
Mas o que o time americano mostra agora nada mais � do que um trabalho que foi constru�do de forma consistente ao longo da temporada (com todas as particularidades que a COVID-19 permitiu) e, principalmente, que come�ou antes de 2020.
Essa hist�ria pode ser contada por meio de cinco t�picos. S�o �ngulos que, somados, formam o que o Am�rica � hoje. Todos, de certa forma, interdependentes, interligados pelo objetivo do brilho coletivo.
Embora muitos holofotes estejam atualmente sobre Lisca, o sucesso americano, que pode lev�-lo ao tricampeonato brasileiro, tem a assinatura de outros personagens tamb�m.
O primeiro ponto de vista est� justamente no comando. O Am�rica de Lisca �, de certa forma, uma continuidade do Am�rica de Felipe Concei��o.
Em 2019, Felipe Concei��o fez um trabalho impressionante de recupera��o do Coelho na S�rie B do Campeonato Brasileiro. Tirou o time da lanterna e por muito pouco n�o o levou de volta � elite – perdeu a chance com a derrota para o S�o Bento, no Independ�ncia, na �ltima rodada, resultado que deixou a equipe americana a um ponto do Atl�tico-GO, quarto colocado.
Com Felipe Concei��o, foram 30 jogos, com 16 vit�rias, nove empates e cinco derrotas. Mais do que n�meros, o Am�rica se encorpou como time. Ganhou rodagem, estrutura para 2020. Logo no in�cio do ano passado, Felipe Concei��o pediu demiss�o (aceitou convite do Bragantino), abrindo caminho para Lisca, que deu a cara dele ao Coelho, se aproveitando de um alicerce que j� estava pronto.
A� chegamos ao segundo t�pico. Lisca e Am�rica foi aquela conjun��o astral favor�vel. Ele soube trabalhar com o que tinha em m�os, e os jogadores compraram a ideia dele. � n�tido como o time � bem treinado, sabe o que fazer com a bola, h� sintonia em campo.
Mesmo quando ocorrem mudan�as, existe um norte, um esquema seguro, que n�o se desfaz. E isso � fruto direto do trabalho do treinador. H� uma clara rela��o de duas vias a�. E essa identifica��o foi tamanha que fez Lisca recusar convite para dirigir o Cruzeiro, por exemplo.
O terceiro tamb�m tem a ver com o trabalho de campo, por�m, vai um pouco al�m. O Am�rica conseguiu formar um grupo equilibrado, e aqui tamb�m entra um pouquinho da heran�a de Felipe Concei��o. Em todos os setores h� um nivelamento. Um time que tem bons nomes na defesa, no meio e no ataque.
Essa coes�o influenciou muito ao longo da campanha, tanto da S�rie B quanto da Copa do Brasil. N�o h� um astro, um craque intoc�vel. S�o jogadores de bom n�vel contribuindo para o crescimento geral.
O quarto destaque vem dos bastidores: como a diretoria administrou bem a rela��o com a comiss�o t�cnica. Isso era uma preocupa��o do presidente Marcus Salum ao contratar Lisca.
No in�cio de 2020, Salum disse: “Sou admirador do trabalho t�cnico do Lisca. Acompanhei alguns trabalhos, vi muitas entrevistas. E ele tem uns excessos que eu acho que ele tem que diminuir na carreira. Tive uma conversa franca com ele”.
Um dos epis�dios que explicam essa pulga atr�s da orelha de Salum foi a briga (no sentido literal) que Lisca teve com integrantes da comiss�o t�cnica do Paran� em 2017, em um hotel de Belo Horizonte.
Por fim, um ponto que se tornou crucial desde a temporada passada. O Am�rica conseguiu gerir bem os casos de COVID-19 em seu grupo. N�o passou imune, mas tamb�m n�o viveu surtos como outras equipes (o Atl�tico � uma delas). Foram 16 diagn�sticos oficiais at� agora, sendo 14 de jogadores.
A forma como o corpo m�dico americano tem lidado com a situa��o tamb�m merece reconhecimento, pois influencia diretamente no que � visto em campo.
Em suma, o Am�rica � a tradu��o perfeita do sentido de equipe. A esta altura do campeonato, ele s� chega virtualmente garantido na Primeira Divis�o e dependendo apenas de si para levar o terceiro t�tulo da S�rie B porque n�o deixou brechas ao longo da caminhada, nem viu um desses setores destoar. Cada um fez sua parte bem, e a consequ�ncia est� a�.