
Um infectologista argentino diz que o ideal � a volta do futebol na Am�rica do Sul somente em dezembro, pois, segundo ele, as altas temperaturas, acima dos 27 graus, n�o permitem que o coronav�rus sobreviva sobre as superf�cies, nem que se espalhe no ar. Sou leigo no assunto, mas gosto de ouvir as autoridades m�dicas e sanit�rias. Tem gente que prefere dizer: “E da� se vai morrer gente, o que eu posso fazer”. Eu prefiro dizer: salvar vidas � o mais importante. Era isso que eu e todo brasileiro de bem esper�vamos ouvir do chefe da na��o.
O futebol brasileiro agoniza h� tempos, como escrevi ontem. Os clubes que t�m patrocinadores fortes, como o Palmeiras com a dona de uma empresa que empresta dinheiro a juros, n�o est� tendo tantos problemas para pagamentos de sal�rios, mas, ainda assim, vai se adequando � nova realidade. O Flamengo, que se dizia “rico”, est� demitindo funcion�rios humildes, para manter os altos sal�rios de Gabigol e cia, e para renovar com o mister, Jorge Jesus.
Uns priorizam a vida. Outros o lado financeiro. E ainda tem gente achando que depois da pandemia do coronav�rus, o ser humano vai mudar para melhor. Alguns, sim, outros, n�o. Aqueles que s� veem o poder do dinheiro e que acham que com ele podem comprar tudo, at� sa�de, v�o continuar com o mesmo pensamento. Vivemos um per�odo onde subcelebridades ganham milh�es de seguidores na rede social, por conta de participa��o em programas lixo.
Num passado muito legal, t�nhamos como �dolos Reinaldo, Zico, Cerezo, Dirceu Lopes, Alex talento e por a� afora. Hoje, os �dolos s�o Gabigol, Luan (lembram-se dele) e tantos outros jogadores inexpressivos. Nossos �dolos na m�sica eram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Renato Russo, Cazuza. Hoje s�o Anita, Ludmila e os Mcs. Nossos s�mbolos na pol�tica eram Ulisses Guimar�es, Crist�v�o Buarque. Hoje s�o Rodrigo Maia e Alcolumbre. Perceberam como tudo piorou?
O Brasil � um pa�s sem um grande �dolo – o �ltimo e mais importante no esporte foi Ayrton Senna –, e, por isso, estamos vivendo uma crise moral terr�vel. Bailes funks s�o um direito do pessoal que vive nas favelas e at� no asfalto. Mas n�o � correto vermos traficantes exibindo armas e as jovens rebolando a bunda at� o ch�o para satisfaz�-los. O futebol � apenas reflexo dessa sociedade sem valores morais, sem ber�o, sem amor ao pr�ximo. “Eu sou Messias, mas n�o fa�o milagres”. Essa � a palavra do chefe da na��o, e ela reflete o que parte da sociedade, doente, pensa. Tem gente insistindo pela volta do futebol, mesmo que isso represente mortes e mais mortes. “E da�, o que eu posso fazer?”
Sou um cara apaixonado pelo esporte bret�o. Mas n�o esse que temos visto nos times brasileiros. Falo daquele tima�o do Galo da d�cada de 1980. Do Cruzeiro de Alex Talento, do Flamengo de Zico, do Vasco de Roberto Dinamite, do Corinthians de S�crates e por a� afora. Ou, voltando um pouco mais, do Cruzeiro de Evaldo, Dirceu Lopes e Natal. Ou daquele de Jo�ozinho, Nelinho e Palhinha. Gente, t�nhamos, no m�nimo, dois craques por time. Hoje n�o temos nenhum.
