
O Atl�tico est� devendo tantos milh�es de reais. O Cruzeiro, o Fluminense, o Vasco, o Botafogo, o Corinthians, enfim, a maioria dos grandes clubes brasileiros est� quebrada. Isso � fato. Por�m, as pessoas querem falar do Galo, como se algo estivesse errado na sede de Lourdes. Ora, bolas! Todos os presidentes que passaram pelo clube fizeram o melhor. Contrataram, dispensaram jogadores, investiram, fizeram o que foi poss�vel. Se n�o deu certo, paci�ncia. O futebol brasileiro � assim h� d�cadas. Tenho dito que essa forma amadora n�o cabe mais. Os presidentes de clubes precisam ser remunerados, CEOs, com metas e objetivos a cumprir. Nenhum deles cumpre o or�amento previsto.
Basta um fracasso numa competi��o para o torcedor protestar e o presidente contratar, de forma irrespons�vel, ex-jogadores em atividade, alguns oriundos do futebol europeu, com os mesmos sal�rios que ganhavam l�. Dessa forma, os clubes v�o se endividando, virando uma bola de neve. Or�amento � para ser cumprido! Se voc� tem uma empresa e ela trabalha no vermelho, n�o h� como mant�-la por muito tempo. Isso se a empresa fosse dos dirigentes. Como os clubes n�o s�o deles e n�o h� responsabilidade fiscal, v�o fazendo d�vidas, fechando o ano com d�ficit, pois sabem que a institui��o n�o ir� fechar.
N�o h� m�gica no futebol. Os clubes trabalham com or�amentos milion�rios, mas, ainda assim, extrapolam a conta. Digamos que um clube arrecade R$ 200 milh�es por ano. Ele n�o pode gastar mais do que R$ 190 milh�es, por exemplo, deixando R$ 10 milh�es no caixa. Deveria ser assim, mas o que ocorre � justamente o contr�rio. Os dirigentes gastam os R$ 200 milh�es e v�o muito al�m disso quando as coisas n�o ocorrem bem e os t�tulos n�o v�m. Por isso vejo a necessidade de os clubes virarem empresas no papel, para que haja responsabilidade em trabalhar com o or�amento previsto. A CBF trabalha em cima disso, pois, segundo o secret�rio-geral, Walter Feldman, os clubes ter�o de se ajustar, sob pena de puni��o, com perda de pontos e at� rebaixamento. J� passou da hora de isso ocorrer. Entendo que alguns querem ser presidentes de um clube por amor, outros, por vaidade, e os piores, para roubar. Vejam o caso dos ex-dirigentes do Cruzeiro na �ltima gest�o, acusados de corrup��o, lavagem de dinheiro e outras falcatruas mais.
N�o h� mais espa�o para o amadorismo. O futebol tem de ser encarado como empresa. O Flamengo � o exemplo a ser seguido. O ex-presidente Bandeira de Mello saneou o clube, ficou seis anos no comando e ganhou uma Copa do Brasil, em 2013. Rodolfo Landim, que o sucedeu, montou um tima�o e ganhou as ta�as mais importantes do ano passado. O clube faturou R$ 1 bilh�o, n�mero inimagin�vel h� pouco tempo. Um clube que fatura uma fortuna dessas n�o pode ser amador. O caminho � o clube se transformar em empresa. E o Flamengo ainda tem uma vantagem: quem negocia jogadores, compra, vende, faz os contratos, � o vice-presidente eleito, Marcos Braz. Com ele n�o tem conchavo nem rachadinha com a comiss�o do empres�rio. Os diretores de futebol s�o um c�ncer para os clubes. Contratam mal, alguns s�o acusados de fazer esquemas, e os preju�zos v�o se acumulando. Cruzeiro e Palmeiras que o digam, pois tiveram suas d�vidas aumentadas de forma substancial.
N�o acho que o Atl�tico deva fazer ca�a �s bruxas. � preciso pensar numa nova forma de gest�o. Por que n�o transformar o clube em empresa? Com uma das torcidas mais apaixonadas do pa�s, o �nico time de Minas na Primeira Divis�o, com est�dio pr�prio ter� tudo para decolar. O Galo precisa pensar pra frente, em se tornar um ganhador de ta�as, pois � isso que caracteriza uma equipe. Vejam os exemplos de 2012, 2013 e 2014, quando o Galo foi vice-campe�o brasileiro e ganhou a Copa Libertadores, Copa do Brasil e Recopa Sul-Americana. Vejam o quanto a marca se valorizou com essas conquistas! Imaginem o Atl�tico trabalhando com um or�amento X, faturando com o novo est�dio, formando um grande time, com jogadores oriundos da base! � isso que precisa ser feito. O resto � “conversa para boi dormir”. A marca Atl�tico � gigantesca. Muitas vezes, os torcedores n�o entendem a falta de ta�as, pois eles s�o passionais e sentimentais. Os dirigentes, n�o. Esses t�m de ser firmes em seu prop�sito. Se for poss�vel gerir e ganhar, maravilha. Se n�o for, que pelo menos o clube fique organizado, superavit�rio, com possibilidades de ta�as na temporada seguinte.
Os clubes t�m de se organizar, buscar alternativas financeiras, com donos! Clube empresa. H� certa resist�ncia por causa dos p�ssimos exemplos no fim da d�cada de 1990 e come�o da d�cada de 2000. Hicks Muse, ISL, empresas que assumiram Cruzeiro, Flamengo e Gr�mio, n�o entenderam o mercado brasileiro e a coisa n�o fluiu. Agora � outro momento, o mundo evoluiu. Tenho a certeza de que o neg�cio futebol � um belo produto, que precisa ser lapidado com carinho e responsabilidade.
Temos clubes fortes em suas marcas, mas fracos em gest�es equivocadas. E n�o se atenham � ajuda do governo federal. Com o recuo do PIB em 6,5% neste ano e com a pandemia do coronav�rus, o governo brasileiro tem de cuidar da popula��o desempregada, sem recurso. Como escrevi na segunda-feira, tirar R$ 1 do trabalhador para enfiar em clube de futebol ser� um crime. At� concordo com um relaxamento do Refis do Profut, por tr�s meses, pois os clubes est�o parados e sem faturamento. Por�m, quando a bola voltar a rolar, que as d�vidas sejam cobradas, como s�o cobradas as d�vidas da popula��o. N�o tem de haver perd�o. Os clubes j� tiveram Refis e mais Refis em suas hist�rias, e a bola de neve vem se formando h� d�cadas. Chegou a hora de isso acabar. O clube que n�o tiver compet�ncia para se gerir ou se transformar em empresa, que suma do mercado, como muitos j� sumiram. Profissionaliza��o do futebol � a palavra de ordem, para que possamos caminhar na dire��o da organiza��o, qualidade e de um esporte bret�o que nos d� orgulho!