
Um dos desafios de um problema longo � que, aos poucos, a acomoda��o e a adapta��o d�o a falsa impress�o de tranquilidade.
Os casos de COVID-19 nunca estiveram em situa��o de tranquilidade, tanto pela quantidade, como tamb�m pelos desafios de um pa�s continental, com cultura e diversos outros aspectos que dificultam o controle populacional.
A t�o aclamada liberdade individual � muito complicada de ser mantida diante do caos e dos problemas de sa�de p�blica, e que s�o arcados pelo poder p�blico, inclusive. Medidas de sa�de p�blica, como a disponibiliza��o das vacinas, s�o a��es coletivas que conferem prote��o individual e de grupo.
Os casos de COVID-19 de hoje s�o reflexos das a��es realizadas 15 dias atr�s. A rigor, n�o tem nada de errado. V�rios pesquisadores j� haviam alertado que o avan�o real seria na capacidade de tomar decis�es e mudar os rumos - esse desconfort�vel vai e vem pode parecer uma "lenga-lenga" de pesquisadores, m�dicos, pol�ticos e estudiosos, mas n�o �.
Precisamos medir, avaliar e tomar condutas de acordo com a situa��o que se apresenta em cada momento. Quem fornecer uma solu��o ou resposta pronta tenha certeza que n�o sabe sobre o que est� opinando.
O coronav�rus � um desafio cl�nico para os m�dicos, um desafio de estrat�gia para gestores e tamb�m um desafio para o cidad�o comum e todos aqueles que s�o a base da economia de todo lugar.
Diversos hospitais, nas mais variadas capitais brasileiras, est�o emitindo informes sobre a lota��o m�xima de leitos e, nesse momento, vivemos o risco do colapso do sistema de sa�de, seja o p�blico ou o privado. Uma coisa � a doen�a ser grave, outra coisa � n�o conseguirmos sequer atender as demandas que surgem. E, nesse ponto, vai muito al�m do grego - strateegia - ou do latim - strategi. As decis�es devem ser r�pidas e precisas. N�o � hora de brincadeiras.
Em especial um an�ncio do Instituto Butantan, que colocou esperan�a nos olhos de todos n�s. Vou esclarecer para voc�s de forma mais objetiva.
A princ�pio, os estudos visam responder perguntas razoavelmente simples, mas h� toda uma metodologia e forma para serem respondidas, para que a vacina seja validada cientificamente. O que queremos saber de uma vacina? A vacina � segura? A vacina � eficaz? Como responder essas perguntas neste momento?
A seguran�a � confirmada atrav�s da avalia��o dos sinais e sintomas que os volunt�rios apresentam. Isso � feito atrav�s do monitoramento intenso dos volunt�rios por uma equipe de sa�de treinada para isso.
A efic�cia � avaliada atrav�s da compara��o de dois grupos - um que recebeu a vacina e outro que recebeu o placebo. Todo esse estudo � cego. Nem os participantes sabem o que receberam e nem os avaliadores, a fim de reduzir os fatores que poderiam gerar conflitos de avalia��o no estudo.
Ent�o, o que ocorreu? Como o estudo � realizado e avaliado estatisticamente, os registros sinalizaram que h� um n�mero de casos, dentro do estudo, que poder� fornecer uma an�lise favor�vel. Para isso, � realizada uma an�lise interina, por uma equipe externa ao estudo, para conferir se todos os dados registrados t�m qualidade e est�o seguindo as normas internacionais.
Ap�s esta an�lise, teremos algumas possibilidades:
- N�o � poss�vel concluir ainda sobre a efic�cia da vacina (lembrando que � uma valida��o matem�tica - estat�stica)
- � poss�vel concluir que o grupo vacinado est� mais protegido que o grupo que recebeu o placebo, ponto favor�vel para avan�o da pesquisa
- O grupo vacinado apresenta desempenho pior que o que recebeu placebo. Nesse caso, o estudo precisa ser revisto e � suspensa a inclus�o de novos membros, apenas acompanhando os atuais.
Ent�o, se tudo caminhar bem e o resultado for positivo, abre-se o estudo, ser�o vacinados todos os volunt�rios e pode-se iniciar os processos de libera��o da vacina, a ser aprovada pela ANVISA e pelo mundo. S�o not�cias boas, mas todas essas a��es demoram um tempo para serem analisadas, e isso n�o ser� do dia para a noite.
Ent�o, qual � a not�cia, de fato? Os atuais estudos caminham bem e estamos avan�ando para conseguir uma vacina segura e eficaz, por�m os prazos ainda s�o indefinidos para conseguirmos ter as t�o sonhadas respostas. Use m�scara, lave as m�os e n�o brinque com a doen�a. E, se poss�vel, fique em casa.
Tem alguma d�vida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: [email protected]