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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

De Palestra a Cruzeiro: 80 anos da Resist�ncia Palestrina

O debate interno tomou conta do Barro Preto. Era necess�rio nacionalizar ainda mais o nome Palestra Mineiro


05/10/2022 04:00 - atualizado 05/10/2022 19:51

Torcedor do Cruzeiro pinta muro do Barro Preto, em BH, com termo Resistência Palestrina
Trecho do filme "Em busca da hist�ria do Cruzeiro", de Andr� Amparo e Gustavo Nolasco (foto: Marcelo Borja/Instituto Palestra It�lia)

“Em 1942 nos tornamos Cruzeiro e 80 anos depois viramos Cruzeiro de novo.” Palavras do meu amigo e cruzeirense bruto M�rcio �lvaro, assim que nos sagramos campe�es na �ltima sexta-feira. Hoje, a dois dias dos 80 anos da mudan�a de nome de Palestra Mineiro para Cruzeiro, o que aconteceu em 7/9/1942, reproduzo trecho do livro “De Palestra a Cruzeiro – Edi��o Centen�rio”, obra oficial e definitiva da hist�ria do clube. Parab�ns para n�s, palestrinos-cruzeirenses, pelo legado de resist�ncia.

“(1942) ficou marcado pela entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial. O pa�s – que recebera imigrantes vindos de todas as partes do mundo – via-se, ent�o, envolvido em uma guerra que acirraria o �dio e a ira entre nacionalidades. Casas comerciais ligadas a descendentes de italianos, alem�es e japoneses foram apedrejadas e saqueadas em muitas cidades brasileiras. Vandalismo em nome de um patriotismo selvagem e ignorante. Belo Horizonte n�o escapou da sanha e do terror. O Palestra It�lia e a sua torcida, vinda do povo e dos oper�rios, principalmente imigrantes italianos, tamb�m n�o.

No in�cio de 1942, um decreto-lei do governo federal estabeleceu a nacionaliza��o dos nomes, e o Palestra trocou o It�lia por Mineiro. Em agosto, submarinos alem�es afundaram navios brasileiros. Get�lio Vargas anunciou a entrada do Brasil na guerra. Entre as medidas adotadas, estava a proibi��o do uso de quaisquer s�mbolos (idioma, cores e bandeiras) que remetessem � Alemanha, � It�lia ou ao Jap�o. Essa decis�o o incentivou uma onda sanguin�ria de xenofobia contra imigrantes que viviam no pa�s e n�o tinham absolutamente nenhuma ligac�o com a guerra.

Um estado de terror foi criado em Belo Horizonte. Lojas e casas foram saqueadas, queimadas e destru�das. Pessoas foram perseguidas e agredidas. O est�dio do Palestra sofreu a amea�a de ser incendiado e, n�o fosse a pronta interven��o de um tenente da Pol�cia Militar, chamado Houri, e a coragem de alguns palestrinos, a horda de arruaceiros teria levado a barbaridade ao fim.

O debate interno tomou conta do Barro Preto. Era necess�rio nacionalizar ainda mais o nome Palestra Mineiro. Por decis�o unilateral, no dia 2 de outubro de 1942, o ent�o presidente, Ennes Poni, tentou alterar o nome do clube para Ipiranga. N�o conseguiu. A escolha monocr�tica jamais foi oficializada. N�o passou de um esbo�o de ata, assinado por apenas duas pessoas, imediatamente anulado pelo Conselho Deliberativo.

Cinco dias mais tarde, houve uma reuni�o definitiva entre os associados. O ent�o presidente do Conselho, Oswaldo Pinto Coelho, sugeriu o nome ‘Cruzeiro’, homenageando a principal constela��o do hemisf�rio sul e presente na bandeira nacional. A sugest�o foi aceita por unanimidade e oficializada em ata:

"Aos sete dias do m�s de outubro de 1942, �s 20h30, em nossa sede social,  � rua Rio de Janeiro, presentes dez conselheiros, foi pelo sr. Presidente aberta a sess�o. Como a presente reuni�o foi convocada para a aprova��o do nosso Estatuto, foi o mesmo aprovado, depois de muito desentendido, passando a Sociedade Esportiva Palestra Mineiro a denominar-se ‘Cruzeiro Esporte Clube’. Em virtude da situa��o angustiosa de nosso club, foi nomeada uma junta go-vernativa, composta dos senhores Jo�o Fantoni, Wilson Saliba e Mario Tornelli, sob a presid�ncia do senhor Jo�o Fantoni, que dirigir� os destinos do club at� que sejam aprovados pela Federa��o Mineira de Futebol os novos estatutos";

Ata da reunião do Conselho Deliberativo do Palestra Mineiro, de 7 de outubro de 1942, quando da mudança de nome para Cruzeiro Esporte Clube
Ata da reuni�o do Conselho Deliberativo do Palestra Mineiro, de 7 de outubro de 1942, quando da mudan�a de nome para Cruzeiro Esporte Clube, reproduzida do livro "De Palestra a Cruzeiro - Edi��o Centen�ria", que contou com o apoio dos Di�rios Associados. (foto: Andr� Luppi/Instituto Palestra Italia)


Coube ao ent�o presidente, Jo�o Fantoni (o Nin�o), conduzir as mudan�as que, na verdade, s� se concretizaram totalmente em 1943. Era preciso ir al�m do nome Cruzeiro: o escudo, as cores e o uniforme, tricolores como a bandeira da It�lia, tamb�m seriam alterados.

Para as autoridades brasileiras foi apresentada a hist�ria fantasiosa de que o azul era a cor do c�u, onde estavam as cinco estrelas do Cruzeiro do Sul. No fundo, o azul representava a resist�ncia palestrina, o amor incondicional de uma torcida pelo time criado por ela pr�pria em 1921. O azul, em tom celeste, era o mesmo da camisa da Sele��o Italiana. Essa era a verdade n�o dita. O escudo teria as cinco estrelas ‘presas’ num c�rculo.

A primeira vit�ria com o novo nome foi contra o Am�rica de Belo Horizonte: 1 a 0, gol de Ismael. O time jogou com Rui, Gerson e Azevedo; Riz�o, Juca e Caieirinha; Nogueirinha, Orlando Fantoni, Niginho, Ismael e Zez� Papatela.

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