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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Se o Galo mudou n�o importa. Importa � que siga l� no topo

Sa�ram v�rios jogadores, chegaram outros e essas mexidas at� nos mostram como Dylan e Calebe podem ser importantes


05/02/2022 04:00 - atualizado 05/02/2022 07:17

Dylan Borrero
Com o aproveitamento de atletas que antes mais ficavam no banco, Dylan Borrero tem sido um dos destaques do Atl�tico (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


Encontro-me neste momento envolto em caixas de papel�o, pilhas e pilhas de livros, pe�as e mais pe�as avulsas e desconexas de uma vida aventurosa e acumuladora. Ainda que eu fosse um bicho de sete cabe�as, n�o se justificaria a profus�o de bon�s, assim como as f�rmas de bolo, os pneus de bicicleta e os m�ltiplos cacarecos, da miniatura do Ronaldinho Ga�cho aos vinte e tantos galos que me acompanham; afinal, um galo sozinho n�o tece a manh�.

Por meses a fio, minhas tralhas todas estiveram em um guarda-m�veis, uma mina de ouro nos tempos pand�micos em que o povo – n�o exatamente o povo – fugiu para as montanhas. Fui me acostumando a viver com apenas uma mochila de m�o e uma mala pequena. Nos �ltimos tempos, torci para que o guarda-m�veis pegasse fogo. Como n�o foi o caso, c� estou operando minha mudan�a, entre �caros e a minha velha cole��o da revista Realidade.

O Galo tamb�m est� de mudan�a, mas como eu sou pobre e o Galo � rico, fiz tudo aos trancos e barrancos, sem qualquer garantia de que estarei melhor alocado depois desse perrengue todo. A come�ar pelo carreto firmado com o Chic�o, da van, n�o exatamente uma Granero. A seguir pelas caixas de Cruzeiro, quer dizer, caixas de segunda que insistem em se desmanchar ao peso da boa literatura mundial � espera de que se pendurem as estantes.

O Galo n�o. O Galo � que tem a manha, al�m do farto capil�. Muda r�pido, por�m, suave, muda tudo e a gente nem v�. Ali�s, eu me pergunto mesmo �: pra que mudou, se em time que est� ganhando n�o se mexe?. A resposta est� em Lampedusa, no cl�ssico romance italiano Il Gatopardo: “Tudo deve mudar para que tudo fique como est�”.

A bem da verdade, nem deu tempo de perguntar por que estaria tudo mudando se quer�amos apenas o mais do mesmo. De repente, vieram o Turco, o F�bio Gomes, o Ot�vio, que nunca vi mais gordos, cego que sou para os assuntos extra Galo. Vitor Mendes e Guilherme Castilho j� haviam sido apresentados, embora n�o guardara os nomes em minha enfuma�ada mem�ria. Ademir, sim, jogara no segundo maior de Minas. God�n, ao que parece, n�o � o Gordinho em mineir�s. Enfim, chegou uma renca de gente, saiu outra renca, inclusive nos bastidores do clube. Tudo mudou, com um �nico objetivo, espero: ficar onde est�vamos, a saber, no topo.

Quando se muda, redescobrem-se itens perdidos para sempre em algum fundo de gaveta. E nos perguntamos como pudemos viver por tanto tempo sem aquela indispens�vel companhia. Um Kafka desmilinguido, a minha caixa de faixas do Galo campe�o desde 1976, as tr�s fitas k7 com entrevistas com o Toni Tornado que um produtor de cinema vivia a me aporrinhar para que as encontrasse s�s e salvas.

No caso do Galo, carregou-se na mudan�a o velho Dylan Borrero, que, a exemplo do Caixa, passarei a chamar de Bob Dylan. At� outro dia, era um menino no qual n�o se botava muita f�. Mas, como disse o seu hom�nimo, quantas estradas um homem precisar� andar at� que possam cham�-lo de homem? A resposta, meu amigo, est� soprando ao vento: Dylan is the man. Como pudemos viver tanto tempo sem a sua arte?

Calebe � outro. Tivesse ca�do do caminh�o de mudan�a, talvez n�o tiv�ssemos dado por sua falta. Mas, aportado em seu destino, � agora t�o importante quanto a minha vitrola, resgatada com vida entre os escombros. Ambos jogam por m�sica, e s�o promessa l�quida e certa de noites memor�veis. God�n, Calebe, Ot�vio e F�bio Gomes. Zeca Pagodinho, Bob Dylan, Caetano e Ratos de Por�o.

Vamo que vamo, que amanh� tem matin� no sal�o de festas. Mudar � preciso! E o futebol, assim como a vida, � uma caixinha de cerveja.

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