
O CEO do Cruzeiro, Vittorio Medioli, pediu demiss�o. Primeiro, por causa da incompatibilidade com o cargo de prefeito de Betim e o estatuto do clube. Segundo, por perceber que o buraco em que o clube entrou � mais profundo do que se imaginava. Ele diz que “o Cruzeiro precisa de um interventor amparado pela Justi�a, com autoridade para executar o que for preciso, doa a quem doer”. Desde maio, quando o programa da TV Globo Fant�stico denunciou os desmandos e as falcatruas da diretoria, o clube est� sob investiga��o da Pol�cia Civil e do Minist�rio P�blico sem que alguma conclus�o tenha sido tomada: condenar ou inocentar os acusados.
A sociedade de bem e a torcida azul exigem uma satisfa��o, pois h� ind�cios de que os cofres do clube tenham sido assaltados. O Cruzeiro, segundo Medioli, s� tem uma solu��o: virar clube-empresa e contar com a ajuda pol�tica para que isso se torne realidade. A situa��o � de insolv�ncia. “Sobrou uma massa em decomposi��o, um clube aniquilado financeiramente, enquanto ex-dirigentes esbanjavam sa�de e alegria”, diz.
Sempre defendi o afastamento imediato dos acusados, at� para que tivessem a chance de se defender fora do cargo. Por�m, a vaidade e outras coisas mais n�o permitiram. A arma usada por eles foi amea�ar pessoas e manter calados aqueles que lhes eram subservientes. Deu no que deu. Dever�o responder pelos crimes e h� possibilidade de serem presos. N�o se brinca com uma paix�o. O Cruzeiro n�o deve mais nem menos que a maioria dos clubes brasileiros, desorganizados, desestruturados, com gest�es amadoras. Por�m, mais grave que gest�o amadora � gest�o irrespons�vel e corrupta. Futebol � coisa s�ria. N�o � para amadores ou quem quer usar o clube em benef�cio pr�prio. O bom gestor � aquele que n�o p�e um centavo no clube e nem tira. � aquele que busca alternativas, que contrata gente s�ria, comprometida com os gastos.
H� muito o futebol brasileiro vive nessa gangorra. Os dirigentes gastam o que n�o t�m para fazer m�dia com torcedores e empurram as contas para o sucessor, que empurra para o outro e para o outro. Todos os clubes brasileiros, sem exce��o, fazem ou fizeram isso at� que em alguns deles chegou gente s�ria e deu um basta nessa irresponsabilidade. N�o d� mais para um clube de futebol ser tocado de forma amadora. Tem que ter or�amento. Tem que ter um CEO que entenda de finan�as e que saiba que n�o se pode botar Nova York dentro de Nova Lima.
Os grandes times brasileiros foram formados por jovens da base. Por�m, para alguns aproveitadores, � mais f�cil contratar ex-jogadores em atividade e fazer parceria com empres�rios que investir nas categorias inferiores. O que os jogadores comentam sobre a divis�o de negocia��es entre empres�rios e diretores de futebol � vergonhoso. Essa promiscuidade tem que acabar. Os clubes tornando-se empresas haver� um CEO respons�vel por negocia��es, com transpar�ncia. A figura do diretor de futebol ser� extinta, pois n�o haver� fun��o para esses caras.
O Cruzeiro formou um conselho gestor de gente s�ria, mas ningu�m vai p�r seu patrim�nio pessoal � disposi��o. O conselho vai gerir com m�o de ferro, buscando alternativas no mercado, fazendo trocas de jogadores, procurando talentos na base. N�o h� outra alternativa. O Cruzeiro sucumbiu por m� gest�o, por apropria��o ind�bita, por corrup��o, por falcatruas. Zerou e agora o conselho gestor determinou teto salarial de R$ 150 mil para os jogadores. � dif�cil fazer isso no futebol e, principalmente punir quem tem hist�ria no clube, que deu sangue e suor em campo. Os sal�rios dos atletas no Brasil s�o irreais, por�m, quem acordou em pagar tem que cumprir. N�o pode haver redu��o unilateral, sob pena de o clube levar ferro na Justi�a.
Com folha salarial perto de R$ 20 milh�es, o Cruzeiro cometeu uma das maiores irresponsabilidades da sua hist�ria. Est� quebrado, maltratado e arrasado. Por�m, ainda � o grande Cruzeiro. Uma institui��o gigantesca, de quase nove milh�es de torcedores, que precisa dar a volta por cima. Que os respons�veis pela quebra sejam punidos. Que o time se restabele�a, pois, hoje, os jogadores se reapresentam.
� preciso separar a parte administrativa do trabalho em campo. Adilson Batista e os jogadores precisam de tranquilidade para tra�ar o planejamento para a Segundona, que n�o ser� f�cil. Os grandes clubes que ca�ram subiram no ano seguinte � queda, e se o Cruzeiro n�o voltar � elite ser� ainda mais tr�gico e vergonhoso, principalmente por 2021 ser o ano do seu centen�rio.
� preciso separar a parte administrativa do trabalho em campo. Adilson Batista e os jogadores precisam de tranquilidade para tra�ar o planejamento para a Segundona, que n�o ser� f�cil. Os grandes clubes que ca�ram subiram no ano seguinte � queda, e se o Cruzeiro n�o voltar � elite ser� ainda mais tr�gico e vergonhoso, principalmente por 2021 ser o ano do seu centen�rio.