
O ser humano chegou a um ponto em que a vida n�o vale mais nada. O Atl�tico foi encarar o Am�rica de Cali, na Col�mbia, pa�s que vive uma esp�cie de guerra civil por causa do an�ncio do governo de uma reforma tribut�ria que aumentaria impostos em plena pandemia de Coronav�rus. J� s�o quase duas semanas de protestos e paralisa��es, em todo o territ�rio colombiano. E, do lado de fora do est�dio onde o Galo atuava, manifestantes e policiais se enfrentavam, e a todo momento, bombas de efeito moral eram lan�adas, e o g�s era levado para dentro do est�dio, irritando os olhos dos jogadores. A partida foi paralisada por 3 vezes, no primeiro tempo. Na terceira, foram 6 minutos. Os jogadores desceram para o vesti�rio, mas retornaram para finalizar os primeiros 45 minutos. E no finzinho, mais uma paraliza��o. Todo mundo co�ando os olhos. Que mundo � esse!
Enquanto a bola rolou, o jogo foi bom. O Am�rica � fraqu�ssimo e o Galo teve in�meras chances de liquidar a fatura, mas o goleiro colombiano Graterol, estava em noite inspirada. Mesmo assim, Hulk fez 1 a 0, de cabe�a, em cruzamento de Nacho Fern�ndez. O Am�rica empatou logo em seguida. Contra-ataque puxado pelo meio, Moreno recebeu na direita, invadiu a �rea, driblando e chutou rasteiro, no canto de Everson, que para mim, falhou. Aos trancos e barrancos, depois de 5 paraliza��es, o primeiro tempo terminou empatado.
Lembro-me de um jogo do Flamengo, no Maracan�, pelo Campeonato Carioca, ano passado, em pleno pico da pandemia, em que os jogadores rubro-negros comemoravam gols, e ao lado, no hospital de campanha, montado, pessoas morriam pela Covid-19. Ou seja: para os dirigentes, a vida vale pouco. E olha que teremos Copa Am�rica, na Col�mbia, no pr�ximo m�s. Ser� que teremos mesmo? Fosse a Conmebol uma entidade preocupada com a vida, e j� teria cancelado a competi��o naquele pa�s, mudando a sede. Vejam que na Uefa a coisa funciona. A final da Champions League, marcada para Istambul, dia 29, foi transferida para a cidade do Porto. Manchester City e Chelsea decidir�o a ta�a no est�dio do Drag�o. A cidade turca n�o tem condi��es de receber as delega��es e jornalistas, por causa do aumento da pandemia do Coronav�rus. No Porto, ser�o liberados 12 mil torcedores no est�dio.
Eu esperava a suspens�o da partida do Galo, mas n�o foi o que aconteceu. Os protestos continuavam, do lado de fora, e o jogo foi reiniciado. Ser� que havia policiamento suficiente para garantir a integridade dos jogadores, t�cnicos e todo o pessoal que trabalhava na partida? E se os manifestantes resolvessem invadir o est�dio? Que vergonha!
Com a bola rolando, Arana marcou um gola�o. Recebeu na esquerda e soltou a bomba, sem chances para o goleiro colombiano. Galo 2 a 1. E no �ltimo lance do jogo, Vargas recebeu de Tardelli e fez 3 a 1. Confesso que escrever sobre o jogo, num momento t�o delicado pelo qual passa o povo da Col�mbia, n�o foi uma coisa agrad�vel, assim como o narrador da Fox, o craque, Jo�o Guilherme, se desculpou por n�o ter narrado o gol de Arana, com a emo��o habitual. Como um homem de fam�lia e sens�vel, realmente, n�o havia clima para isso.
Como eu disse, trabalhamos com o futebol e estamos exercendo nosso of�cio, mas, num momento de pandemia, de guerra civil, realmente � duro! N�o temos o que comemorar. S�o 420 mil mortos pela Covid-19 no Brasil. Nos pa�ses vizinhos, os n�meros s�o absurdos tamb�m. E o jogo do Galo seguiu at� o fim.
Uma vit�ria que classificou o time mineiro �s oitavas-de-final, numa verdadeira pra�a de guerra, com o som de bombas do lado de fora do est�dio. Se a Conmebol n�o cancelar a Copa Am�rica, ser� uma vergonha. Os protestos n�o v�o parar at� l�. Pelo contr�rio, v�o aumentar. Lembram-se da Copa das Confedera��es no Brasil, em 2013? Pois �, tivemos manifesta��es pesadas.
Quanto a Copa Libertadores, todos os jogos marcados para a Col�mbia, devem ser mudados para outro pa�s. L�, n�o h� a menor condi��o de se realizar qualquer tipo de evento.