Sucesso de gringos mexeu com os t�cnicos brasileiros

Os t�cnicos estrangeiros est�o em alta no pa�s, principalmente os portugueses. Abel Ferreira � um ganhador de ta�as no Palmeiras e, ainda assim, contestado por parte da torcida. � bem verdade que o futebol que o Verd�o pratica n�o � o de encher os olhos, mas sob o ponto de vista de t�tulos, eficiente. Abel estuda muito o advers�rio e muda o time de acordo com ele. � a cultura dos t�cnicos europeus. Particularmente, gosto muito do trabalho dele, mas n�o do futebol apresentado. H� uma dualidade a�, mas � a pura verdade. O Palmeiras foi massacrado pelo Galo nos dois jogos da semifinal da Libertadores, mas ganhou a vaga no gol qualificado. Na final contra o Flamengo, tamb�m foi engolido, mas faturou o caneco. A�, fica a pregunta: � melhor jogar bonito e n�o ganhar ou jogar feio e levantar ta�as?

Na verdade, tudo come�ou com o bel�ssimo trabalho de JJ no Flamengo, em 2019, quando ganhou quase tudo. E com ele n�o era s� efici�ncia para conquistar ta�as e, sim, o jogo bonito. Ele nos fez sonhar que era poss�vel voltar aos velhos e bons tempos do futebol brasileiro, com placares el�sticos e grandes jogos. Quando sua equipe fazia um gol, queria dois. Quando fazia dois, queria tr�s, e assim por diante. Pena que durou apenas uma temporada, mas, com certeza, abriu o mercado para os treinadores estrangeiros e motivou v�rios clubes a contrat�-los.

Gosto muito do trabalho de alguns jovens treinadores, entre eles Jair Ventura, filho de Jairzinho, o Furac�o da Copa. Ele fez bel�ssimo trabalho no Botafogo e despertou o interesse de grandes clubes do Brasil, onde trabalhou sem ter sequ�ncia. As derrotas s�o cobradas por torcedores e os dirigentes cedem � press�o, demitindo os jovens treinadores. A cultura do imediatismo no Brasil n�o deixa que os jovens tenham uma boa sequ�ncia. Jair Ventura salvou o Juventude da queda. Virou �dolo da diretoria e torcida. Mal come�ou o ano e foi demitido. Converso muito com ele, que faz cursos e mais cursos, est� muito bem preparado, mas precisa de uma sequ�ncia para deslanchar. Se n�o derem oportunidades aos jovens treinadores, o Brasil vai viver importando t�cnicos, que, com raras exce��es, fazem o mesmo que os nossos, mas t�m o apelo de ser estrangeiro.

Cotado para dirigir a Sele��o Brasileira t�o logo Tite saia ap�s a Copa do Catar, Renato Ga�cho caiu no esquecimento ap�s n�o ter ido bem no Flamengo. Ele foi do c�u ao inferno em tr�s meses e n�o � cogitado para dirigir nenhuma equipe de ponta no Brasil. Vejam o que � o futebol brasileiro. Treinador n�o tem a menor estabilidade e fica desempregado do dia para a noite. Por que temos tanta paci�ncia com os t�cnicos estrangeiros, ainda que o trabalho n�o seja bom, e n�o com os nossos? Talvez com os clubes se tornando empresas, a coisa mude de figura. Com donos, eles podem ser mais firmes, mantendo o t�cnico e o trabalho. A cultura europeia diz que o que vale � o bom trabalho e n�o apenas a ta�a. Ser� que podemos importar essa cultura tamb�m?