Uma legi�o de gente foi saudar Eduardo Gon�alves de Andrade pelo anivers�rio de 74 primaveras. De Pel� ao mais long�nquo torcedor brasileiro, todos expuseram suas mem�rias afetivas criadas a partir do conv�vio, em campo ou da arquibancada, com o g�nio Tost�o.
Nunca o vi jogar, sen�o por v�deos editados ou pela forma mais linda de se construir uma imagem: a partir dos relatos emocionados dos que tiveram essa d�diva.
Como cronista, a�, sim, tenho a honra de t�-lo – ao lado de Nelson Rodrigues e Armando Nogueira – como refer�ncia na escrita. Alberto “Vibrante” Rodrigues, meu �dolo eterno e a voz do Cruzeiro, assim descreve esse outro dom de Tost�o: “Ele escreveu vit�rias com a genialidade das pernas e hoje a usa nas m�os para escrever suas cr�nicas”.
Mas n�o h� um anivers�rio sequer de Tost�o sem que ressuscitem uma enfadonha reflex�o: “Tost�o ou Dirceu Lopes? Quem � o maior jogador da hist�ria do futebol mineiro?”
Jamais vi sentido nesse questionamento. Mas ontem, ao me preparar para esses rabiscos semanais, esse “Tost�o ou Dirceu Lopes?” ficou impregnado, segurando meu punho, impedindo-me o deslizar das linhas.
Pois bem, se n�o tinha a quem pedir socorro, ao menos, fanfarr�o que sou, parti por dividir minha ang�stia. Enumerei dezenas de amigas e amigos e lhes provoquei: “Fulano, quem foi melhor: Tost�o ou Dirceu Lopes?”, perguntei com sarcasmo.
Pronto! Se tirei a tranquilidade de uma manh� de muitos queridos, por outro lado, experimentei uma das mais lindas sensa��es poss�veis a um amante de hist�rias: escutei suspiros e lembran�as tanto pelo aniversariante Tost�o quanto pelo seu ex-companheiro Dirceu Lopes.
O Chico Ferreira tinha 6 anos quando, sentado na arquibancada do Mineir�o, em 1971, descobriu a magia do futebol. Quem lhe apresentou foi Tost�o, ap�s dar um len�ol no goleiro Pedrinho, do Cear�, e empurrar as bolas para o fundo da rede.
Ronaldo Nazar� recordou dos tempos de Tost�o no cimento das quadras de futebol de sal�o, onde formava time com Ronaldo Drummond e Ruy Guimar�es. Esse �ltimo sempre dizia: “O problema do Tost�o era um s�, ele nunca errava”.
“Uma m�quina de jogar futebol”, “um monstro”, “driblava o advers�rio antes de dominar a bola”. Alguns tamb�m expuseram suas justificativas pelo Pr�ncipe Dirceu Lopes. “O que dizer de um menino de Pedro Leopoldo para quem Garrincha foi at� seu quarto da concentra��o para cham�-lo de maior de todos os tempos?”, lembraram dessa p�rola.
Teve tamb�m o meu amigo Evandro Oliveira, que, ao ouvir “Tost�o ou Dirceu Lopes?”, resmungou e escapuliu de forma magistral: “Entre os dois, escolho o Piazza”.
O pr�prio eterno capit�o Piazza se intitula o cruzeirense mais sortudo do universo, pois sendo o �ltimo homem do setor defensivo do escrete de 1966, teve o privil�gio �nico de ver t�o de perto a genialidade conjunta de Tost�o e Dirceu Lopes.
Por fim, a conclus�o dos meus amigos e amigas foi uma linda unanimidade: ambos eram g�nios, se completavam. Sozinhos, mas, principalmente, juntos no Cruzeiro, eles foram respons�veis por apresentar o futebol mineiro ao Brasil.
Entre tantos depoimentos, guardei um para fechar esses rabiscos escritos pelas vozes de v�rias testemunhas. Ele veio do amigo e mestre Dalai Rocha, soando como poesia: “M�sica ou cinema? Falar ou ouvir? Pintura ou escultura? Dirceu ou Tost�o? Quer caminhar com uma perna s�? Escolha um deles”.
OBRIGADO! Alberto “Vibrante” Rodrigues, �ngela Azevedo, Beto Magalh�es, Bruno Gerv�sio, Chico Ferreira, Cristiano Maranguape, Dalai Rocha, Evandro Oliveira, Jo�o Chiabi, Jos� Paulo Barcelos (meu veio), Jos� Roberto e Juliano Fantoni, Leopoldo Moura Jr., Luiz Ot�vio e Marcus Barreto, M�rcio (Bloco Rapos�o), Mateus Pessoa, Nonato, Omar Franco, Oswaldo Bueno, Papai Jairo, Paulo Martins, Renat�o Gomes, Rita de C�ssia Pereira, Ronaldo Nazar�, Tati e Wilder, por sepultarem a pergunta mais boba j� feita sobre dois g�nios.