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Estado de Minas

Vossas excel�ncias n�o gostam de voc�s


postado em 10/11/2019 04:00 / atualizado em 08/11/2019 15:56

A sess�o corria solta no STF. De repente, o advogado Renato Nunes disse que "o pedido de justi�a que estou fazendo aqui para voc�s, excel�ncias, nunca foi t�o eloquente”. Marco Aur�lio Mello empinou-se. “Para voc�s?”, perguntou. O advogado ficou confuso. O ministro explicou que se referia � forma de tratamento.

Recado
“A gram�tica precisa apanhar todos os dias para saber quem � que manda.”

Luis Fernando Verissimo

Do ba� real
Dizem que tudo come�ou no s�culo 12. Exatamente em 1143, quando Portugal se tornou reino independente. Afonso Henriques, o primeiro rei, deu in�cio � hist�ria. Sentia-se t�o poderoso que dizia “Deus sou eu”. Era proibido dirigir-se a ele. Quem ousasse perdia a cabe�a. Da�, bem antes da guilhotina, surgiu o verbo decapitar, que significa cortar a cabe�a. Que med�o!

Enrascada
Como fazer? Se no auge da paix�o a amada dissesse ao monarca “te amo”, a cabe�a dela rolava. Se o m�dico perguntasse ao soberano o que estava sentindo, n�o recebia resposta. A degola vinha antes. O que fazer? O Conselho de S�bios se reuniu. Nasceu a� o jeitinho brasileiro. A m�gica era esta: ningu�m falaria ao rei, mas � majestade do rei. Cham�-lo-iam de Vossa Majestade. As pessoas se dirigiam ao rei sem se dirigir a ele. O coroado ficou feliz. Os bajuladores, que existiam desde ent�o, come�aram a inventar pronomes. Dirigiam-se � excel�ncia do rei, � magnific�ncia do rei, � senhoria do rei. E por a� vai. Os nobres, invejosos, reivindicaram privil�gios semelhantes. O clero tamb�m. Generoso, o rei se satisfez com a majestade. Os outros que se entendessem com a partilha dos demais.

Partilha
Oba! Pr�ncipes ficaram com alteza. Reitores, com magnific�ncia. Cardeais, com emin�ncia. Sacerdotes em geral, com reverend�ssima. Altas autoridades do Estado, com excel�ncia. Funcion�rios p�blicos, com senhoria. E o papa? O pont�fice contentou-se com santidade.

Concord�ncia
“Vossa Majestade � divino. Sou sua devota”, dizia a futura rainha. Reparou? A namorada sabida fazia a concord�ncia como manda a gram�tica. Ela se dirigia � majestade do amado. Por isso o verbo (�) e o pronome (sua) est�o na 3ª pessoa. Vossa Excel�ncia, Vossa Senhoria & cia. exibida jogam no mesmo time.

Pessoa
Vossa Excel�ncia ou Sua excel�ncia? Depende. Vossa Excel�ncia � o ser com quem se fala. Sua Excel�ncia, de quem se fala: Cumprimento Vossa Excel�ncia pelo belo gesto. O advogado dirigiu-se � Sua Excel�ncia com o respeito habitual.

Jeitinho
E o adjetivo? N�o deveria concordar com majestade, substantivo feminino? Sim. Mas quem ousaria chamar o rei, t�o mach�o, de divina? Deu-se outro jeito. Criou-se a silepse, figura que permite seja feita a concord�ncia com a ideia, n�o com a palavra. O adjetivo concorda com o sexo da pessoa, n�o com o substantivo: Sua Majestade, a rainha Elizabeth, � amada pelo povo. Sua Majestade, o rei Gustavo, tamb�m � amado.

Bolsonaro
� excel�ncia pra c�. Magnific�ncia pra l�. Emin�ncia pracol�. Eta coisa velha! O mofo centen�rio incomodou o presidente. Sua Excel�ncia usou a caneta Bic e p�s fim aos salamaleques. Acabou com o tratamento cerimonioso a autoridades. Excel�ncias & cias. entram na vala comum. Viram senhor e senhora. Como diz a Constitui��o, todos s�o iguais perante a lei. Mas a iniciativa s� vale para o Executivo. Legislativo e Judici�rio n�o est�o nem a�. O tempo passou na janela, s� Carolina n�o viu.

Leitor pergunta
Li esta frase no jornal: “A extrema direita saiu detr�s do muro". Fiquei na d�vida. De tr�s ou detr�s?
 Jo�o Maria Madeira Basto, Bras�lia

Os dicion�rios tanto brasileiros quanto portugueses registram detr�s e atr�s sempre coladinhos: Tempos atr�s, conheci imigrantes de diferentes nacionalidades. Correr atr�s do preju�zo? N�ooooooooo. Melhor correr do preju�zo. Detr�s de meu pr�dio, h� um shopping center. Primeiro veio a rainha, e, detr�s, o rei. As demais preposi��es v�m separadas — uma l� e outra c�. Assim: Correu muito, mas ficou para tr�s. Saiu por tr�s do muro sem ser percebido.

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