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Estado de Minas

'O audiovisual � t�o incerto... Todo dia � 'tiro, porrada e bomba"

Diretora do Curta Circuito, Daniela Fernandes fala sobre os 21 anos da iniciativa cineclubista


27/09/2021 04:00

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Entrevista de segunda
 
Daniela Fernandes
Diretora do Curta Circuito
 
Desde sempre, esta coluna disputa a posi��o de f� n�mero 1 do projeto Curta Circuito. A ideia de reunir diretores e atores que marcaram a hist�ria do cinema nacional em encontros com o p�blico � uma forma de manter vivos momentos de grande import�ncia do audiovisual. Al�m disso,  para os f�s, rever ou, em muitos casos, ver o �dolo pela primeira vez, cara a cara, � emocionante.
O projeto faz tanto sucesso que chega aos 21 anos firme e forte, apesar da pandemia, que, pela segunda vez, leva a proposta para o virtual. De 11 a 17 de outubro pr�ximo, ser�o exibidos no site www.curtacircuito.com.br sete filmes que contam a hist�ria de m�sicas e de m�sicos.
“Bete Balan�o”, de Lael Rodrigues (1984) abre a mostra. Na sequ�ncia, “Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa”, de Roberto Farias (1970), “Ritmo alucinante”, de Marcelo Fran�a (1975), “Cora��es a mil”, de Jom Tob Azulay (1983), “Para viver um grande amor”, de Miguel Faria Jr (1984), “Um trem para as estrelas”, de Carlos Diegues (1987), e “Stelinha”, de Miguel Faria Jr. (1990). Os bate-papos continuam, mas desta vez no formato webinar.
 
Que balan�o voc� faz da mostra, que chega � sua 21ª edi��o?
O balan�o que fa�o da mostra nessas 21 edi��es � de resist�ncia e de evolu��o constante. Colaboro h� 17 anos com o Curta Circuito. De l� pra c�, temos crescido muito, aprendido muito. Todo ano aprendemos uma coisa nova, evolu�mos, a cada evento crescemos mais um pouquinho. Estou muito feliz que o Curta Circuito se transformou: � uma evolu��o constante, novos encontros e novas possibilidades.

A pandemia influenciou – por bem e por mal – todos n�s. Como ela afetou a mostra e qual a li��o voc�s iraram da pandemia (at� aqui)?
A pandemia conseguiu virar a gente do avesso. Est�vamos prestes a come�ar a temporada de 2020, na comemora��o dos 20 anos, e estava tudo pronto: passagens compradas, convidados, tudo... E a gente teve que suspender e pausar tudo.  Tivemos que repensar como fazer o Curta Circuito on-line, j� que ele vem muito do encontro, desse poder da reuni�o de pessoas, dessa magia.
Ent�o, foi uma grande luta e aprendizado nosso. Tem coisas muito boas, pois conseguimos nos aproximar mais das redes sociais e alcan�ar um p�blico que n�o t�nhamos alcan�ado antes. As pessoas, amigos de fora de BH falavam: "Ah! Podia fazer Curta Circuito aqui!". A vantagem, agora, � que estamos acess�veis para o Brasil inteiro. Isso foi muito prazeroso, ampliar esse p�blico e ampliar nosso recorte.

Como v� o futuro do audiovisual? N�o bastasse a desacelera��o das produ��es, o governo federal  prejudica ainda mais o setor em sua campanha de destrui��o da cultura.
O futuro do audiovisual � t�o incerto... Todo dia � “tiro, porrada e bomba”. Todo dia � dia de luta, de resist�ncia e sobreviv�ncia. A gente vai conquistando um dia ap�s o outro,  mas n�o vejo uma perspectiva muito boa, estamos sendo muito bombardeados. Foram anos de lutas e de conquistas para o audiovisual e, infelizmente, um governo consegue fazer esse ritmo parar e tudo retroceder.

Um dos cl�ssicos da disco music tem uma frase que adoro: “Last night a DJ saved my life”. Voc� acredita que a m�sica tem o poder de nos salvar desse inferno que estamos vivendo?
A m�sica tem esse poder de salvar a gente. A m�sica e o cinema. Isso virou a v�lvula de escape. Quem nunca esteve mal e pegou uma m�sica para tentar se alegrar ou se lembrar de coisas boas, momentos bons? O Curta Circuito deste ano � t�o lindo, tantas hist�rias de m�sicas e de m�sicos que fazem a gente mergulhar nesse universo. � uma �tima forma de fugir da realidade, de pausar e respirar, n�o pensar nas coisas que est�o acontecendo l� fora. O mundo est� pesado e acredito muito no poder do cinema e da m�sica: os dois juntos s�o uma coisa sensacional.

