Pleonasmo infectou telejornais que noticiaram a volta das crian�as � escola

 

A meninada est� assanhada. Finalmente vai voltar �s aulas presenciais. Mas algumas prefeituras decidiram adiar o retorno. � o caso de Belo Horizonte. Ao anunciar o fato, rep�rteres falaram em “adiar para depois”. Baita pleonasmo. S� se adia para depois. Melhor dizer a data: adiar para 15 de fevereiro.

“Enquanto n�o conseguirmos vacinar as 20 milh�es de crian�as, como agir?”, pergunta o apresentador do telejornal. Bobeia. Milh�o � masculino e n�o abre. N�o se diz uma milh�o. N�o se diz tamb�m as 20 milh�es, mas os 20 milh�es de crian�as.

 

Maria Cristina Mancuso Rocha escreve: “Mulher diz obrigada; homem, obrigado. Filmes, v�deos e conversa do dia a dia n�o respeitam o g�nero”. Na d�vida, substitua obrigado por agradecido. Ela diz agradecida; ele, agradecido.

A variante �micron vem batendo recordes de infec��es. Ao falar no assunto, lembre-se: recorde se pronuncia como concorde. A s�laba t�nica � cor: re-cor-de, con-cor-de.

Ora! Ora! Carro voador foi aprovado em testes na Eslov�quia. J� pode voar. Antes, conv�m lembrar-se de que o hiato o/o � livre e solto. N�o pede acento: voo, coroo, aben�oo, perdoo.

Clima de tens�o na Ucr�nia. Armamentos chegam do lado europeu e do lado russo. A turma do chega disso se movimenta para evitar uma guerra. Fran�a e Alemanha fazem a intermedia��o das conversa��es sobre o conflito. Conjugam o verbo intermediar.

Pra acertar a conjuga��o, lembram-se da gangue do MARIO. Alguns a chamam de Gangue dos Cinco. Explica-se. A patota � composta de cinco verbos. Juntando-se a inicial de cada um, forma-se o nome MARIO: mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar. Todos obedecem ao chefe. Odiar manda. Os outros v�o atr�s.

Conjugam-se do mesmo jeitinho: eu odeio (medeio, anseio, remedeio, incendeio), tu odeias (medeias, anseias, remedeias, incendeias), ele odeia (medeia, anseia, remedeia, incendeia), n�s odiamos (mediamos, ansiamos, remediamos, incendiamos), v�s odiais (mediais, ansiais, remediais, incendiais), eles odeiam (medeiam, anseiam, remedeiam, incendeiam); eu odiei (mediei, ansiei, remediei, incendiei); que eu odeie (medeie, anseie, remedeie, incendeie). E por a� vai.

Na d�vida, conjugue o odiar, mais comum. Os outros, vaquinhas de pres�pio, o seguem – sem tossir nem mugir.

“Mato Grosso do Sul quer saber de quantas doses de vacina precisa para imunizar todo p�blico infantil”, diz o �ncora da CNN. Trope�ou no pronome indefinido.

O pronome todo aparece a torto e a direito. Mas o artigo e o plural fazem a diferen�a. Como acertar sempre? � f�cil. Preste aten��o nos exemplos:

Todo = qualquer, inteiro: Todo (qualquer) pa�s tem uma capital. Todo (qualquer) homem � mortal.

Todo o = inteiro: Li todo o livro. Assisti a todo o filme. Conhe�o todo o mundo. Mato Grosso do Sul quer imunizar todo o p�blico infantil.

Todos os = todas as pessoas ou representantes de determinada categoria, grupo ou esp�cie: Todos os governadores compareceram � reuni�o. Todos os que quiseram participaram do sorteio retiraram a senha. Dirigiu-se a todos os presentes.

Quando me refiro a um percentual, a concord�ncia � singular ou plural? Por exemplo: 90% s�o a favor da vacina ou 90% � a favor da vacina?

O verbo pode concordar com o numeral ou o complemento do numeral: 90% da popula��o � a favor da vacina (concorda com popula��o). 90% da popula��o s�o a favor da vacina (concorda com 90%). No seu exemplo, n�o h� complemento. S� o numeral aparece. A concord�ncia � com ele: 90% s�o a favor da vacina.