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Estado de Minas

Se h� desafios, maior � nosso Cruzeiro, sempre pronto a lutar

Vencemos mart�rios das d�cadas de 1930, 1950 e 1980 e vamos superar de novo as prova��es com a velha garra celeste


13/04/2022 04:00

torcida do Cruzeiro
Com a for�a da torcida, seu maior patrim�nio, o Cruzeiro h� de superar mais uma fase de turbul�ncias e voltar mais forte (foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)

“Quem disse que seria f�cil?” Perguntei para mim mesmo ao fim da terr�vel peleja do Cruzeiro contra o Bahia, na �ltima sexta-feira. Encostei na mureta do setor destinado � torcida visitante na Fonte Nova, olhando as �guas do Dique do Toror� ao fundo de uma Salvador que tentava me fazer sentir o peso da derrota como uma senten�a final.

Sa� da melancolia com a chegada dos meus companheiros de jornada em terras baianas, Marceleza e Z� Neto, cada um trazendo no rosto um sorriso de apoio, como quem diz: “Para o nosso Cruzeiro nada � f�cil. E tudo bem! A gente vai superar e, no final, algo grandioso nos espera”. Peguei dos copos de cerveja numa lapada s�, tamanho foi o orgulho que senti por ser cruzeirense e conhecer a hist�ria de supera��es que nos forjou.

Noutro dia, vestido novamente com o manto sagrado, por entre tro�as dos tricolores e incentivos dos rubro-negros do Vit�ria, caminhei pelo p�r do sol. Desci a avenida Sete, dobrei a Igreja de Santo Ant�nio e, ao avistar a Praia da Barra, me senti em cima do trio el�trico, ao som dos eternos Dod� e Osmar. Dessa vez, gritei: “Quem disse que seria f�cil?”.

A noite caiu sobre o Farol, e quando j� me preparava tomar o rumo de regresso, senti um chamado. Apontando para as cinco estrelas do meu manto, um senhor aparentando 60 e alguns anos de idade, e com o lado esquerdo do corpo paralisado por conta de um AVC, com muita dificuldade, acenou para mim. Mal me aproximei e ouvi seu murm�rio: “�, pai, que foi isso com nosso Cruzeiro?”.

Encostado na balaustrada que separa a Barra do Morro do Cristo, ele me chamou para um dedo de prosa. Cl�nio nasceu no sert�o de Minas Gerais, pelas bandas do Rio S�o Francisco. Na lida da fam�lia no vem e vai pelas embarca��es no Velho Chico, ainda crian�a ele se mudou para Juazeiro da Bahia, onde ganhou dos colegas de escola o apelido “Mineirinho”. Foi l� que viu – pela primeira vez, nas p�ginas das revistas e dos jornais de �poca, o time de Tost�o e Dirceu Lopes com a camisa branca e estrelas azuis ao peito. “Ali eu decidi, pai. Era para esse time que iria torcer para o resto de minha vida”.

Enquanto ele me contava como manteve firme seu amor pelo Cruzeiro durante os dois �ltimos anos de consequ�ncias nefastas pelo desastre de 2019, eu o olhava, e nele via a imagem genu�na da Na��o Azul. Levei meu pensamento para longe, num mergulho profundo na nossa hist�ria. E a cada cap�tulo de dificuldade relembrado, eu voltava � pergunta-resposta: “Quem disse que seria f�cil?”.

Vencemos os mart�rios das d�cadas de 1930, 1950 e 1980. E no final de todos esses per�odos dif�ceis, o resultado foi o mesmo: a torcida do Cruzeiro cresceu ainda mais e, ao fim, o time se superou com t�tulos.

Depois de me despedir de Cl�nio e seguir rumo � Pituba, me lembrei do relato de um mestre, amigo e professor de roteiros, Edwin Perez. Um santista t�o apaixonado pelo time praiano quanto eu pelo Time do Povo Mineiro. Quando da pen�ria do bi�nio 2020/2021, ele me consolou, contando sobre uma das maiores crises financeiras e desportivas do seu Santos, no per�odo entre 1985 a 2001, quando tudo levava a crer no abandono do time pela torcida. Mas foi o contr�rio, a “fila” se fez oportunidade para a nova gera��o de santistas se dedicar ao orgulho da pr�pria hist�ria. E o time se superou brilhantemente com a conquista do Brasileiro em 2002.

Voltei a Belo Horizonte sem desgrudar do meu manto sagrado, lendo a not�cia da partida de V�tor Roque com a serenidade de quem est� devidamente calejado. Afinal de contas, qual foi a �ltima vez em que as �nicas not�cias ruins eram uma derrota fora de casa para um grande clube e a venda milion�ria de um jogador promessa?

Dois dias depois, ao subir as escadarias das arquibancadas do Mineir�o para jogar junto com o Cruzeiro, contra o Brusque, novamente, pensei: “Quem disse que seria f�cil?”. Eu me lancei a cantar por mim e por Cl�nio Mineirinho, o cruzeirense de Juazeiro da Bahia.

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