
Viralizou nos �ltimos dias um v�deo gravado em um jantar promovido pelo ex-presidente Michel Temer no apartamento de Naji Nahas, famoso especulador financeiro, no qual os comensais, todos homens, riem de uma imita��o do Bolsonaro, feita por um dos convidados. Sentados � mesa estavam, al�m de Temer e Nahas, Paulo Marinho, empres�rio e suplemente do senador Fl�vio Bolsonaro, Andr� Marinho, humorista do programa P�nico da Jovem Pan (e filho de Paulo Marinho), Gilberto Kassab, presidente do PSD, Jhonny Saad, presidente do grupo bandeirantes, Roberto D’�vila, jornalista da GloboNews, Ant�nio Carlos Pereira, ex editorialista do Estad�o, Raul Cultait, do S�rio LibAn�s, entre outros.
O reaparecimento repentino de Temer no cen�rio pol�tico est� diretamente relacionado a fiasco da mais recente tentativa de golpe orquestrada por Bolsonaro no �ltimo 7 de setembro. Ap�s as declara��es de teor autorit�rio e antidemocr�tico proferidas pelo presidente em manifesta��es ocorridas em Bras�lia e S�o Paulo v�rios partidos e grupos que, at� ent�o, apoiavam o governo ou mostravam-se neutros vieram a p�blico para se opor ao discurso antidemocr�tico de Bolsonaro e defender o impeachment.
'Bolsonaro � motivo de chacota para a burguesia brasileira e para os representantes das oligarquias pol�ticas que comandam o Brasil h� tempos'
Temer foi chamado, segundo ele afirmou em algumas entrevistas, pelo pr�prio Bolsonaro para intermediar uma conversa do presidente com o Supremo. Durante a reuni�o foram fechados os detalhes da carta que Bolsonaro divulgou recuando das amea�as que fez ao STF durante os atos de 7 de setembro.
Dado que a carta foi escrita por Temer, causa certo espanto que ele e esses convidados apare�am gargalhando, sem qualquer cerim�nia, da cara do Bolsonaro. Entretanto, uma an�lise mais atenta das circunst�ncias que levaram ao jantar nos leva a entender o �bvio: Bolsonaro � motivo de chacota para a burguesia brasileira e para os representantes das oligarquias pol�ticas que comandam o Brasil h� tempos.
Diante de tal diagn�stico, podemos concluir duas coisas. Primeiro que o governo Bolsonaro exerce, segundo a l�gica dos donos do poder, uma fun��o muito importante. Ainda que seja ris�vel para a pr�pria burguesia que financiou e apoiou sua campanha e segue aliada do governo.
Bolsonaro est� na presid�ncia para dar prosseguimento a um conjunto de medidas impopulares, como a reforma administrativa, o sucateamento da sa�de, a privatiza��o dos Correios, que, num governo s�rio e cioso dos efeitos delet�rios que algumas dessas medidas possam causar na popula��o, dificilmente seriam aprovadas a toque de caixa e sem uma ampla discuss�o com a sociedade.
De certa forma, Temer e seus comensais riem simultaneamente do Bolsonaro e de n�s, parcela da popula��o brasileira que v� seu poder de compra diluir, que sofre com o desemprego, que perdeu entes queridos e amigos para a COVID e assiste incr�dula e impotente a atua��o de um dos piores governos que o Brasil j� teve para destruir a economia, levar a popula��o � mis�ria e destruir os recursos naturais do pa�s. Enquanto isso, membros da elite econ�mica e pol�tica celebram, em suas salas de jantar barrocas, com lou�arias e pratarias lustrosas, a vit�ria de seu projeto de derrocada do pa�s.
' carta apaziguadora escrita por Temer e divulgada por Bolsonaro deu sobrevida � ideia, por certo irrealista, de que, desta vez, o presidente havia se moderado e n�o tramaria mais contra a democracia ou acenaria com tentativas de ruptura institucional'
Em segundo lugar, percebemos que a possibilidade de Bolsonaro sofrer um processo de impeachment foi enterrada de vez. Ap�s o 7 de setembro PSDB, PSD, Solidariedade e MDB cogitaram apoiar o impeachment do presidente. Por�m, a carta apaziguadora escrita por Temer e divulgada por Bolsonaro deu sobrevida � ideia, por certo irrealista, de que, desta vez, o presidente havia se moderado e n�o tramaria mais contra a democracia ou acenaria com tentativas de ruptura institucional.
A abertura do semin�rio “um novo rumo para o Brasil”, que aconteceu no dia 15 de setembro e contou com a participa��o de Jos� Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer trouxe ainda mais elementos para observamos o apoio ao impeachment ser sepultado. Os tr�s ex-presidentes vieram a p�blico reafirmar que a constitui��o brasileira prop�e um conjunto de instrumentos conciliadores entre os poderes e que a busca pelo di�logo deveria prevalecer. Ou seja, os donos do poder manter�o tudo como est�. Enquanto isso a popula��o vai arcando com as consequ�ncias de um governo corrupto, inepto e criminoso.
