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Estado de Minas

Na decis�o mais �pica no Mineir�o, deu Cruzeiro tri

De virada, a Raposa venceu em 2000 o S�o Paulo, chegando a seu terceiro t�tulo pela Copa do Brasil


postado em 10/06/2020 04:00





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Gustavo Nolasco

DA ARQUIBANCADA

“O tri da Copa do Brasil pelo Cruzeiro, em 2000, foi a decis�o final mais �pica da hist�ria do Mineir�o”
Cruzeiro, a paix�o do 6+1 C�mara

Toda quarta-feira, exercito uma paix�o que tenho em comum com o presidente do Atl�tico de Lourdes: falar do Cruzeiro. Fa�o por amor, e ele, por �dio, rancor ou sei l� qual sentimento mesquinho. Mas n�o importa a motiva��o. Sa�do essa coincid�ncia para dar a esse espa�o semanal um novo nome, “Da Arquibancada (e do 6 1 C�mara)”. Ponto final. Deixo a Turma do Sapat�nis de lado para voltar a escrever sobre ser feliz e ter t�tulos.

Por falar em felicidade, no domingo revivemos a maior decis�o final da hist�ria do Mineir�o: o tri da Copa do Brasil em 2000. Tamb�m nos surpreendemos com o capit�o da conquista, Cleb�o, se emocionando por ter defendido, com respeito, o clube amado por seu saudoso pai, seu Joaquim, um incr�vel cruzeirense.

Seu Joaquim, assim como eu, estava na arquibancada, presenciando o inacredit�vel 2 a 1 sobre o S�o Paulo. Tamb�m estavam Jos� Saturnino e seu filho Rafael Gomes, que um dia me contou assim sobre aquele dia m�gico:

“�s v�speras do jogo, segui a tradi��o. Comprei antes, no Barro Preto, meu ingresso e dos meus companheiros de est�dio, o Juninho e meu pai, Jos� Saturnino. O jogo era domingo, 18h30, mas a aventura come�ou na sexta-feira. Meu pai foi apanhar laranja no s�tio do vizinho. Caiu do p� e torceu a perna. S�bado, o joelho amanheceu do tamanho de uma bola de futsal. O ortopedista do bairro analisou e sentenciou: fora do jogo do dia seguinte. Foi o m�dico virar as costas e o enfermo balbuciou: ‘Eu vou ao jogo’.

O domingo amanheceu com pouca evolu��o. O velho de 56 anos deixou para tomar o rem�dio contra dor pr�ximo ao hor�rio do jogo. Sa�mos �s 15h, tr�s horas antes. Foi a �nica vez que subestimei a torcida do Cruzeiro. No Anel Rodovi�rio, perto do Bairro Cai�ara, percebi o erro. Tr�nsito parado.

�s 15h30, est�vamos em frente a um posto. At� 15h50, andamos apenas 500 metros. �s 16h, comecei a ver a Avenida Catal�o impratic�vel. Algu�m deu a ideia de pararmos o carro no Shopping Del Rey e ir a p�. ‘Est�o doidos? Querem que papai ande do Del Rey ao Mineir�o com esse joelho?’. Seu J�s� Saturnino, que foi uma das 113.715 pessoas no Cruzeiro e Bayern, depois de uns segundos de sil�ncio, soltou: ‘Eu vou conseguir’. Fui apoiando meu pai pela Catal�o. Naquele ritmo, ficaria feliz se visse a disputa de p�naltis.

Passei na portaria da Faculdade de Veterin�ria, na UFMG. 18h15. At� chegamos, mas nosso tradicional local na arquibancada n�o cabia mais ningu�m. Tivemos de ir para a antiga arquibancada inferior, uma esp�cie de geral de luxo. Ao nosso lado, um sujeito magro e alto, com uma jaqueta de couro surrada, cabelo do Raul Seixas, �culos e um r�dio gigante no ouvido. Ele tomava a vis�o de meio campo dos baixinhos como eu e meu pai, que ainda precisou assistir ao jogo em p� e com o joelho torcido.

Gol do S�o Paulo. F�bio Junior, 1 a 1. O Z� do R�dio (j� t�nhamos at� lhe dado um apelido) ficou praticamente narrando o tempo a cada vinte segundos. Falta. Sil�ncio e reza no Mineir�o. Gol.

A maior emo��o que vivi em um est�dio. Voou tudo para cima. Meu pai caiu. Uma pir�mide de marmanjos sobre ele. Desesperei para tir�-los dali. Percebi um sil�ncio repentino e depois uma explos�o de alegria. Quando tirei o �ltimo mancebo de cima do meu velho pai, ele estava abra�ado com o Z� do R�dio, felizes da vida. A alegria apagou sua dor. T�tulo, volta ol�mpica e festa.

Mineir�o quase vazio. Numa daquelas grandes mesas de madeira, em frente ao Bar 13, sentamos. A primeira vez desde que largamos o carro no Shopping Del Rey. Um sil�ncio reconfortante, s� sentido por quem vence batalhas �picas.

2018. Dezoito anos depois. Seu Jos� Saturnino j� com 74 anos. Final contra o Flamengo. Nossos dois ingressos garantidos. Seria nossa primeira final juntos desse 2000. Jogo quarta-feira, e na segunda-feira anterior, papai pisa em falso no s�tio e quebra o tornozelo. Direto para o hospital, com interna��o para a cirurgia. Perdia meu parceiro. Meu tio se disp�s a ficar com ele, mas resolvi assistir � final junto de meu pai. Dentro do hospital, em uma TV at� honesta”.



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