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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Dirceu Lopes est� de volta ao Cruzeiro para descobrir talentos

Conhecido como 'Pr�ncipe', o maior camisa 10 da hist�ria do clube ter� a dif�cil miss�o de revelar novos craques para o Cruzeiro


postado em 24/06/2020 04:00

Dirceu Lopes foi um dos grandes ídolos da torcida do Cruzeiro e jogou ao lado de craques como Tostão e Piazza(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Dirceu Lopes foi um dos grandes �dolos da torcida do Cruzeiro e jogou ao lado de craques como Tost�o e Piazza (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)


Do alto do morro, por detr�s do Conjunto IAPI, surgiram os meninos da Pedreira Prado Lopes. Atravessaram a estreita avenida at� a v�rzea da margem oposta. Logo depois, sob o cinza estrelado do cair da noite vindoura, a molecada da Conc�rdia desceu o barranco da encosta direita. Juntos, pegaram a carona. O ligeiro Jo�ozinho foi um dos primeiros a subir na boleia. Seguiram para o Mineir�o, inaugurado um ano antes. Era dia de tentar entrar no est�dio para assistir � decis�o entre o Cruzeiro e o Santos de Pel�.

Enquanto a multid�o caminhava para as bilheterias pintadas de branco e vermelho, Jo�ozinho e os amigos sumiram na dire��o oposta. Rodearam os enormes muros, numa sequ�ncia de pilares de concreto em U. A molecada sabia o ponto certo. Escuro, onde a fraca ilumina��o lhes daria guarita. Um ficou de tocaia. Os outros, enfileirados, tra�aram os dedos das m�os e fizeram a alavanca. A manobra se chamava “dar pezinho”. Um a um, subiram e saltaram.

J� dentro do templo do futebol mineiro, Jo�ozinho disparou para o lado escolhido por Fel�cio Brandi para ser dos cruzeirenses. Acomodou-se junto � charanga comandada por Aldair Pinto. Ali, assistiria aos seus �dolos Dirceu Lopes e Tost�o. Era noite de 6 a 2. Na arquibancada, o futuro “Bailarino da Toca” se derramava em amor pelo time de azul e branco. Gravava cada jogada na mem�ria para depois tentar repeti-las no campo de terra batida do Inconfid�ncia, na Conc�rdia, onde fantasiava formar um trio com o 10 e o 8 cruzeirenses.

Seis anos depois, Jo�ozinho deixava as categorias de base no velho estadinho JK, no Barro Preto, sob a b�n��o do ent�o padrinho Dirceu Lopes e do paiz�o Carmine Furletti para integrar o grupo principal do Cruzeiro na rec�m-inaugurada Toca da Raposa. Cuidar daquele garoto genial com as bolas nos p�s passou a ser uma obsess�o para o Pr�ncipe. No canto da concentra��o, ao lado de “S�” Furletti, fez o ponteiro abandonar o v�cio do cigarro, guardando o pulm�o para seus dribles e arrancadas.

Ser tutor de jovens como o Bailarino da Toca fazia Dirceu lembrar de sua pr�pria inf�ncia, quando pedia a Deus para um dia lhe fazer jogador do Cruzeiro. Sempre teve gratid�o por seus tantos “padrinhos”, como o velho Adelino “Ca�ador de Nazistas”, que foi lev�-lo ainda garoto para o Barro Preto.

Jo�ozinho cresceu como jogador e homem sob o olhar do maior camisa 10 da hist�ria do Cruzeiro. Foram campe�es juntos. A cumplicidade entre protetor e afilhado foi se ampliando. O ponta foi chamado ao canto: “Por que coloca a mim, o Palhinha e o Batatinha toda hora na cara do gol, mas n�o faz os seus?”. Respondeu “gostar mais de driblar e dar passes”. Foi retrucado com um ensinamento: “N�o! Passe a marcar tamb�m os seus para ser valorizado”.

Na final de 1974, Dirceu Lopes driblou dois, foi � linha de fundo e cruzou. Jo�ozinho se desgarrou da esquerda, entrou pela �rea e escorou para o fundo das redes do Atl�tico de Lourdes. Teria feito esse e o gol de Santiago se um dia n�o tivesse recebido o ensinamento do Pr�ncipe? Pensemos.

Jo�ozinho, Palhinha, Roberto Batata, Eduardo “Rabo de Vaca”. Na sua vitoriosa trajet�ria, Dirceu Lopes ajudou a transformar garotos em g�nios. Conquistou tudo, mas lhe faltava um sonho: o de transformar sua linha do tempo em c�rculo, onde a ponta do futuro fosse ligada � outra do passado. Pois bem, 47 anos depois, o Pr�ncipe est� de volta �s categorias de base da Academia Celeste. Vai ser professor.

Com um “por�m”. Ele, a Toca da Raposa, a mem�ria de Furletti e o hist�rico de forma��o de atletas do Cruzeiro mereciam mais que o – no m�nimo – desconhecido mo�o importado do Jabaquara para comandar essa empreitada.

Mas se o �timo � o inimigo do bom, relevemos essa bola fora para pensar que se vierem outros Tost�es, Jo�ozinhos, Batatinhas e Fantonis todos eles ter�o a b�n��o de um professor digno de lecionar genialidade, honestidade e amor ao manto sagrado. Sendo assim, deixo aqui o meu “boa sorte” ao amigo Dirceu Lopes. Ao Mestre da gentileza, com carinho.

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