Presidente candidato?
Jair Bolsonaro � presidente candidato ou candidato presidente? Parece jogo de palavras. Mas n�o �. Quest�o semelhante quebrou a cabe�a dos brasileiros no s�culo 19. Em “Mem�rias p�stumas de Br�s Cubas”, Machado de Assis escreveu: “N�o sou um autor defunto, mas um defunto autor”.
Ao afirmar “n�o sou um autor defunto”, Machado se disse diferente dos demais escritores. Cam�es, Jos� de Alencar, Clarice Lispector, N�lson Rodrigues escreveram em vida. Morreram depois de publicar os livros. S�o autores defuntos. Br�s Cubas fez uma m�gica. Escreveu as mem�rias depois de morto. � defunto que virou autor. E Bolsonaro? � presidente candidato. Em outras palavras: presidente que se tornou candidato.
Candidato
Sabia? Se depender da etimologia, candidato andaria de m�os dadas com os anjos. A latina quer dizer vestido de branco. Por qu�? Na Roma dos C�sares, o postulante a cargo eletivo punha roupa branca. Com a cor, que simboliza a pureza, o sabido vinculava a pr�pria figura � ideia de inoc�ncia, lusura. Que tal?
Plural de mod�stia
A campanha eleitoral est� no ar. Com ela, volta ao cartaz um pluralzinho pra l� de especial. Uns o chamam de plural de mod�stia; outros, de plural majest�tico. No fundo, no fundo, ele n�o passa de um enganador. � singular. Mas faz de conta que n�o est� nem a� pro n�mero a que se refere.
Truque
� o caso daquele pol�tico que, em com�cio na cidadezinha do interior, disse:
– N�s queremos ser bondoso e competente.
Rea��o
O povo se entreolhou. Pensou que o candidato tinha faltado �s aulas de concord�ncia. Talvez tenha. Mas, ali, o homem usou o plural de mod�stia. Reparou? O verbo concorda com um sujeito de fachada (n�s), mas o adjetivo, que n�o � bobo, concorda com o sujeito verdadeiro – eu. Parece erro de concord�ncia, n�o? Em l�ngua de gente sem disfarce, dir�amos:
– Eu quero ser bondoso e competente (refer�ncia a uma pessoa).
– N�s queremos ser bondosos e competentes (refer�ncia a mais de uma pessoa).
Mais exemplos
Imagine estas frases na boca de Jair Bolsonaro. Elas servem como luva para o plural majest�tico:
N�s somos presidente dos brasileiros. (Eu sou o presidente dos brasileiros.)
N�s somos moderno e amigo do povo. (Eu sou moderno e amigo do povo.)
Moral da hist�ria
O pseudomodesto � pai dos tucanos. Fica no muro – meio c�, meio l�. O verbo vai para o plural. Os adjetivos e substantivo n�o.
Manter
“Se o t�cnico manter a equipe, o resultado ser� previs�vel.” Ops! Se manter? N�oooooooooo! O futuro do subjuntivo sofre. E n�o � de hoje. A raz�o do mart�rio se chama semelhan�a. Em muitos verbos, o futuro tem a cara do infinitivo (se eu cantar, se eu vender, se eu partir). Mas, em alguns casos, a hist�ria muda de enredo. � bom, por isso, saber a forma��o de tempo t�o sofisticado. Ele nasce do pret�rito perfeito do indicativo. Mais precisamente: da 3ª pessoa do plural menos o -am final. Assim:
Pret�rito perfeito: eu mantive, ele manteve, n�s mantivemos, eles mantiver(am)
Futuro do subjuntivo: se eu mantiver, ele mantiver, n�s mantivermos, eles mantiverem. Logo: Se o t�cnico mantiver a equipe, o resultado ser� previs�vel.
Leitor pergunta
Mikail Gorbachev morreu. O falecimento do l�der sovi�tico repercutiu no mundo todo. Na biografia dele, aparece que foi ganhador do Pr�mio Nobel. Qual a pron�ncia correta de Nobel?
• Tatiana Maria, Recife
Nobel se pronuncia como Mabel e papel. Ox�tona, a s�laba t�nica � a �ltima.