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Estado de Minas HIT

Silvia Gomez comemora 20 anos de carreira com a estreia de 'A �rvore'

Na Entrevista de Segunda da Coluna Hit, dramaturga fala da pe�a que tem Alessandra Negrini como protagonista e faz balan�o de sua trajet�ria


01/03/2021 04:00 - atualizado 01/03/2021 16:05

(foto: arquivo pessoal)
(foto: arquivo pessoal)

Silvia Gomez comemora 20 anos de carreira. De sua participa��o no festival Cenas Curtas, do Grupo Galp�o, em 2001, at� o texto de “A �rvore”, que estreou na semana passada na plataforma digital Tudus, ela escreveu sete pe�as. "Nunca � f�cil a vida para a dramaturgia no Brasil, para o teatro. � preciso desejar muito e persistir para que aconte�a: quem faz sabe da gratid�o de conseguir levantar uma pe�a, com todos os processos e milagres que isso envolve", afirma. 
 
"Eu nem sequer acho que sei o que estou fazendo, sou insegura, mas isso, por outro lado, me coloca em movimento. Vejo a forma��o de um artista como uma estrada infinita, eis a gra�a."
 
Sobre “A �rvore'', que come�ou a ser constru�da h� tr�s anos, a dramaturga considera a pe�a como filha de uma pesquisa sua sobre anomalias, metamorfoses, estranhamentos e del�rios. "O absurdo que se instala no cotidiano, ou melhor, na aparente normalidade, puls�o de um texto anterior que escrevi para o Centro de Pesquisa Teatral (CPT) em 2019, a tempo de ser lido pelo mestre Antunes Filho, com quem estudei, e que est� em ensaio sob dire��o de Emerson Danesi, brilhante artista e colega de CPT", conta ela, que divide seu tempo entre a dramaturgia, o jornalismo, roteiros e aulas.

Silvia confessa sentir muita falta das apresenta��es presenciais, que, para ela, n�o encontram equivalente. "Mas, como artista, n�o consigo deixar de elaborar o que me perturba, por isso crio onde e como puder."
Da equipe do novo projeto, Silvia diz que admira Gabriel Fontes Paiva, com quem j� trabalhou, assim como Jo�o Wainer. "Mas foi a primeira vez que trabalhei com a Ester Laccava e a Alessandra Negrini. J� as admirava pelo talento imenso e agora conhe�o ainda mais de perto as artistas profundas e ricas que s�o. Ester, criadora poderosa de infinitas camadas de linguagem, e Alessandra, atriz preciosa e uma for�a que se faz presente na cena."
 
O grande desejo da dramaturga � conseguir ser capaz de fazer perguntas que inquietem. "Se eu der sorte, quem sabe esbarre em alguma resposta, ainda que provis�ria, sobre este mundo louco e delirante. A pandemia me trouxe ainda nova urg�ncia: escrever para honrar o instante e o privil�gio de poder testemunh�-lo."
Na sinopse da pe�a voc� diz que "A. vem enfrentando um estranho e inexplic�vel processo ao ver seu corpo transformar-se em algo que desconhece". Isso pode ser considerado uma met�fora desse estranho processo pelo qual o mundo est� passando, em que n�o sabemos o que vai acontecer?
Tento propor leituras abertas quando escrevo, sem fechar significados, pois, como espectadora, � o que me d� prazer, isso de poder inventar junto com a obra. Esse sentimento que voc� descreve foi inescap�vel, pois � coletivo, pertence a este tempo que compartilhamos, assim como o sentimento de perda, este luto coletivo. Acho que a pe�a tamb�m pergunta: por que esquecemos o amor por esta casa, por este planeta, marchando em rota de ru�na?.

Logo no in�cio de suas pesquisas, voc� leu “A revolu��o das plantas”, do bot�nico italiano Stefano Mancuso. Voc� 
concorda com ele, que acredita que devemos agir como planta, pensar como planta?
Eu j� estava na pesquisa de estranhamentos e anomalias quando li o Mancuso, e seu texto foi uma esp�cie de choque, uma puls�o para a escrita, como na seguinte frase: “O futuro precisa tomar para si a met�fora das plantas”. Mas tamb�m me inspirei em outras leituras que me causam vertigem, passando por Kafka, Murilo Rubi�o, Clarice Lispector, Silvina Ocampo, Ionesco. Estranheza, perplexidade e hesita��o, pilares do realismo fant�stico, s�o caracter�sticas de um texto que procura mais perguntar do que responder, e acho que escrevo porque tenho muitas perguntas – e quase nenhuma resposta.

Qual � sua vis�o do teatro ap�s a pandemia? Considerando a popula��o vacinada, quais s�o os desafios que voc� v� pela frente e como dribl�-los?
O que me apaixona no teatro � justamente sua ess�ncia: o encontro dos corpos, a presen�a, a cria��o coletiva de um instante que nunca mais se repetir�. Nem consigo imaginar o mundo sem isso, por isso minha resposta � apenas desejar que seja logo poss�vel novamente, com a vacina��o em massa. O desafio � mundial, mas, no Brasil, em especial, temos um governo que parece trabalhar contra isso e em prol de muitas formas de destrui��o, da cultura ao meio ambiente.

Voc� vem de uma fam�lia ligada ao teatro. Seus tios,  Edmundo e Yara, s�o, respectivamente, dramaturgo e diretora; D�bora, sua irm�, atriz; Luciana, a ca�ula da casa, advogada e compositora, como seu pai, Eug�nio, que � m�dico; Jo�o, primo, poeta. Qual a influ�ncia que voc� recebe de todos e qual deles � sua maior inspira��o e por qu�?
Puxa, todos me inspiram, formaram e formam, assim como minha av�, Coeli, professora, que me ensinou a ler. Minha tia Denise Gomes, tamb�m, grande leitora, sempre me passando indica��es. Esses s�o os meus her�is e hero�nas, pessoas que compreenderam na cultura um caminho de busca pela pr�pria humanidade – e do entendimento dessa palavra em toda a sua complexidade.
 
Voc� saiu de Belo Horizonte t�o logo se formou em jornalismo pela UFMG. Desde ent�o, tem uma carreira ascendente. Mudar-se para S�o Paulo foi um projeto ou coincid�ncias a levaram para l�?
O trabalho me chamou a S�o Paulo, no in�cio como jornalista – e eu vou onde h� trabalho, sou grata. S�o Paulo � generosa nesse aspecto, e eu tive a sorte de ter a companhia e conhecer pessoas a quem preciso agradecer sempre, como Antunes Filho e Marici Salom�o. No in�cio, senti a opress�o da metr�pole, mas, com o tempo, entendi que a metr�pole s�o as pessoas que moram na metr�pole. E isso muda tudo.

Como � seu trabalho como coordenadora do N�cleo de Dramaturgia do Sesi-SP e o que ele traz de alegria?
O trabalho no N�cleo, consolidado ao longo de anos pela dramaturga e formadora Marici Sa- lom�o, uma refer�ncia, consiste em acompa- nhar o nascimento e o desenvolvimento das pe�as de 12 autoras e autores ao longo de quase um ano, alimentando o processo com exerc�cios, leituras e provoca��es mil. Ganho demais com isso, pois sou obrigada a me atualizar com procedimentos e refer�ncias, o que, por sua vez, me nutre como autora. Al�m disso, conhe�o artistas que passo infalivelmente a amar, desejando, muito presun�osa, reconhe�o, me tornar a     melhor amiga de cada um.

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