Personalidade das artes e da cultura, Priscila Freire completa 90 anos. A data ser� comemorada neste s�bado (26/8), no fim do dia, na Ch�cara Santa Eul�lia, no Bairro S�o Bernardo. No bate-papo com a coluna, a aniversariante confessa que detesta "parab�ns pra voc� e velinhas para soprar". Festeira, ela j� foi em priscas eras. Lembra que sua festa de anivers�rio mais recente foi h� 10 anos. “Oitenta anos com meu querido irm�o g�meo, que se despediu de n�s.”
Sobre os preparativos para hoje, ela adianta que haver� "luzinhas no meio do mato como inquietos vagalumes" e "pedindo a Deus para n�o chover". A maioria dos convidados, segundo Priscila, s�o jovens ligados � cultura e � arte. “Mesmo porque da minha idade e nas proximidades, s�o poucos”.
Priscila n�o v� dificuldades em preparar a lista de convidados. “Sem problemas, � s� recorrer ao WhatsApp”, diz. Sobre o servi�o, revela que ser�o comidinhas enfeitadinhas. “E espumantes para levantar os cora��es e os brindes”, afirma.
Priscila Freire n�o est� sozinha na organiza��o da festa. Conta com o bom gosto de Jo�o Uchoa e B�rbara Figueir�, “arquitetando solu��es”, e com Gavone, sua fiel escudeira.
Como a senhora se sente ao completar 90 anos? Ao longo da sua vida, talvez na adolesc�ncia ou no in�cio da fase adulta, pensou em completar nove d�cadas de vida? Fez ou fazia planos para este momento?
Nunca perdi tempo pensando at� quando ia viver. A vida e seus of�cios j� tomam tempo suficiente.
Quais os momentos da cultura no pa�s, em Minas ou BH marcaram sua vida?
Na superintend�ncia de Museus, trafeguei pelo estado de Minas. Fui atendendo �s demandas e sa� por a� criando museus, a ponto de o secret�rio me proibir de viajar sem dizer para onde ia... Quando me chamavam, nunca perguntei qual o partido, me achava na obriga��o de ajudar. E assim foram surgindo museus: Dona Beja em Arax�, Museu Regional de Campanha, Museu Guignard em Ouro Preto, Museu Alphonsus de Guimar�es em Mariana, Museu Guimar�es Rosa em Cordisburgo. E mais um, que sucumbiu quando sa�, o museu fluvial que deveria percorrer o Rio S�o Francisco, construindo uma rede cultural com as popula��es ribeirinhas. O barco a vapor Benjamim Guimar�es tinha acabado de ser restaurado pela Franave e fizemos a primeira viagem, que deveria ter continuidade.
Com o avan�o da idade, a dist�ncia da finitude diminui. Como a senhora lida com essa matem�tica?
N�o tenho medo de morrer, desde que deixe o meu mundo arrumadinho. � o que venho fazendo. Ainda n�o est� pronto, mas bem perto de ficar como eu quero.
Se estivesse ocupando cargo nas tr�s esferas p�blicas, o que considera vital para incrementar o acesso � arte e � cultura?
Educa��o. Ningu�m pode entrar e sair de um museu sem saber o que viu, ningu�m deve ler um texto sem entender o que leu, ningu�m pode viver num pa�s sem saber que pa�s � esse.
J� pensa na festa dos 100 anos?
Ah, Helv�cio! Eu sei l� para onde vai navegar meu barco. Com certeza, num mar de nuvens...