A virada do calend�rio merece mais que fogos! Faz jus � grafia nota 10

Jano � pra l� de poderoso. Ele tem duas caras. Uma olha pra tr�s. V� o passado. A outra olha pra frente. Enxerga o futuro. Quando termina o ano, com uma cara, o senhor do calend�rio mira dezembro. Despede-se. E fecha a porta do ano velho. Com a outra, observa o ano que chega. Abre a porta e deixa-o entrar. Viva! Que traga sorte.

A cada 12 meses, a hist�ria se repete. Um ano acaba e come�a outro. N�s n�o deixamos por menos. Mandamos cart�es, e-mails ou torpedos. Alguns preferem votos coletivos. Recorrem ao Twitter ou ao Facebook. Uns e outros t�m um denominador comum. Na acep��o de r�veillon, precisam escrever ano-novo assim – com h�fen e letras min�sculas.

A virada do calend�rio merece mais que ceia, champanhe e roupa nova. Faz jus � grafia nota 10. A francesinha r�veillon mant�m a forma original. Escreve-se com acento, dois ll e... letra inicial pequenina. Por qu�? Apesar da pompa, � substantivo comum.

Tim-tim, tim-tim, tim-tim. O borbulhante preferido por 10 entre 10 brasileiros recebe o nome da regi�o onde � produzido. Sofisticada, a bebida gosta de tratamento VIP. Uma das bajula��es que mais aprecia � o tratamento masculino. Sabe por qu�? Ela � vinho sim, senhores – o (vinho) champanhe: Vamos tomar um champanhe geladinho?

Olho vivo, marinheiro de poucas viagens. Eles s�o 12. Repetem-se ano ap�s ano. Uns t�m 30 dias. Outros, 31. S� um se conforma com 28. De quatro em quatro anos, ganha um de presente. Fica com 29. Apesar das diferen�as de tamanho, os meses t�m um denominador comum. Escrevem-se com a letra inicial mixuruuuuuuuuuuuuuca: janeiro, fevereiro, mar�o, abril, maio.

As palavras s�o vira-casacas. Mudam de classe como mudamos de camiseta. Vale o exemplo do substantivo. Nome pr�prio vira comum sem cerim�nia. � o caso de Jo�o, Maria, Par�, Brasil. Eles perdem o pedigree em jo�o-de-barro, banho-maria, castanha-do-par�, pau-brasil. Nome comum tamb�m vira pr�prio. O m�s, em datas comemorativas, ganha nobreza. Grafa-se com a inicial grandoooooooooona: o 7 de Setembro, o 1º de Maio.

Ops! Ao escrever os n�meros, usamos ponto a cada tr�s algarismos – 1.426, 12.122, 3.342.600. Mas, ao indicar o ano, a hist�ria muda de enredo. Vem tudo coladinho. Assim: Ele nasceu em 1946. Trabalha em S�o Paulo desde 2000. Em 2014, o Brasil foi sede da Copa do Mundo. Que 2022 marque o fim da pandemia.  

Existe zero ano?

Zero ano? N�o existe. O beb� precisa viver 12 meses pra chegar ao primeiro anivers�rio. Comerciantes e �rg�os p�blicos se esquecem do calend�rio. Num dia e noutro tamb�m, leem-se frases como estas: Roupas para crian�as de 0 a 2 anos. Crian�as de 0 a 6 anos devem ser vacinadas. Vivi com eles do 0 aos 12 anos. Valha-nos, Deus! Querem obrigar a meninada a correr na frente do tempo. N�o d�. Melhor respeitar a ordem: Roupas para crian�as de at� 2 anos. Crian�as de at� 6 anos devem ser vacinadas. Vivi com eles do nascimento at� completar 12 anos.