O sangue latino de Paulo Pezzolano

A import�ncia do t�cnico Paulo Pezzolano para o Cruzeiro tem sido cantada e decantada Brasil afora. A forma como ele conseguiu, em um grupo quase que totalmente renovado, implementar padr�o e sentido coletivo. Essa simbiose tem levado o time celeste para a lideran�a da S�rie B do Campeonato Brasileiro e aproximado, cada vez mais, a Raposa de seu objetivo de retornar � elite. Nessa bela hist�ria que o uruguaio tem constru�do, tijolo a tijolo, h� somente um por�m: o sangue latino do treinador.

Em um espa�o de oito dias, Pezzolano foi expulso de campo duas vezes em competi��es nacionais. Na derrota celeste por 3 a 0 para o Fluminense, no Mineir�o – elimina��o na Copa do Brasil –, o treinador recebeu cart�o vermelho do �rbitro Raphael Claus ainda no primeiro tempo, ap�s reclamar de forma acintosa.

Praticamente uma semana depois, o comandante cruzeirense n�o s� reclamou com Fl�vio Rodrigues de Souza, de S�o Paulo, em jogo contra o CSA, em Macei�, como chegou a tocar na camisa do �rbitro duas vezes, na manga e na gola. Precisou ser contido por seus companheiros de comiss�o t�cnica.

De maneira muito da destemperada, pedia a expuls�o de Edson, da equipe alagoana, por falta dura em R�mulo, e acabou ele mesmo sendo punido.

Ap�s o jogo no Nordeste, pelo menos, Pezzolano fez mea-culpa. Por mais que discorde da marca��o da arbitragem, ele tem consci�ncia de que n�o poderia ter se portado daquela forma.

Arrependido, declarou: "Eu errei. O treinador tamb�m � ser humano. S�o muitos jogos, muito carregada a cabe�a tamb�m, querendo que os jogadores melhorem, tudo fora de campo. �s vezes cometemos erros. Eu cometi outro erro, mas n�o vai voltar a acontecer mais".

Mais do que isso, o treinador admitiu o peso de sua aus�ncia � beira do campo. O uruguaio reconheceu que precisa controlar os nervos – atitude louv�vel num meio em que t�cnicos e dirigentes costumam alimentar um clima b�lico com �rbitros, incendiando torcedores em situa��es que j� chegaram a pontos extremos.

Eles erram? Sim, e isso o VAR n�o vai mudar porque muitas das decis�es ainda s�o interpretativas. Contudo, � preciso manter o respeito e saber como protestar. A agress�o verbal de nada ajuda. Muito antes pelo contr�rio. A f�sica � completamente conden�vel.

Fl�vio Rodrigues de Souza citou, na s�mula, que se sentiu "ofendido e desrespeitado". Ao reproduzir as palavras usadas por Pezzolano, citou uma s�rie de improp�rios e at� uma amea�a: "Vamos resolver depois do jogo".

Expuls�o no Mineiro

No Campeonato Mineiro, o sangue de Pezzolano tamb�m ferveu. V�rias vezes. Sem escolher advers�rio.

Na final contra o Atl�tico (vencida pelo Galo por 3 a 1), ele ficou � beira do campo gra�as a efeito suspensivo que o Cruzeiro conseguiu sobre a pena de quatro partidas imposta em julgamento pelo Tribunal de Justi�a Desportiva (TJD).

A penaliza��o foi aplicada por incidente registrado em partida contra o pr�prio alvinegro, pela primeira fase do Estadual. Na ocasi�o, o comandante cruzeirense estava cumprindo suspens�o (por ter recebido o cart�o vermelho no jogo anterior, contra o Villa Nova), mas mesmo assim esteve no Mineir�o.

Segundo relato do �rbitro Igor Junio Benevenuto na s�mula, Pezzolano subiu o t�nel do vesti�rio e entrou no gramado dizendo "�rbitro ladr�o, voc�s s�o todos ladr�es, olha o que voc�s fizeram, quero falar com o �rbitro, esse ladr�o!". Foi contido pelos seguran�as do clube.

A temporada no futebol brasileiro tem sido marcada por erros e muitas contesta��es � atua��o dos �rbitros. Praticamente todo mundo j� reclamou de ter sido prejudicado. Pezzolano n�o � o primeiro treinador nessa lista, certamente n�o ser� o �ltimo.

Uma queda de bra�o que nunca ter� fim, haja a tecnologia que houver.

Aos protagonistas do futebol cabe se prepararem para lidar (tamb�m) com esse tipo de situa��o. N�o ultrapassar a linha do respeito. E isso o uruguaio disse ter aprendido. � aguardar para ver.