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De Lisca Doido a El Loco Bielsa e C�sar Maluco

Por irrever�ncia ou atitudes pouco convencionais, h� personagens do futebol que receberam apelidos referentes � pouca dose de ju�zo e fizeram jus � defini��o


07/02/2020 04:00 - atualizado 06/02/2020 21:35

Lisca Doido diz ter uma relação de carinho com a alcunha que ganhou da torcida do Juventude, no início da carreira(foto: Mourão Panda/América)
Lisca Doido diz ter uma rela��o de carinho com a alcunha que ganhou da torcida do Juventude, no in�cio da carreira (foto: Mour�o Panda/Am�rica)


Diz a express�o popular que de m�dico e louco todo mundo tem um pouco. No futebol, esse ditado por vezes extrapola o folclore e entra em campo, compondo o nome de figuras marcantes. Um deles acaba de chegar ao Am�rica: Lisca Doido, que deve nem que seja um pouquinho da fama nos gramados ao apelido. Ou voc� saberia de quem se trata se fosse anunciado pelo Coelho que o novo t�cnico � Luiz Carlos Lorenzi? Ligaria o nome � pessoa? Dificilmente.

Lisca nunca renegou a alcunha – que ganhou nos tempos em que dirigiu o Juventude, no in�cio da carreira. Uma hist�ria que ele gosta de contar. Diz que pegou o time ga�cho em situa��o calamitosa, “sem dinheiro, sem comida, sem s�rie”, afirmou certa vez, em entrevista. Viu, naquele cen�rio apocal�ptico, a chance de crescer e aparecer no futebol.

Pois ele caiu nas gra�as da torcida de Caxias, que adaptou um de seus c�nticos para homenage�-lo e, assim, mudou para sempre a forma como o treinador seria conhecido. A m�sica, que dizia “Papo, papo, doido”, virou “Lisca, Lisca, doido”. Pronto. Pegou.

A partir dali, conscientemente ou n�o, Lisca incorporou a express�o, at� porque sempre viu com carinho aquele gesto dos torcedores do Juventude. Ele retribuiu com um estilo vibrante � beira do campo, de entrega f�sica na �rea t�cnica e muita festa ao fim dos jogos em que os objetivos s�o alcan�ados. Numa final do Ga�cho contra o Internacional, bateu boca com o argentino D'Alessandro, levando a torcida da equipe de Caxias � loucura, pois, para ela, era uma prova de que o t�cnico estava comprando a ideia. Subiu o time da S�rie D do Campeonato Brasileiro para a C. Fez a simbiose virar bons resultados. E � essa mesma transforma��o, de energia em vit�rias, que o torcedor do Am�rica espera ver no Lanna Drumond agora.

Seja por irrever�ncia ou por atitudes pouco convencionais, h� outros personagens do futebol que receberam apelidos referentes � pouca dose de ju�zo e vestiram a camisa, fazendo jus � defini��o sem�ntica. No Brasil, h� um lend�rio: o atacante C�sar, que no in�cio dos anos 1970 virou C�sar Maluco por obra de um locutor esportivo, Geraldo Jos� de Almeida.

O estilo despojado e a forma alucinada de comemorar os gols (e foram muitos pelo Palmeiras) foram dos motivos que o levaram a ganhar a alcunha. Mas tamb�m houve outras raz�es para justificar a associa��o com o desvario, como em um caso que ficou famoso na �poca. Em um cl�ssico entre Palmeiras e Corinthians, ap�s receber cart�o vermelho, C�sar levou consigo a bola para os vesti�rios. Talvez poucos notassem o fato, n�o fosse um detalhe: naquela �poca, apenas uma bola ficava dispon�vel em campo.

No exterior, h� dois “locos” c�lebres. E esses, sim, costumam dar vaz�o ao apelido. Para come�ar no menos pol�mico, vamos a Loco Abreu, que ganhou o apelido quando era garoto e jogava nas categorias de base do Nacional do Uruguai. Segundo ele, foi assim chamado por ser muito brincalh�o. Nunca se incomodou com o codinome, pelo contr�rio.

Em 2010, ele deu uma demonstra��o  de que fazia sentido. Vaga na semifinais da Copa do Mundo da �frica do Sul decidida nos p�naltis, entre Uruguai e Gana. �ltima cobran�a. Sil�ncio sepulcral no est�dio. Loco Abreu se apresenta e, mesmo com toda a press�o sobre os ombros dele, n�o arrega: lan�a m�o da tradicional cavadinha, surpreendendo meio mundo e quase provocando uma onda de infartos em seus compatriotas. Balan�ou a rede e classificou a Celeste Ol�mpica.

O mais tresloucado deles, no entanto, � um treinador argentino, ali�s, grande treinador: El Loco Bielsa, apontado como fonte de inspira��o para figuras como Pep Guardiola, Diego Simeone, Mauricio Pochettino e outros exemplares da nova gera��o.

Marcelo Bielsa come�ou a ser chamado de “El Loco” em 1992, ap�s um epis�dio inusitado no in�cio de sua caminhada como treinador. Tudo come�ou quando um grupo de torcedores do Newell's Old Boys, time que dirigia, foi at� a casa dele protestar pela goleada sofrida para o San Lorenzo por 6 a 0, na estreia na Copa Libertadores. Pediram que Bielsa aparecesse para dar explica��es e foram atendidos. O treinador surgiu com uma granada nas m�os, e soltou essa: “Se n�o forem embora agora, tiro o pino e atiro em voc�s”.

Surtiu efeito. O motim foi desfeito. Mais do que isso. O Newell's foi finalista daquela edi��o do torneio continental, perdendo a decis�o para o S�o Paulo nos p�naltis. A partir dali, Bielsa viveu uma ascens�o na carreira, alcan�ado o �pice no comando das sele��es da Argentina e do Chile. Ganhou mais reconhecimento do que t�tulos, � verdade. Mas a trajet�ria dele prova que um pouco de loucura, de vez em quando, pode n�o fazer t�o mal.


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