Navegar � preciso, viajar n�o � preciso

Eu me lembro do dia exato que entendi essa frase. Eu j� havia escutado diversas vezes, mas nunca dei muita aten��o, afinal eu era adolescente e estava preocupada com outras coisas. Mas um dia, na sala de aula, lembro que a professora olhou para mim e perguntou o que significava, e de repente parece que uma chave virou na minha cabe�a. Ok, a frase n�o era exatamente essa. Era a original: “navegar � preciso, viver n�o � preciso”. Mas tenho certeza que muita gente concorda comigo que o mesmo racioc�nio vale para o nosso tema central, as viagens. 

Sempre que algu�m me pergunta de algum destino tur�stico, sobre o que eu acho, se eu j� fui e se gostei ou n�o, eu sempre inicio respondendo a mesma coisa: - Posso at� te falar da minha experi�ncia, mas se voc� est� com vontade de ir, tem que ir, independente do que as pessoas te falarem. 

E digo isto, porque cada viagem � �nica. Podemos ir diversas vezes para o mesmo lugar e termos experi�ncias completamente diferentes. Da mesma forma que uma viagem para um determinado lugar pode ser incr�vel para uma pessoa, e detest�vel para outra. Viagens s�o como documentos, pessoais e intransfer�veis. Entretanto, � claro que no momento de planejar uma viagem � importante buscar informa��es sobre o destino, os passeios, a seguran�a, hospedagens e gastronomia local. Saber a experi�ncia de quem j� foi tamb�m faz parte da fase pr� viagem. 

E � nesse sentido que essa frase se encaixa na beleza de viajar. Para navegar, para viver e para viajar � necess�rio planejamento, mas quando falamos de precis�o, a� n�o h� certeza alguma em se tratando da vida, e das viagens. Mesmo depois de muito planejamento, quando arrumamos as malas e colocamos os p�s para fora de casa, quase tudo que nos espera � a incerteza. Ser� que o hotel � igual as fotos da internet? Afinal haviam avalia��es positivas e negativas. Ser� que a comida � gostosa? E as pessoas de l�? Ser�o receptivas e hospitaleiras? E aquele atrativo? Ser� do tamanho que eu imagino? E esse friozinho na barriga antes de viajar, � o que torna tantas pessoas viciadas em viajar. Porque por mais que uma pessoa seja experiente e viajada, sempre h� a incerteza do desconhecido.

Por outro lado, os destinos e empreendimentos tur�sticos, devem cuidar para que as incertezas dos seus turistas se concentrem apenas no intang�vel e nas expectativas. Pois para quem trabalha com turismo, tem que existir planejamento s�rio e redu��o ao m�ximo de riscos. Deve-se planejar e agir a todo momento no intuito de surpreender positivamente. E lembrar sempre, que quem atua nesta �rea n�o est� ali a passeio. Que n�o “mexe” com turismo, e sim trabalha com turismo. E trabalhar com turismo � saber levar a s�rio o imagin�rio das pessoas e transformar em experi�ncias fant�sticas, expectativas criadas, �s vezes, ao longo de uma vida inteira. E por mais que um destino tenha mestres, doutores e grandes empres�rios cercados de equipamentos t�cnicos, tal qual instrumentos de navega��o, � importante entender que o turismo s� funciona em rede. De nada adianta o melhor hotel, se o atrativo est� fechado, ou a melhor praia, mas a comida ruim.

Portanto, a voc�, destino tur�stico, eu tor�o para que seja poss�vel trabalhar em conjunto, entender que cada um comp�e sua experi�ncia. E que se n�o houver a precis�o de um excelente GPS, h� um s�rio risco de naufragar. J� a voc�, viajante, eu desejo experi�ncias incr�veis, em destinos organizados, mas que saibam manter a magia e o friozinho na sua barriga. Porque no fim das contas, navegar continua sendo preciso, mas viajar, tanto quanto viver, n�o � preciso. E n�o � essa a melhor parte?!

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