A vaidade dos dirigentes n�o permite uni�o

O colunista do UOL, Rodrigo Matos, sempre muito bem informado, divulgou que os dirigentes que comp�e a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) voltaram a conversar com os que fazem parte da outra Liga Forte do Futebol Brasileiro (LFF). Por enquanto, as conversas giram em termos percentuais, pois o grupo que comp�e a Libra, liderado por Flamengo, Corinthians, Palmeiras, S�o Paulo, Santos, Cruzeiro, Vasco e outros gigantes entende que a divis�o do bolo deve ser de uma forma. J� os que comp�e a LFF, que re�ne Atl�tico, Fluminense e outros, entendem que tem de haver igualdade na divis�o do bolo. Cada um puxa a brasa para a sua sardinha e n�o consegue avan�ar. Eu entendo que parte da divis�o das cotas de TV deve ser igualit�ria, independentemente de nome de clube, como acontece na Europa. Da� em diante, quem vende mais pay per view, quem for o campe�o, vice e por a� vai, v�o aumentando suas receitas.

Quando se trata de futebol brasileiro, tudo � poss�vel. � sabido que a salva��o para o nosso combalido futebol est� na cria��o do clube-empresa e algumas agremia��es j� seguem este caminho. Por�m, com os pr�prios clubes organizando seus destinos, eles ter�o mais liberdade para negociar cotas de TV e patroc�nios, e dar�o uma banana para a CBF e Federa��es. Em todos os lugares onde existe organiza��o, as confedera��es cuidam exclusivamente das sele��es nacionais e n�o existem federa��es. No Brasil, as federa��es s� existem para votar no presidente da CBF, com peso enorme, acima do peso dos clubes, e para organizar os estaduais, competi��es falidas, retr�gradas e ultrapassadas. � sabido tamb�m que as a Libra e a LFF t�m propostas na casa dos R$ 5 bilh�es para que um grupo compre os espet�culos e gerencie o projeto.

Enquanto houver essa vaidade de dirigentes e essa picuinha, nosso futebol ficar� estagnado. Ronaldo Fen�meno chegou a levar para uma palestra no Brasil o presidente da La Liga, da Espanha. Estamos parados no tempo e no espa�o, sem defini��o, somente porque um quer aparecer mais que o outro. Somos de uma cultura onde os dirigentes se acham donos dos clubes e n�o d�o a menor satisfa��o aos verdadeiros donos, os torcedores. Fazem o que querem, contratam sem dinheiro, d�o calote e deixam a heran�a maldita para o sucessor. O mundo moderno n�o permite mais isso e a cria��o de uma Liga independente � fundamental para ajustarmos nosso futebol, suas finan�as e tornar as competi��es mais atraentes, equilibradas e transparentes. Est� nas m�os dos clubes e dos dirigentes. S� depende deles e de um pouco de humildade. Flamengo e Corinthians n�o devem ser privilegiados em divis�o de cotas, s� porque t�m as maiores torcidas do pa�s. Todos os clubes devem ter isonomia nesse quesito, independentemente do n�mero de torcedores. Quando se divide o dinheiro em partes iguais, se d� a chance aos menores de fazer contrata��es e ter condi��es de disputar a competi��o com dignidade. O que n�o pode � o Am�rica, por exemplo, receber R$ 30 milh�es e o Flamengo R$ 300, pelo menos no quesito divis�o de cotas de TV para os clubes. Isonomia � o que se espera.

Os problemas financeiros envolvendo Willian Bigode, Mike e Gustavo Scarpa, e que t�m sido divulgados sistematicamente pela imprensa, refletem a gan�ncia do ser humano. Nenhum tipo de investimento permite que o cidad�o ganhe 5% ao m�s e foi esse o prometido, segundo os envolvidos, 60% ao ano. As pir�mides s�o uma pr�tica criminosa, segundo a Justi�a, e a melhor coisa a se fazer � guardar seu dinheiro at� mesmo na poupan�a para n�o correr riscos de cair nas m�os de gente desonesta. Nesse caso parece que o calote ser� l�quido e certo.