Para sabadar direito � preciso ter sextado a contento. E foi justamente isso que nos aconteceu um dia depois da desanimadora quintada, quando provamos do nosso pr�prio veneno — especialistas que somos na arte do gol improv�vel no momento derradeiro. Pois bem, muito bem: o Turco cruzeirou! Caiu! Viva n�is! Salve o Clube Atl�tico Mineiro!
Em S�o Paulo havia um Turco Loko, deputado estadual pelo PSDB. N�o foi o �nico: teve tamb�m o Kalil, nosso Turco Louco, que nada tem de louco nem de turco. Mas doido mesmo foi esse Mohamed. Com um elenco dessa qualidade em m�os, abdicou de comandar o time � beira do campo (imagina o treino), onde se mantinha mudo, um Sampaoli �s avessas.
Sua t�tica era a da substitui��o aleat�ria: t� ruim, saca qualquer um e bota um monte de gente. Seu estilo era aquele do Lazaroni: rodar a bola sem chegar a lugar algum. S� durou at� ontem porque nessa pelada tivemos o privil�gio de montar o melhor time quando do par ou �mpar.
O amigo Afonso Borges, que na quinta-feira testemunhou ao meu lado a trai��o do nosso roteirista, matou a charada: o Atl�tico do Turco doido parecia aquele time dos amigos do Rom�rio (argh!), em que todo mundo precisa jogar seus minutinhos, ent�o � aquele entra e sai danado, sem nenhuma l�gica a n�o ser a do rol� aleat�rio.
Conforme anotado em missivas anteriores, Turco durou essa eternidade, tamb�m, em raz�o de seu jeito de panda, um golden retriever a quem se poderia dedicar horas de cafun� em sua carca�a craniana. Resist�amos em derrub�-lo – quer�amos mesmo era balan��-lo no ber�o, ainda que, no fundo no fundo, o ideal seria dar-lhe uma mamadeira de piroca.
O Galo de 21 era pra ser o de 22, mas as conquistas se anteciparam e foi o que foi. O de 22, a essa altura do campeonato, tem cara de que s� rende o caldo em 23.
S� h� dois tipos de atleticanos: os que desejam Cuca sem nenhuma ressalva, e os que desejam Cuca ressalvada a forma como o treinador lida com uma condena��o por estupro ocorrida quando ainda era um jovem jogador.
Na sexta pela manh�, ele, Afonso, que se encontra hospedado no meu cafofo em Cara�va, enviou imagem de um galo de madeira que decora a humilde resid�ncia virado de ponta-cabe�a. “Desvira meu Galo j�!”, determinei. “S� quando o Turco cair”, ele me respondeu. N�o passou uma hora e o Turco foi pro saco. Quem disse que um galo sozinho n�o tece a manh�?
Finalmente desprovidos desse Turco em raz�o do meu galo de madeira, no domingo estaremos sob o comando do interino Lucas Gon�alves. Em outros tempos o interino era algu�m que chegava pra sair e nunca mais ia embora. � uma op��o. Nesse caso, investiria o dinheiro do t�cnico em algu�m que pudesse se infiltrar na CBF e garantir que v�o parar de roubar a gente — que roubem o nosso dinheiro mas marquem os nossos p�naltis!
O Galo enfrenta o Corinthians, catando os cacos da jarra que o Turco quebrou. Panda dos infernos! Por anos e anos, tendo me mudado ainda razoavelmente jovem de Belo Horizonte pra S�o Paulo, o Corinthians foi virando o meu Cruzeiro. A partir de 1999, passou de Cruzeiro a Flamengo, o que torna tudo muito mais s�rio. Eu preciso ganhar do Corinthians. Turn yourself, Gon�alves!