Os Estados Unidos foram �s urnas. Por que o verbo no plural?

Os Estados Unidos foram �s urnas. A disputa entre Biden e Trump incendeia a pol�tica. Pela primeira vez, um candidato p�s em xeque o sistema eleitoral americano. Se perder, o presidente amea�a recorrer � Suprema Corte. E da�?

Enquanto a resposta n�o vem, vale a quest�o: por que a pot�ncia do planeta exige o verbo no plural?. Porque, nos nomes pr�prios escritos no plural, o artigo faz a diferen�a. Olho nele. O verbo concorda com o monoss�labo. Sem o pequenino, o plural mete o rabinho entre as pernas.

Veja: Os Estados Unidos disputam a lideran�a mundial com a China. O Palmeiras joga no Campeonato Paulista. Minas Gerais teve a primeira capital pr�-tra�ada do Brasil.

�s vezes, aparece s� a abreviatura: EUA. As tr�s letrinhas, sobretudo em t�tulos de jornal, v�m sem artigo. N�o se deixe enganar. Lembre-se: as apar�ncias enganam. O artigo conta como se estivesse escrito: EUA elegeram Trump h� quatro anos. E agora, escolher�o Biden?

Tio Sam personifica os Estados Unidos. De barbicha e bigode, trajada de casaca e cal�as listradas como a bandeira americana, a criatura nasceu l� por 1812. Dizem que a imagem � reprodu��o de uma figura de carne e osso. De quem?

� a� que a porca torce o rabo. Certeza n�o h�. Uns dizem que � Samuel Wilson, poderoso inspetor federal que tirava o sono dos fornecedores de carne para o Ex�rcito. Outros falam em Jack Downing, amigo do presidente Andrew Jackson. O �ltimo citado � o deputado David Crockett, pioneiro do Oeste, que morreu na Batalha de �lamo, em 1836.

 

Volta e meia aparece em jornais a palavra re-elei��o. Assim, com h�fen. Nada feito. O prefixo re-, que indica repeti��o, tem alergia ao h�fen. Com ele � tudo colado: reelei��o, reeditar, recria��o, reler, reumanizar.

Foi dada a partida. A sorte est� lan�ada. Candidatos suaram a camisa e gastaram sola de sapato com um �nico objetivo. Eleger-se. Pra chegar l�, precisam conquistar o eleitor e, com ele, o voto.

O objeto de desejo t�o cobi�ado tem duas acep��es e duas origens. A primeira veio do latim votum. Quer dizer promessa, desejo. O padre faz voto de castidade. Os noivos, voto de amor eterno. Os padrinhos, voto de batismo. Os amigos, votos de feliz Natal.

A segunda tem sentido pol�tico. Nasceu do ingl�s vote. Significa sufr�gio, vota��o. � a maneira de expressar a vontade ou opini�o num ato eleitoral ou numa assembleia: Muitos criticam o voto obrigat�rio. Preferem o facultativo. O s�ndico ganhou por um voto. O voto � a arma do eleitor.

Em �poca de elei��o no norte e no sul, fala-se em ir �s urnas. Pintou, ent�o, a curiosidade sobre a origem da palavra. Pode explicar?

A palavra � t�o familiar que, quando usada, dispensa explica��es. Sabemos que � o recipiente onde se depositam (ou a m�quina onde se digitam) os votos de uma elei��o: O americano foi �s urnas ontem. Os governantes t�m de ouvir a voz das urnas. Esperamos o resultado das urnas.

Nem sempre o voc�bulo teve esse significado. Quando nasceu, no latim, urna dava nome a um grande jarro de cer�mica usado para transportar �gua ou para guardar as cinzas dos mortos cremados. No s�culo 16, o termo passou a designar, no portugu�s, o recipiente onde se colocam as pedras para os sorteios ou os votos de uma elei��o. O sentido inicial bateu asas e voou. Ficou nos dicion�rios.