
Bob Faria est� de casa nova. Aos 52 anos, dos quais dedicou 30 principalmente � carreira no r�dio e na televis�o, o jornalista inicia uma nova trajet�ria, agora como colunista do Estado de Minas e do portal Superesportes. A estreia ser� amanh�, nos dois ve�culos. Bob assinar� os espa�os no impresso e no on-line sempre �s ter�as-feiras, e ainda produzir� colunas especiais para o Superesportes ap�s os principais jogos do meio de semana e de s�bado ou domingo.
“Recebi esse convite com uma grande honra! Sempre soube que escrever para o Estado de Minas n�o � pra qualquer um. � sin�nimo de credibilidade, liberdade, e faz parte da hist�ria, n�o s� do estado, mas do pa�s. Sempre fui leitor e admirador do jornal. Orgulho enorme tamb�m de ter esse espa�o no Superesportes, pois sou leitor di�rio. O portal � uma refer�ncia n�o s� para o p�blico, mas para todos os profissionais da �rea esportiva”, declarou.
Filho de Osvaldo Faria, hist�rico comentarista da R�dio Itatiaia, que faleceu em 2000, Bob deu os primeiros passos no jornalismo aos 15 anos, como operador de �udio. Na emissora mineira, ele passou por v�rias fun��es. “Em 1992, tornei-me rep�rter. Lembro-me com orgulho de ter feito a cobertura do sorteio da Copa do Mundo de 1994. Fiquei na Itatiaia at� 2000 fazendo torneios nacionais e internacionais. Da� em diante me transferi, j� como comentarista, para a R�dio Globo. E, em 2003, fui para a TV Globo, onde fiquei at� o fim de 2021. No grupo, exerci n�o s� a fun��o de comentarista, mas tamb�m de apresentador na Globo e no Sportv”.
Em suas colunas, no Estado de Minas e no Superesportes, Bob Faria pretende encontrar o equil�brio entre opini�o e boas hist�rias. “Quero trazer reflex�es sobre o impacto do esporte na nossa vida cotidiana. N�o podemos deixar de pensar que o esporte, o futebol em particular, � um simulacro quase completo das nossas rela��es sociais. O ser humano est� representado ali. Ent�o � um grande desafio encontrar as melhores hist�rias, dentro do dia a dia do jogo, das competi��es, das not�cias. Todo jogo tem uma hist�ria para ser desvendada, que vai muito al�m do que vemos no rolar da bola. Achar esse vi�s � que me encanta”.
Embora tenha constru�do sua carreira no r�dio e na TV, Bob conta que sempre teve rela��o muito pr�xima com a escrita. Agora, ter� a chance de desenvolver essa pr�tica que tanto gosta. “Escrever sempre foi um grande prazer para mim. Acredito no poder da palavra. Uma das coisas que mais me encantam � o fato de que enquanto l�, a pessoa est� consumindo as palavras que algu�m escreveu, mas est� fazendo aquilo com a sua pr�pria voz! Estabelece-se uma rela��o muito �ntima entre quem escreve e quem l�. Isso � m�gico”.
Al�m de escrever para o EM e para o Superesportes, Bob tamb�m far� sua estreia hoje como comentarista da R�dio 98FM. Ele passa a integrar a equipe das transmiss�es e dos programas da emissora. Assuntos n�o faltar�o nesta semana de estreias de Bob Faria. Atl�tico e Cruzeiro confirmaram vaga na final�ssima do Campeonato Mineiro. J� nos bastidores, o Conselho Deliberativo celeste est� a uma semana de definir pela aprova��o ou n�o da venda das a��es da Sociedade An�nima do Futebol (SAF) a Ronaldo. O colunista analisa esses e outros assuntos na entrevista a seguir:
Voc� � m�sico e tem forte liga��o com o rock. Paralelos entre futebol e o universo musical tamb�m poder�o ser encontrados na sua coluna semanal?
N�o tenha d�vida. Assim como o futebol, a m�sica tamb�m � uma representa��o da alma humana. Eu n�o viveria (ningu�m viveria, eu acho) sem m�sica. Acordes e bolas est�o ligados de maneira irremedi�vel. S�o partes fundamentais do mesmo universo.
J� entrando no tema futebol, como projeta a decis�o do Mineiro entre Atl�tico e Cruzeiro em jogo �nico?
O cl�ssico � um desses jogos que n�o acaba nunca. Come�ou um dia e vai durar pra sempre, independentemente da situa��o atual de cada time. As for�as m�gicas envolvidas nessa realidade costumam equilibrar as coisas. Dessa vez, n�o acho que ser� diferente. Ainda mais valendo t�tulo. E nem adianta dizer que � s� o t�tulo do estadual. � uma conquista! Tem seu valor.
