O envolvimento de primeira-dama no desvio do dinheiro p�blico

Den�ncias de corrup��o pululam Brasil afora. Malfeitos passados e presentes v�m � tona. No lama�al sem fim, um fato chama a aten��o – o envolvimento da primeira-dama no desvio do dinheiro p�blico. O Rio � campe�o com duas protagonistas. Amazonas e Piau� com uma. Elas viraram not�cia. Vale, pois uma diquinha. O plural de primeira-dama � primeiras-damas.

A den�ncia mais recente atinge a mulher do governador do Piau�. Ao falar no assunto, apresentador da CNN disse que Wellingthon Dias “foi ex-senador da Rep�blica”. Ops! Bobeou. Wellingthon Dias foi senador da Rep�blica. Melhor: O governador do Piau�, Wellingthon Dias, foi senador da Rep�blica.

Sabia? Piauiense e tuiui� s�o as palavras que re�nem o maior n�mero de vogais em sequ�ncia da l�ngua portuguesa. As de piauiense s�o as mais variadas.

A pandemia fez estragos. Um deles: destruiu milh�es de empregos. O desafio agora � criar postos de trabalho pa�s afora. O governador do Maranh�o teve uma ideia que virou not�cia. A imprensa divulgou: “Fl�vio Dino pede que Bolsonaro lidere pacto pelo emprego”. Ser� atendido? Se depender do emprego do verbo, a resposta � sim. A chave est� no pedir que e pedir para. As duas constru��es parecem irm�zinhas. Mas n�o s�o. Quil�metros de dist�ncia as separam.

Pedir para esconde a palavra licen�a: O filho pediu ao pai (licen�a) para pegar o carro. O aluno pediu (licen�a) para sair mais cedo.

Pedir que � solicita��o, n�o licen�a: Fl�vio Dino pede que Bolsonaro lidere pacto pelo emprego. O chefe pede aos empregados que aguentem o arrocho salarial. O pai pediu ao filho que ficasse em casa.

“A l�ngua fala por si. A import�ncia de tratar da l�ngua seja atrav�s dos museus, dos programas, dos acordos ortogr�ficos, seja atrav�s dos processos de liberaliza��o das falas novas, a l�ngua � importante. A l�ngua � nossa m�e.” (Gilberto Gil)

“Bolsonaro adora um bate-boca”, disse Alexandre Garcia. Verdade? Fantasia? Seja l� o que for, manda a prud�ncia ter o plural da duplinha na ponta da l�ngua. Bate-boca joga no time de guarda-chuva, porta-retrato, arranha-c�u e beija-flor. As palavras s�o formadas de verbo + substantivo. Nesse time, s� o �ltimo elemento se flexiona: bate-bocas, guarda-chuvas, porta-retratos, arranha-c�us, beija-flores.

De onde vem o nome do sandu�che adorado pelos americanos? Vem da Alemanha. Marinheiros de Hamburgo aproveitaram velha receita de povos n�mades da �sia e Europa oriental. Eles comiam carne crua cortada bemmmmmmmmm fininha. Os hamburgueses avan�aram um passo – cozinharam a iguaria.

Imigrantes que partiam do porto de Hamburgo levaram a del�cia para a terra do Tio Sam. Os americanos gostaram da novidade. Mas, ao ver o bolinho desamparado no prato, deram outro passo. Casaram-no com o p�o. Viva! Ficou t�o bom que eles n�o comem s� um. Da� o plural hamb�rgueres.

H� diferen�a entre diretor de secretaria e diretor da secretaria?

H�. O xis da quest�o est� no artigo (da = de a). O artigo definido d� precis�o ao objeto. Se digo “traga os livros”, n�o me refiro a quaisquer livros. Mas a livros espec�ficos. Se, ao contr�rio, digo “traga livros”, me refiro a quaisquer obras. Diretor de secretaria � diretor de qualquer secretaria. Diretor da secretaria � de determinada secretaria: Ele ser� nomeado diretor de secretaria. Ele ser� nomeado diretor da Secretaria de Assuntos Econ�micos.

"Saudades, s� portugueses conseguem senti-las bem porque t�m essa palavra para dizer que as t�m."

Fernando Pessoa