O encontro emocionado de Sor�n com Diego, o Dieguito (foto: Bruno Bueno/Arquivo pessoal)
Manh� ensolarada e fria do dia 26 de julho na capital da Argentina. Louco por futebol, levo meu filho Diego, dois anos de idade, ao museu junto ao est�dio da Associa��o Atl�tica Argentinos Juniors, equipe que revelou para o mundo ningu�m menos que Maradona, Riquelme e, para n�s cruzeirenses, o maior argentino de todos os tempos, Juan Pablo Sor�n.
A visita incluiu pisar o gramado onde Maradona estreou na primeira divis�o argentina com 15 anos e onde Messi vestiu pela primeira vez a camisa de sua sele��o, aos 17. O pequeno Diego tamb�m viu, no acervodo museu, a camisa usada por Sor�n em sua hist�rica despedida do futebol, em novembro de 2009, na vit�ria de 2 a 1 do Cruzeiro sobre o Argentinos Jrs. no Mineir�o.
Ao t�rmino da visita, j� se encaminhando para a rua, Diego solta minhas m�os e sai correndo em disparada, de volta �s depend�ncias do clube argentino. Nem o roteiro de um filme perfeito teria esse desfecho. O menino, que usava a camisa seis do Cruzeiro, por causa da admira��o do pai pelo craque argentino, avistou no hall de entrada do est�dio o pr�prio Sor�n. A inacredit�vel coincid�ncia se deu porque o �dolo estava, exatamente naquela manh�, gravando uma entrevista nas depend�ncias do Argentinos Juniors para um document�rio. Como dizem, nem se tivesse sido programado, daria t�o certo.
Sor�n, com a habitual eleg�ncia e gentileza, abaixou-se para receber o caloroso abra�o do pequeno f�. Pegou no colo e conversou de maneira atenciosa. Naturalmente, Dieguito nunca viu Juampi atuar: seus olhinhos hoje brilham com os gols de Edu, as defesas de Rafael Cabral, os desarmes de Brock, os cruzamentos de Bidu e, claro, com o show que a maior e mais apaixonada torcida de Minas oferece em todos os jogos.
Dieguito nos bra�os de Sor�n (foto: Bruno Bueno/Arquivo pessoal)
Por�m, de tanto ouvir os pais falarem do �dolo argentino, Diego sonhava em conhecer aquele cara, que foi um dos maiores alas do futebol mundial, que sempre terminava as partidas com a camiseta ensopada de suor e, �s vezes, de sangue. Como resultado, o moleque est�, nos �ltimos dias, falando para os pais, tios, av�s, coleguinhas, professores e at� para pedras, �rvores e cachorros de rua, que conheceu o Sor�n.
Fica a reflex�o sobre a import�ncia do papel dos �dolos para construir e manter a grandeza e a hist�ria de um clube. A paix�o dos antigos e dos novos cruzeirenses � alimentada por conquistas, claro, mas tamb�m pela rever�ncia a todos que levaram o Cruzeiro � condi��o de maior de Minas, a gal�xias de dist�ncia do rival. A reedi��o do espetacular livro De Palestra a Cruzeiro, sob coordena��o do titular deste espa�o, Gustavo Nolasco, � um exemplo de a��o nesse caminho. Mas o clube precisa fazer a parte dele.
N�o � aceit�vel que uma institui��o do tamanho do Cruzeiro, mundialmente conhecida, n�o tenha um museu, um memorial, que torcedores e futebolman�acos do mundo todo possam visitar. Agora, que vivemos uma era de profissionalismo na administra��o do clube, � obriga��o que esse espa�o seja criado. O apoio de torcedores e empres�rios apaixonados n�o faltar�.
Inicialmente se pensou em fazer esse museu no Mineir�o. Nada disso. Enquanto vigorar esse modelo de gest�o do est�dio, em que o time tem custos desvantajosos para atuar em seu palco hist�rico e � expulso de l� quando algum show ou evento enche os bolsos da empresa gestora, temos que procurar alternativas. N�o s� para o museu do Cruzeiro, mas para o pr�prio futebol. Betim? Est�dio na Toca 1? N�o tenho essa resposta, mas algo precisa ser feito.
Conforme o colunista Gustavo Nolasco j� colocou, os dois candidatos ao governo de Minas com maiores chances de vit�ria precisam pensar na possibilidade de rever, ou mesmo rescindir, dentro dos princ�pios legais, o v�nculo atualmente em vigor, e se posicionar claramente para os eleitores em rela��o ao tema.
Sabemos que a atual administra��o do Cruzeiro tem enfrentado in�meros problemas para reconstruir o clube, devido aos absurdos deixados por administra��es anteriores. A dificuldade em reorganizar o programa de S�cio � um exemplo disso. Para se ter uma ideia, estou desde fevereiro tentando renovar o plano de meu pai, de meu filho (Kids) e o meu pr�prio.
Ap�s um e-mail escrito h� mais de cinco meses, duas dezenas de liga��es para a nova central desde ent�o e um novo e-mail enviado em 8 de julho, sem qualquer resposta, seguimos impossibilitados de dar a nossa contribui��o mensal para o Cabuloso. E outros torcedores t�m relatado problemas similares. De toda forma, mantemos a esperan�a de que as coisas se acertem logo e que tenhamos um programa de S�cio e um museu � altura do Maior de Minas.
Ronaldo tem feito um trabalho fenomenal no sentido de reerguer o Cruzeiro. Certamente sabe que um museu benfeito, atraente, com um acervo robusto e interatividade ser� uma potente fonte de receita, al�m de contribuir para fortalecer a imagem do Maior de Minas.
*Jornalista, belo-horizontino, residente em Bras�lia, cruzeirense nas boas e nas m�s. Escrevendo esta coluna a convite do jornalista Gustavo Nolasco