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Estado de Minas HENRIQUE PORTUGAL

Preconceito silencioso contra a classe art�stica

Sou artista porque escolhi ser; espero que todo este tempo de confinamento esteja sendo utilizado para nos tornarmos pessoas melhores


19/12/2020 04:00 - atualizado 19/12/2020 07:19

Trabalhar com entretenimento � saber que a qualquer instabilidade econ�mica o seu neg�cio ser� afetado imediatamente e a volta dos contratos s� acontecer� quando tudo j� estiver normalizado. Isso n�o est� acontecendo s� agora. As pessoas, de uma forma geral, cortam a divers�o e passam a gastar somente com insumos b�sicos at� tudo voltar � normalidade. Isso sempre foi uma op��o de cada um, e nunca uma decis�o pol�tica.

O que estamos vendo na pandemia � o fechamento de bares, restaurantes e casas de show a qualquer aumento estat�stico de ocupa��o de leitos hospitalares dedicados ao coronav�rus. N�o vejo esse cuidado excessivo na ocupa��o dos transportes p�blicos e tamb�m no movimento dentro dos shoppings, que s�o ambientes fechados e com frequ�ncia alta de pessoas, assim como eventos e shows.

A divers�o e o prazer, historicamente, sempre foram considerados atividades de segunda classe. Na maioria das grandes cidades, as �reas musicais, bares e a prostitui��o ficam pr�ximas fisicamente. Afinal de contas, s�o profiss�es que t�m uma grande rela��o com a noite. Onde tem divers�o, tem m�sica, bebida e sexo. Essa � a regra b�sica da humanidade. S�o os bord�is parisienses no Pigalle, s�o as tabernas da idade m�dia e os pubs ingleses, somente para citar alguns.

Alicia Keys falou recentemente que a m�sica a salvou da prostitui��o e das drogas. A arte, assim como o futebol, sempre foram as op��es para a ascens�o de pessoas de bairros mais pobres. O Maradona disse certa vez que o tiraram do seu bairro simples, mas n�o o ensinaram como viver fora dele. Escutei de Elza Soares, uma vez que lhe perguntaram de onde ela veio para ter tanta vontade e for�a, uma resposta simples: “Eu vim do planeta fome”.

Citei somente nomes que, com seu talento, garantiram o sustento da fam�lia e fizeram milhares de pessoas sonharem. Ser artista n�o � uma op��o; � uma escolha de vida. Os que alcan�am o sucesso s�o celebrados, mas os que param no meio do caminho s�o desprezados.

Falamos tanto hoje em dia de preconceito, mas temos v�rios deles entrela�ados em nossa cultura. Desde express�es que utilizamos de forma negativa, como “lista negra”, “caixa- preta”, “isso n�o est� claro”, at� o preenchimento de uma ficha de banco, na qual colocar que sou economista � mais valorizado que p�r que sou m�sico.

Sou artista porque escolhi ser. Eu espero que todo este tempo de confinamento esteja sendo utilizado para nos tornarmos pessoas melhores. O mundo precisa de mais prop�sito e menos hipocrisia. Acabei de ver um v�deo do professor L�cio Fonseca no TEDx Savassi, no qual ele cita a import�ncia de artistas como Elvis Presley na mudan�a do comportamento dos jovens. Precisamos de mais arte para ter liberdade de questionar os padr�es que nos prendem ao passado.

A estrutura do ensino ficou travada durante v�rias d�cadas e agora est� tentando se modernizar a toque de caixa. O futuro e a nossa sobreviv�ncia est�o na criatividade. N�o ser� decorando um texto para obter uma boa nota que proteger� voc� do vem que pela frente.

A m�sica � um segmento muito forte no Brasil. Voltamos a ter relev�ncia no mercado mundial por conta de ser viciados em redes sociais e ter nos adaptado rapidamente com o YouTube e os players digitais de m�sica. Somos um dos poucos pa�ses onde a sua pr�pria m�sica � mais tocada do que m�sicas anglo-sax�nicas. As grandes empresas do segmento est�o de olho no que estamos fazendo por aqui.

Um grande amigo, dono de um fundo de investimento, me disse certa vez que dever�amos assumir que somos os melhores do planeta em fazer comida e festa. O agroneg�cio nos tornou o celeiro do mundo e somos �timos em fazer m�sica animada. Se assumirmos as nossas aptid�es naturais, seremos mais respeitados mundo afora.

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