MPB4 e Kleiton & Kledir: o prazer de cantar juntos

Nas rede sociais, o violeiro Chico Lobo fez uma declara��o emocionada sobre o show que uniu, no Sesc Palladium, o MPB 4 e a dupla Kleiton & Kledir. “A cada n�mero, um aperto no peito, uma vontade de chorar um choro bom, de emo��o, de arrepio.

Juntos ou em momentos separados, n�o importava, a unidade estava l�. Afinal, s�o 40 anos de amizade”, escreveu resumindo bem o sentimento de todos que, por cerca de uma hora e meia, se emocionaram com “C�lice”, do repert�rio de Chico Buarque, que volta a ter significado importante; se divertiram com “Maria fuma�a”, um dos sucessos da dupla nos anos 1980; e, claro, "Vira virou", que, no bis, ganhou participa��o especial com Esther, que concorreu ao The Voice Kids com a can��o.

Em cena, as hist�rias de 40 anos de amizade entre MPB 4 e Kleiton & Kledir revelou tamb�m um pouco da hist�ria do pa�s, ora com seriedade, ora com humor. Boa parte da plateia ficou surpresa quando Kledir contou a liga��o de Aquiles Reis com Betinho, na cria��o, em 1993, da A��o da Cidadania contra a fome, a mis�ria e pela vida.

O m�sico ga�cho lamentou o fato de que, tantos anos depois, o Brasil ainda est� na mis�ria. “Mas que bom que ainda exista movimentos como a A��o da Cidadania”. Foi aplaudido com respeito.

E foi durante o lan�amento do movimento, nos anos 1990, que Kledir lembrou uma hist�ria de Aquiles, que provocou risos na plateia. No encerramento de um evento que prop�s jejum de 24 horas no Parque Lage, juntaram muitas pessoas e, de repente, entram hare krishnas. “De repente, vejo Aquiles, sempre s�rio e muito discreto, dan�ando atr�s deles como se n�o houvesse amanh�”, brincou, para divers�o do p�blico.

A turn� marca os 40 anos de amizade dos m�sicos e isso fica bem claro no in�cio do repert�rio,  que re�ne “Can��o da Am�rica”, “Semeadura”, “Amigo � para essas coisas”.  O primeiro encontro dos ga�chos com o quarteto foi no Teatro Tuca, em S�o Paulo.

“Eles entravam s� no meio do show. E, j� na estreia, arrasaram com aquela m�sica linda”, disse em refer�ncia a “Vira virou”. Na coxia daquele show, nos idos 1990, Miltinho lembra uma frase que Rui disse. “Acho que daqui a pouco vamos ter que abrir o show para esses caras”. 

Kledir reconhece que muito antes do MPB 4 gravar “Vira virou” e transform�-la em sucesso no Brasil, ele e o irm�o tinham grande admira��o pelo grupo desde o in�cio da forma��o musical dele e de Kleiton. “Que essa amizade seja eterna”, declarou.

Kleiton e Miltinho revelaram curiosidades na forma de compor de Chico Buarque, que, por muitos anos, fez show acompanhado pelo MPB 4. “Quando o letrista recebe uma m�sica, memoriza a melodia repetindo como mantra at� achar as palavras. O Chico desenvolveu uma t�cnica muito especial, s� dele, que se chama a letra monstro. Ele inventa qualquer coisa para guardar o tamanho, a m�trica dos versos e acentua��o t�nica da melodia. Depois, descarta e come�a a colocar as frases reais”, disse Kledir.

Miltinho descobriu essa t�cnica no susto quando um dia recebeu liga��o de Chico Buarque pedindo uma m�sica que ele tinha ouvido 10 anos antes. “Estou querendo fazer uma letra com aquela melodia que voc� fez. V� se � isso a�: 'Rabo de tatu que mora l� na marambaia.'” Era a letra monstro da qual surgiu “Ang�lica”, homenagem dele para Zuzu Angel.

Chico Lobo escreveu em sua rede social: “Quando esse show passar na sua cidade, n�o perca. N�o deixe de assistir. � um mergulho certeiro no melhor de nossa MPB”.