqueles que trabalham em pronto-atendimento.

Com a genialidade e sensibilidade que lhe � peculiar, Lor ilustrou o pr�prio texto com uma charge espetacular e repleta de simbolismo. O texto, intitulado “Vamos proteger as pessoas mais vulner�veis na crise clim�tica?”, come�a com o relato de uma investiga��o realizada por ele e duas alunas de p�s-gradua��o da UFMG de uma s�rie de �bitos ocorridos durante uma onda de calor no in�cio de 1998, quando o Brasil passava pelo fen�meno El Ni�o - menos intenso do que o atual. Doze beb�s e 54 adultos haviam morrido supostamente de “infec��o hospitalar”. Os rec�m-nascidos na maternidade Alexander Fleming e os demais no Hospital Estadual Carlos Chagas, ambos na zona norte do Rio de Janeiro.

Ap�s aferirem as condi��es t�rmicas ambientais nas instala��es hospitalares onde ocorreram as mortes, contatou-se que o ambiente era de alto risco para hipertermia e a maioria dos beb�s e dos adultos falecidos poderia ter morrido em consequ�ncia de choque hipert�rmico , uma condi��o na qual o organismo n�o consegue dissipar o calor e evolui para uma situa��o parecida com a septicemia.

Algumas semanas depois, os exames laboratoriais confirmaram que as mortes n�o haviam sido causadas por infec��o hospitalar. Equivocadamente, alguns ve�culos de imprensa atribu�ram as mortes � desidrata��o. Em pouco tempo, o assunto esfriou e as v�timas da onda de calor foram esquecidas, pois a crise clim�tica parecia distante e - para os negacionistas - era fic��o cient�fica.

O pesquisador e suas colaboradoras partiram para uma investiga��o de campo, a qual revelou as condi��es das v�timas. Os beb�s na maternidade Alexander Fleming (mantidos na incubadora quente, APESAR do calor no ambiente) e as pessoas que morreram no hospital p�blico eram, em sua maioria, mulheres, pobres, pardas ou pretas, idosas e idosos, moradoras e moradores em barracos prec�rios da periferia. Muitas das casas eram de telhado met�lico, sem ventila��o e extremamente quentes, o que explicava porque cerca de 60% das v�timas chegavam mortas ao pronto-atendimento.

Lor chama aten��o para o fato do aumento de �bitos durante ondas de calor ser relatado em diversas pesquisas cient�ficas, inclusive durante uma nova onda de calor no mesmo Rio de Janeiro, em 2010, pela climatologista Renata Libonati.

Ressalta ainda que, 25 anos depois, o capitalismo devastador n�o reduziu o desmatamento e nem a emiss�o de gases de efeito estufa, ent�o a crise clim�tica se tornou emerg�ncia em sa�de p�blica mundial e a popula��o brasileira pode estar entre as mais vulner�veis do planeta.

N�o deixem de visitar essa mesma vers�o da coluna on-line do EM e ver os detalhes do diagn�stico e tratamento dessa importante entidade nosol�gica, a qual j� � uma nova pandemia de consequ�ncias devastadoras para a humanidade.

Obrigado Lor, pelo brilhante e oportuno texto.

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