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Estado de Minas ENTREVISTA DE SEGUNDA

Produtora N� de Rosa chega � maturidade e completa 18 anos em fevereiro

M�rcia Ribeiro, fundadora da empresa, fala do impacto da pandemia sobre a cultura e revela hist�rias de Bob Dylan, Paul McCartney e Ozzy Osbourne em BH


07/02/2022 04:00

Samuel Rosa, a produtora Márcia Ribeiro, Criolo, Milton Nascimento, Henrique Chaves e Augusto, filho de Milton, durante a turnê Clube da Esquina
M�rcia Ribeiro com Samuel Rosa, Criolo, Milton Nascimento, Henrique Chaves e Augusto Nascimento durante a turn� 'Clube da Esquina', em 2019 (foto: Fotos: Acervo pessoal )

Como planejadora, M�rcia Ribeiro conta � coluna que fez in�meros trabalhos voltados para cen�rios futuros. “Mas jamais vislumbrei algo t�o abrupto e assustador como o momento que estamos vivendo”, diz. “Quest�es clim�ticas, de seguran�a e de guerras sempre estiveram mais presentes quando o assunto era o que poderia acontecer de mais assustador para a humanidade. Uma pandemia era algo impens�vel para mim.”

Apesar de tudo, M�rcia diz ter muito a comemorar no m�s dos 18 anos de sua produtora, a N� de Rosa. “Caminhar at� aqui neste pa�s e estar de p� p�s-pandemia � uma grande vit�ria. A N� de Rosa sempre atuou em todas as �reas da produ��o – cultural, corporativa, eventos de neg�cios e social. Essa capacidade nos permitiu atravessar o hiato que a cultura e o entretenimento ainda vivem. Atendemos grandes empresas no planejamento e execu��o de eventos e nos fortalecemos atrav�s desses trabalhos”, explica. “A cultura est� vivendo duas pandemias, a da COVID-19 e a da pol�tica brasileira. Ambas grav�ssimas.”

A N� de Rosa produziu centenas de shows em BH. Ela se lembra de hist�rias de Bob Dylan, Ozzy Osbourne e Dolores O’Riordan, desconhecidas dos f�s. “Bob Dylan de moletom caminhando por quatro horas no Parque Municipal para fugir dos jornalistas de plant�o na porta dos hot�is. Sim, hot�is. Mudamos cinco vezes de hotel para tentar desvencilh�-lo dos jornalistas. Passa tudo na cabe�a da gente. E se ele for assaltado no parque? E se a pol�cia abordar aquele sujeito de capuz caminhando sem rumo pelo parque? Produtor sofre!”, diverte-se

Ozzy Osbourne protagonizou hist�rias hil�rias, como o aperto gigante da N� de Rosa para conseguir o SUV com as medidas exigidas pelo chefe da seguran�a dele. “Quando conseguimos, ele n�o aprovava os motoristas bil�ngues selecionados. De repente, escolhe meu irm�o, dono da SUV, para dirigir o carro. Meu irm�o n�o fala nem bom-dia em ingl�s, nunca tinha ouvido uma �nica m�sica do Ozzy. Ele me ligou da porta do hotel: 'Este cara � louco? A produ��o est� aqui explicando que n�o sou motorista e ele continua insistindo que s� aceita se for eu'. Enfim, por contrato, n�o pod�amos fazer fotos e nem pedir que ele autografasse nada. O Ozzy conversou com o meu irm�o o trajeto inteiro – n�o me pergunte como – e ele pediu que autografasse uma pilha de cartazes que v�rias pessoas haviam pedido.”