A proposta desta edi��o � mostrar que a m�sica no cinema � muito mais do que trilha sonora?
Fizemos uma parceria muito legal este ano que est� rendendo bons bate-papos. Convidamos os nossos amigos do Musimagem – Associa��o de Compositores do Audiovisual Brasileiro, respons�veis pelo Festival Musimagem, para fazer os debates com os nossos cr�ticos.
� uma oportunidade �nica de entender novas hist�rias, muito mais do que trilha sonora: a revolu��o, a resist�ncia, o contexto hist�rico em que essas m�sicas estavam. S�o duas vis�es de cada filme completamente diferentes que se misturam e se agregam. Foi uma surpresa linda fazer essa conex�o entre os compositores e os nossos cr�ticos.

Quando voc� pensa em m�sica e cinema, quais s�o as suas maiores emo��es e por qu�?
Quando penso em m�sica e cinema, sempre me v�m � mente as sess�es mais emblem�ticas do Curta Circuito, porque as sess�es que est�o no nosso cora��o sempre tinham a m�sica.
A sess�o linda de “Loki”, em que o p�blico come�ou a cantar a “Balada do louco” no meio de cinema, vimos o p�blico cantar junto com o filme, aquilo foi de arrepiar, foi um dos momentos mais bonitos.
Outro momento tamb�m muito legal foi quando trouxemos o “Admir�vel mundo novo baiano”, que contava a hist�ria dos Novos Baianos. Tivemos a grata presen�a do Pepeu Gomes e me lembro de que era a primeira exibi��o que ele veria do filme. Logo em seguida da sess�o, ele fez um pocket show com as m�sicas, contando as hist�ria, e foi incr�vel! Todo mundo estava ali para escutar o Pepeu e cantar Novos Baianos. Foi uma sess�o de arrepiar!
E todo mundo vai lembrar de Sidney Magal, n�? Ele tem esse poder de mexer com a plateia, da m�sica te levar para um lugar bom. A m�sica dele continua sendo atemporal, o que mais se canta em festas s�o as m�sicas de Sidney Magal. Rever um filme que foi feito h� 40 anos, com a presen�a dele,  foi muito emocionante: para ele e para a gente tamb�m. As l�grimas que rolaram dele foram emocionantes. A m�sica e o cinema provocam isso. Nunca vou me esquecer dessas cenas do Curta Circuito, desses encontros.
Pensamos muito em como transformar esses encontros no momento virtual, temos trabalhado muito, inclusive na nossa comunica��o, em como confortar o p�blico neste momento t�o dif�cil e demonstrar acessibilidade ao Curta Circuito  para as pessoas. Este ano � uma edi��o cheia de carga de resist�ncia, de for�a, de luta, mas ela � leve. � um Curta Circuito leve.

Muita coisa j� est� voltando (lentamente) dentro de protocolos rigorosos. Por que n�o deu para a  mostra retornar ao presencial? E qual a sua expectativa de retorno?
Toda a equipe acredita que s� poderemos retornar ao presencial quando todos estiverem vacinados. Parte da equipe ainda n�o tomou a segunda dose e tem aqueles que v�o tomar a terceira dose. Ent�o, temos muito cuidado. Trabalhamos com v�rios filmes antigos, o que faz tamb�m com que nossos convidados j� tenham uma certa idade.
Temos uma carga muito cuidadosa de precau��o com eles e com nosso p�blico, que tamb�m tem pessoas da terceira idade. Temos que ter cuidado e n�o fazia sentido para n�s fazer uma sess�o para 20 pessoas na plateia. Ent�o, optou-se por esta edi��o ser totalmente virtual. No ano que vem, se tudo der certo, voltaremos ao presencial, tamb�m com algumas coisas  h�bridas, pois a experi�ncia on-line foi muito enriquecedora.

Qual a import�ncia de Andrea e Carlos Ormond no projeto?
Quando assumi o Curta Circuito, n�o conseguia pensar em outra pessoa que n�o a Andrea Ormond.  Sou muito f� dela e de seu blog, o Estranho Encontro. Quando pesquisava sobre filmografia brasileira, sempre buscava por ela como refer�ncia e t�-la, juntamente ao Carlos, como curadores � um sonho. Eles s�o incr�veis, na pesquisa, no conhecimento de uma filmografia que n�o � t�o conhecida pelas pessoas. O trabalho deles de pesquisa de cinema brasileiro � fundamental. Temos muita sorte com nossa equipe, o Curta Circuito � mais que uma mostra, � uma fam�lia. S�o 21 anos de luta, de muito trabalho e muita dedica��o ao cinema brasileiro. S� tenho a agradecer a toda a equipe.

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