Se n�o existisse Neymar, que � craque, mas parece n�o querer ser, n�o ter�amos nenhum craque brasileiro. Olha a que ponto chegamos! A� eu pregunto com sinceridade: voc�s, que s�o do bem, trocariam vidas pela volta do futebol atual? Claro que uma vida n�o vale a volta de futebol de �poca nenhuma. A vida em primeiro lugar. Uma partida de futebol envolve, al�m dos jogadores, t�cnicos, dirigentes e pessoas que trabalham no entorno. E se no jogo com port�es fechados os torcedores se aglomerarem do lado de fora do est�dio? Tudo isso tem que ser pensado. O futebol s� deve reabrir suas portas quando estivermos seguros de que o coronav�rus n�o vai matar mais ningu�m. Caso contr�rio, que fique congelado. N�o h� outra alternativa. A vida deve sempre estar em primeiro lugar.
H� dois meses tenho feito mat�rias sobre o coronav�rus para a R�dio Tupi, para meu canal no Youtube, para meu blog, no Superesportes, e tamb�m aqui neste espa�o. Sim, n�o podemos ficar insens�veis ao que acontece no Brasil e no mundo. Tenho o orgulho de dizer que sou jornalista, diplomado, e que trabalhei na geral, na TV Globo, mesmo na �poca em que eu fazia o Globo Esporte. Sempre estive � disposi��o do jornalismo. Outro dia um seguidor me disse que se o futebol acabasse, ficar�amos desempregados. Bobinho ele! Desempregados v�o ficar os que n�o fizeram universidade, n�o t�m diploma e que nunca trabalharam na geral. Ou os que s�o contratados pelas empresas, sem nenhuma qualifica��o. Os que s� sabem falar de futebol. Esses, realmente, correm riscos.
Vejam o show de cobertura da pandemia do coronav�rus que os profissionais aqui do Estado de Minas est�o dando. Arriscando suas vidas para informar melhor. Veja o banho de cobertura que os rep�rteres do esporte da R�dio Tupi est�o dando. Todos comprometidos com a not�cia. O Giro Esportivo, h� 32 anos no ar, programa de maior audi�ncia do r�dio brasileiro, comandado pelo brilhante Wagner Menezes, deixou o futebol de lado e nas duas horas no ar, das 22h � meia-noite, tem informado nosso ouvinte sobre a pandemia e suas consequ�ncias. Ouvindo autoridades m�dicas e sanit�rias, buscando sempre a melhor informa��o. Isso � jornalismo, e nos orgulha muito.
Temos a certeza de que esse pesadelo chamado coronav�rus, que est� matando centenas de milhares de pessoas, que destruiu a economia mundial, vai passar, e que o futebol voltar�. Gostaria que voltasse em outro plano, com dirigentes mais honestos, sem a figura in�til do diretor de futebol, sem jogadores med�ocres ganhando fortunas, sem t�cnicos enganadores ficando ricos em 3 anos. Sei que o futebol do passado n�o voltar� nunca mais. N�o h� craques no Brasil e no mundo. Os �ltimos s�o Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar. Os dois primeiros, consagrados e vencedores. O �ltimo, aos 28 anos, sem ter ganhado nada como protagonista.
Espero que essa parada sirva para motivar os jovens treinadores. Que eles tenham estudado, revisto alguns jogos do passado e aprendido alguma coisa. N�o d� mais para suportar essa linguagem do “pega, mata a jogada, d� porrada”. E chega de os clubes procurarem t�cnicos ultrapassados, s� pelo nome, pagando fortunas. O time a ser copiado � o Flamengo, por sua estrutura e pelo time e t�cnico que tem. Claro, JJ tem os melhores jogadores do pa�s, mas nenhum craque. Por�m, com tanta gente boa de bola, � poss�vel fazer um grande time, e ele fez.
E o que mais agradou aos verdadeiros amantes do futebol foi perceber que o Flamengo ganha jogando bonito, como no passado. Sem Zico, Ad�lio, J�nior e cia, mas com futebol de toque, de dribles, de tabelas, de gols. � s� isso que o torcedor quer. Claro, somente depois que tivermos seguros de que o coronav�rus estar� controlado. Aglomera��o, neste momento, ou jogos, ainda que com os port�es fechados, ser� um suic�dio. N�o importa se o futebol voltar� em junho ou dezembro. Que volte mais l�cido, mais transparente, mais qualificado e mais decente em todos os aspectos. Os torcedores do bem v�o agradecer!