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Estado de Minas Coluna

A educa��o e suas encruzilhadas em meio � pandemia

Neste momento hist�rico, confuso e cheio de desafios, urge recuperar o sentido, o rumo e a clareza para a educa��o e o seu ecossistema


24/05/2021 04:00 - atualizado 02/06/2021 16:01

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)


A todos nos tem acontecido em algum momento da vida: chegar a situa��es extremas e complexas, que requeriam de n�s decis�es dif�ceis e urgentes, pois elas iriam condicionar o futuro da nossa caminhada e a nossa felicidade. S�o as encruzilhadas da vida, que podem resultar em “encru-ciladas” ou oportunidades, dependendo do nosso discernimento e nossas decis�es.

No dicion�rio da l�ngua portuguesa, a palavra “encruzilhada” tem um sentido gramatical (lugar onde se cruzam ruas, estradas, caminhos), um sentido figurado (o ponto cr�tico em que uma decis�o deve ser tomada) e um sentido religioso (para a umbanda, o lugar onde s�o feitas oferendas para pedir prote��o, prosperidade e descarrego, dentre outras).

Encruzilhada �, pois, no sentido amplo, lugar de cruzamento de caminhos, lugar de conflito e decis�o, e lugar sagrado. A encruzilhada � chance para o crescimento ou para o “desencaminhamento”, de acordo com a nossa op��o. Cuidado com os “caminhos imp�rvios” (becos sem sa�da)!

Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido pelo pseud�nimo de Lewis Carroll (1832-1898), foi um romancista, poeta, contista e matem�tico ingl�s, autor do cl�ssico “Alice no Pa�s das Maravilhas”. H� um trecho no livro, sobejamente conhecido, no qual Alice, caminhando pela floresta, chega a um lugar onde diversos caminhos se cruzam. Ent�o, surge de uma �rvore, ir�nico e debochado, o Gato Cheshire que, misterioso, pergunta a Alice se pode ajud�-la.

E Alice indaga: “pode me dizer qual o caminho que devo tomar? – Isso depende muito do lugar para onde voc� quer ir, disse o Gato. – Eu n�o sei para onde ir, disse Alice. – Se voc� n�o sabe para onde ir, qualquer caminho serve”, ponderou o Gato. � �bvio afirmar, pois, que � grande a dificuldade de escolher o caminho a ser trilhado sem saber aonde ir, primeira decis�o a ser tomada. E a ela acrescento mais duas: como e com quem. Escolher o caminho, preparar as nuances do percurso e definir os companheiros de viagem, eis o roteiro.

A pandemia acirrou o debate sobre a educa��o, em geral, e sobre as escolas em particular. Permeado e alimentado por alguns mitos e paix�es, tradi��es e tend�ncias pol�ticas, o debate acabou saindo, muitas vezes, de �rbita. Opini�es desencontradas e pol�micas fora de foco terminam, frequentemente, desorientando tanto aos estudantes e suas fam�lias como aos profissionais da educa��o.

E �, nesse contexto, que se abrem para o mundo da educa��o diversos caminhos. Uma vez escolhido qual deles seguir, ele nos levar� a novas encruzilhadas, abrindo um leque de novas possibilidades e perguntas num movimento infind�vel.

Neste momento hist�rico, confuso e cheio de desafios, urge recuperar o sentido, o rumo e a clareza para a educa��o e o seu ecossistema. � como se estiv�ssemos andando numa esp�cie de carrossel, labirinto e tobog� ao mesmo tempo, com dificuldades para manter o equil�brio, a vis�o e a serenidade necess�rias.

Possivelmente, as disjuntivas hist�ricas que hoje se nos apresentam, nunca antes foram colocadas. O crucial � que, das decis�es que tomemos hoje, as institui��es educacionais poder�o se reafirmar na sua caminhada ou dar um novo sentido � mesma, seja com pequenas ou profundas corre��es de rumo.

O que est� em jogo � a beleza hist�rica da constru��o educacional da institui��o e o papel fundamental que ela tem tido e poder� ter no processo civilizat�rio da humanidade.

Aponto aqui alguns caminhos que, desde o meu ponto de vista, a educa��o dever� trilhar desde j�.

– Urge que a educa��o tome o caminho da mudan�a de mentalidade nas suas institui��es. O conflito n�o est� entre “presencial x virtual”. De nada adiantar� reproduzir o esquema do presencial e traslad�-lo ao mundo digital. Os problemas e as respostas poder�o mudar de cara, mas ser�o as mesmas. Mudan�as profundas exigem uma NOVA MENTALIDADE. Com ela, resultar� mais f�cil optar por “presencialidade”, virtualidade ou hibridismo, caso seja conveniente um ou outro aos estudantes e � institui��o.

– A educa��o deve optar por um caminho que a leve a acompanhar a jornada de cada estudante, de forma individual e coletiva. Medir o progresso de cada estudante e adaptar o saber �s suas necessidades �, cada vez mais, poss�vel, gra�as aos in�meros dados com que contamos (learning analytics). Abandone a “pr�-hist�ria digital” se n�o quiser virar um “f�ssil educativo”.

– A educa��o deve se concretizar em curr�culos abertos, adaptados aos novos atores e tempos, que sejam multiculturais e que promovam pr�ticas pedag�gicas como o trabalho em equipe, a criatividade, a comunica��o, as pol�ticas de g�nero e o respeito e conv�vio harmonioso com o meio ambiente (soft skills). Que provoquem uma avalanche de interatividade, aprendizagem ativa e compartilhada, com estudantes mais participativos e protagonistas. Resistir �s setas que apontam outros caminhos, enciclop�dicos, engessados e de volta atr�s, � fundamental. S� tem futuro quem � dono do presente.

– A educa��o deve apostar pelo caminho do afeto, da sociabilidade, das m�os dadas, do amor e do di�logo, entendendo que pessoas amadas e que amam aprendem melhor, constroem projetos com sentido e se tornam pessoas realizadas e a caminho da plenitude humana.

Os caminhos escolhidos dever�o carregar no seu cerne e intencionalidade, a raz�o de ser das institui��es no presente e no futuro, a import�ncia do impacto social e a miss�o de formar cidad�os livres, cr�ticos, solid�rios e democr�ticos.

*Francisco Morales foi diretor-geral do Col�gio Santo Agostinho-BH durante 20 anos. Atualmente, � diretor pedag�gico do Grupo Educacional Vereda.

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