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Estado de Minas

Uma camisa celeste pelos 80 anos de pura resist�ncia

O novo manto sagrado do Cruzeiro ser� lan�ado a sete meses do anivers�rio da noite hist�rica de nossa refunda��o


02/03/2022 04:00 - atualizado 02/03/2022 08:57

Camisa do Cruzeiro
(foto: INSTAGRAM/REPRODU��O)

O novo modelo do manto sagrado ser� lan�ado na pr�xima sexta-feira. A sete meses dos 80 anos de uma noite hist�rica: 7 de outubro de 1942, quando o Time do Povo Mineiro, nascido Societ� Sportiva Palestra Italia, se forjou Cruzeiro Esporte Clube.

O Palestra n�o passou a se chamar Cruzeiro sob festejos e aplausos. Ao contr�rio, vivia-se o caos no clube e no mundo, mergulhando na Segunda Guerra.

Em janeiro de 1942 o ditador Get�lio Vargas – admirador da Alemanha de Hitler – deu uma guinada e rompeu rela��es com os pa�ses do Eixo (Alemanha, It�lia e Jap�o). Isso ap�s receber US$ 20 milh�es dos Estados Unidos para a constru��o de uma sider�rgica em Volta Redonda.

Em agosto, submarinos alem�es afundaram navios brasileiros. Vargas anuncia o Brasil na guerra. Entre as medidas adotadas, proibi��o do uso de qualquer s�mbolo (idioma, cores e bandeiras) que remetesse � Alemanha, It�lia ou Jap�o. Acabou incentivando uma onda sanguin�ria de xenofobia contra imigrantes que viviam no pa�s e n�o tinham absolutamente nenhuma liga��o com a guerra. Lojas e casas foram queimadas e destru�das. Pessoas foram perseguidas e agredidas.

Em Belo Horizonte, o clube do Barro Preto, que j� havia trocado seu nome de Palestra Italia para Palestra Mineiro, n�o escaparia � barb�rie. O seu estadinho entrou na rota da destrui��o. Foi salvo de ser incendiado por um policial militar que, heroicamente, repeliu os v�ndalos, sob o olhar de p�nico de imigrantes, como a saudosa palestrina Osetta Pieri.

Dentro do Palestra Mineiro, duas alas digladiavam em meio ao terror da guerra. Uma disposta a ir �s raias do insustent�vel para defender a It�lia. Ali�s, parte dela abandonou o Palestra e se associou ao Atl�tico de Lourdes.

Uma solu��o para que o clube n�o fosse destru�do foi buscada pelos que ficaram. Por decis�o unilateral, em 2 de outubro de 1942, o ent�o presidente Ennes Poni tentou alterar o nome para Ipiranga. A escolha monocr�tica jamais foi oficial. N�o passou de uma not�cia de folhetim e um esbo�o de ata imediatamente anulado. Mas cinco dias depois, houve uma reuni�o do conselho.

“Aos sete dias do m�s de outubro de 1942, �s 20h30, em nossa sede social, � Rua Rio de Janeiro, presentes dez conselheiros, foi pelo sr. presidente aberta a sess�o.

Como a presente reuni�o foi convocada para a aprova��o do nosso Estatuto, foi o mesmo aprovado, depois de muito desentendido, passando a Sociedade Esportiva Palestra Mineiro a denominar-se ‘Cruzeiro Esporte Clube’.

Em virtude da situa��o angustiosa de nosso club, foi nomeada uma junta governativa, composta dos senhores Jo�o Fantoni, Wilson Saliba e Mario Tornelli, sob a presid�ncia do senhor Jo�o Fantoni, que dirigir� os destinos do club at� que sejam aprovados pela Federa��o Mineira de Futebol os novos estatutos.”

A ata escrita pelo ent�o secret�rio, Jo�o Fellipe Peixoto, e assinada por dez s�cios, entre eles Fulvio Fantoni, pai dos �dolos Nin�o e Niginho, resumiu, com palavras comedidas, uma noite das mais tumultuadas da hist�ria do Time do Povo Mineiro.

Coube ao ent�o presidente Jo�o Fantoni (o Nin�o) conduzir as mudan�as que, na verdade, s� se concretizaram totalmente em 1943. Era preciso ir al�m do nome ‘Cruzeiro’: o escudo, as cores e o uniforme, tricolores como a bandeira da It�lia, tamb�m seriam alterados. Mas como se manter vivo sem se render ao ditador Get�lio Vargas? O Cruzeiro seria azul e branco.

Para as autoridades brasileiras, a hist�ria fantasiosa de que o azul era a cor do c�u, “onde estavam as cinco estrelas do Cruzeiro do Sul”. No fundo, ele representava a resist�ncia, o amor incondicional de uma torcida pelo time criado por ela pr�pria em 1921. O azul, em tom celeste, era exatamente o mesmo da camisa da Sele��o Italiana. Essa era a verdade n�o dita. Por isso, o escudo tinha as cinco estrelas “presas” num c�rculo, e n�o soltas.

Sendo assim, o novo manto sagrado, que nos vestir� em 2022, celebrar� n�o o c�u do Cruzeiro do Sul, mas, sim, os 80 anos da Resist�ncia Palestrina que nos forjou Cruzeiro.

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