Quais as suas impress�es sobre o in�cio de ano de Am�rica, Atl�tico e Cruzeiro e o que espera de cada um na temporada?
Acho que cada um tem metas muito diferentes! O Am�rica est� vivendo um sonho. Sonho que se transformou em realidade pelo belo trabalho que fizeram nos bastidores e pela compet�ncia de alguns treinadores que passaram pela equipe recentemente, como o Lisca e o Vagner Mancini. A soma desses fatores d� ao Am�rica a possibilidade de pensar grande.
O Atl�tico vive o desafio de manter-se no topo, manter-se na condi��o real de melhor time do Brasil. E tem tudo pra isso. Tem recursos at� ent�o bem administrados, tem um elenco rar�ssimo de se conseguir montar e a possibilidade de reinar no topo das competi��es.
O Cruzeiro, depois de muito tempo, tem algo que faltava. Tem esperan�a! O time me parece melhor que o das �ltimas temporadas e a possibilidade m�nima de ter a casa em ordem pode refletir em campo. O caminho de volta � �rduo, mas n�o vejo como imposs�vel. Muito pelo contr�rio. Se ningu�m de dentro atrapalhar, tem tudo para voltar ainda este ano para a primeira divis�o.
Que an�lise faz do Am�rica na Libertadores e na S�rie A?
Acho que fez certo o Am�rica ao dar prioridade � competi��o continental. Poucas equipes podem se dar ao luxo de batalhar em duas frentes t�o distintas com o mesmo empenho. E valeu a pena. A conquista da vaga na fase de grupos � hist�rica para o time. Campeonato estadual tem de novo o ano que vem.
O que achou do sorteio da Libertadores, que colocou Atl�tico e Am�rica no mesmo grupo?
Preferia que tivessem ficado em grupos diferentes. Para o Am�rica, principalmente, ficou pior. Se vai economizar na log�stica, ter� que enfrentar um dos favoritos ao t�tulo. Mas acho bem poss�vel que os dois se classifiquem. N�o seria nenhum absurdo.
Qual a sua avalia��o at� aqui do trabalho do argentino ‘El Turco’ Mohamed, novo treinador do Atl�tico?
J� ganhou muitos pontos ao n�o querer mudar dramaticamente o que vinha dando certo. Isso traria n�o s� uma ruptura no sistema de jogo, mas principalmente na cultura interna j� absorvida pelos jogadores. Mesmo sendo argentino, ele age de maneira bem mineira. Vai aos pouquinhos colocando seus pensamentos, sem criar grandes tremores. � um bom treinador e acho que tem capacidade de lidar com esse elenco campe�o.
E o que diria do uruguaio Paulo Pezzolano, que vem tendo bom in�cio de trabalho no Cruzeiro?
Est� fazendo um bom trabalho. Como j� disse, o Cruzeiro este ano tem algo que vinha faltando, que � esperan�a. E, junto a isso, acho que vem uma boa dose de confian�a tamb�m. Vejo um time jogando com mais energia, mais volume, mais fome de jogar. N�o tenho d�vidas de que isso � reflexo das possibilidades que se desenham fora de campo, mas tamb�m do entendimento do treinador. O grande trof�u do Cruzeiro este ano seria o acesso. Isso mudaria tudo. Traria o time � condi��o que de fato ele merece. Apesar das barbaridades que fizeram com o clube. Na Copa do Brasil, acho que ganhar o m�ximo de dinheiro poss�vel j� � uma boa meta.
V� outro clube em condi��o de ser t�o competitivo como o trio Atl�tico, Flamengo e Palmeiras no Brasileiro deste ano?
O futebol Brasileiro � muito din�mico. Sempre h� a possibilidade de algum time encontrar um encaixe e fazer frente aos mais poderosos. Mas � fato que poder financeiro (entenda-se com isso tamb�m administra��es respons�veis) est� criando uma dist�ncia competitiva entre os clubes.
Como tem acompanhado a pol�mica negocia��o de venda de 90% das a��es da SAF do Cruzeiro para Ronaldo? De tudo que leu, qual a sua conclus�o sobre o neg�cio?
Fico me perguntando onde estava a maioria dos conselheiros que hoje questiona t�o veementemente, enquanto o time era sucateado por a��es que o empurraram para o buraco. Claro que h� vozes entre essas que t�m at� algum lugar de fala, e alguns deles chegaram a ajudar. Mas a maioria n�o. Creio que a essa altura dos fatos, os conselheiros deveriam agir mais como facilitadores. O clube est� falido e precisa achar uma luz no fim do t�nel. Essa luz apareceu, mas ainda h� gente que acredita que � melhor viver na escurid�o.