Dolores O'Riordan (The Cranberries) amou o p�blico mineiro. “Ela se emocionou com a plateia, que cantava todas as m�sicas. Gostou tanto que n�o quis ir embora no dia seguinte. Pediu para alterar a agenda e ficar um pouco mais por aqui. Quis fazer um dia de beleza. Como os sal�es fecham �s segundas, tivemos a sorte de conseguir uma f� que abriu o sal�o com exclusividade. Que bom que fizemos esse mimo para esta artista t�o �mpar”, diz M�rcia.
ProdutoraMárcia Ribeiro
M�rcia Ribeiro diz que cultura lida com as pandemias da COVID-19 e da pol�tica brasileira

Lulu Santos e v�rios artistas adiaram shows devido � pandemia. Como o produtor est� vivendo diante das indefini��es provocadas pela �micron?
Vivemos um momento de desinforma��o, fake news, falta de clareza e responsabilidade nas diretrizes que deveriam ser tomadas pelas autoridades competentes. O p�blico est� confuso com tanta desinforma��o. E o setor de cultura e entretenimento � merc� das vontades pol�ticas ocasionais. A ci�ncia j� sabe e demonstrou o que � necess�rio para evitar a transmiss�o do v�rus: vacina��o, uso de m�scaras, higiene das m�os e n�o aglomera��o. Precisamos confiar na ci�ncia e estabelecer as regras de funcionamento do setor com responsabilidade. Cancelamentos e adiamentos n�o deveriam ser mais uma alternativa para eventos. Assim como todos os outros setores da sociedade e da cadeia produtiva, precisamos trabalhar.

Em 18 anos, a produtora trouxe mais de 100 shows nacionais e internacionais a BH. Quais deles foram muito especiais para voc�?
O primeiro show do Paul McCartney ser� sempre uma das melhores lembran�as. Somos uma cidade que sonhava em receber um Beatle. O Clube da Esquina nos fez sonhar com isso. Por toda a luta que travamos para trazer este show, posso dizer que ele merece o lugar de destaque que sempre ser� revisitado. Paul � um ser humano muito especial. Deixou belas hist�rias aqui. O que dizer dele andando de bicicleta na Pampulha e ningu�m t�-lo reconhecido? Vou citar outro gigante, Roger Waters, porque acho o show e a vinda dele cheios de significados hoje. Olhando pra tr�s, parece que ele j� estava vendo o Brasil melhor do que n�s. Foi valente ao enfrentar a plateia, j� dividida politicamente naquele momento no Brasil. A arte tem um poder enorme, o palco � um lugar sagrado. Por �ltimo, vou citar Pedro Cardoso. Pessoa singular. Trabalhamos algumas vezes e aprendi a admir�-lo e a respeit�-lo muito. Um grande profissional e um ser humano espetacular. Pedro me ensinou que o meu trabalho era t�o importante quanto o dele, nem mais nem menos.

Como est� a negocia��o de shows internacionais? O negacionismo do governo federal afasta essas possibilidades?
Poucas vezes negociamos diretamente com a atra��o. Normalmente, somos parte da rede de produtores internos. Sobre negacionismo, o Brasil tem destaque nessa bestialidade, mas n�o somos os �nicos. O mundo est� passando por processos similares. Conta a nosso favor a popula��o ter aderido � vacina��o. Esse � o nosso trunfo. Sem isso, ser�amos isolados, com certeza. O Brasil tem tradi��o. Os grandes festivais nos credenciaram como pa�s com grande capacidade de receber as grandes turn�s.

Como voc� v� a pol�tica cultural do governo federal?
� t�o terr�vel falar sobre isso. Dolorido mesmo. Espalhar uma inverdade para pessoas sem ou com pouco conhecimento � o mesmo que dar arma para jovens doutrinados, como fazem os extremistas mundo afora. Sinceramente, quero acreditar que este � o �ltimo ano dessa loucura toda. Espero fazer parte do grupo de pessoas que ajudar�o a colocar cada coisa em seu lugar e seguir no caminho que est�vamos construindo, pol�ticas culturais s�rias, justas e inclusivas. Ainda est�vamos engatinhando, muita estrada para caminhar, mas era um caminho. Hoje n�o temos nada. N�o h� pol�tica cultural no Brasil de hoje.

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