
Em entrevista ao rapper Mano Brow, no podcast Mano a Mano, Ronaldo foi instigado a falar profundamente sobre o assunto. N�o � exagero dizer que o cantor insistiu no t�pico, at� que o ex-jogador se manifestasse de forma jamais vista.
Ronaldo fez mea-culpa, reconheceu que se omitiu da luta, confidenciou quest�es familiares e se posicionou, de forma veemente, sobre o racismo.
Ronaldo fez mea-culpa, reconheceu que se omitiu da luta, confidenciou quest�es familiares e se posicionou, de forma veemente, sobre o racismo.
Essa postura meio hesitante de um expoente do esporte diante de assunto t�o necess�rio n�o � restrita a Ronaldo. O caso envolvendo Vin�cius J�nior � prova disso. Era momento de jogadores e ex-jogadores, principalmente brasileiros, entrarem na briga de maneira mais efetiva. Usando de influ�ncia e prest�gio para atuar perante governos, federa��es esportivas, torcedores e atletas.
N�o � fazer post em rede social. � se posicionar na pr�tica, iniciar um movimento mundial que fa�a barulho. Vin�cius J�nior parece sozinho na luta. Apenas uma voz contra um pa�s inteiro, um sistema que o oprime.
Na entrevista a Mano Brown, Ronaldo admitiu j� ter se posicionado de forma equivocada quando questionado sobre quest�es racistas. "Eu j� falei besteira, mas � por ignor�ncia. Uma vez, numa entrevista, dei uma resposta rid�cula. Falei que minha pele era branca, mas eu me sentia preto".
Em outro momento, ele contou que a ex-mulher Bia Antony fez uma a��o para conscientiza��o sobre racismo na escola das filhas Maria Sofia e Maria Alice. O pai do ex-jogador, N�lio, que est� escrevendo um livro sobre as vezes em que sofreu racismo, deu at� uma palestra para as crian�as, disse Ronaldo.
"Elas t�m cabelo crespo, come�aram a sentir um pouquinho de preconceito na escola. Automaticamente, tinham rela��o com os mais oprimidos, quem tinha bolsa, o filho do funcion�rios, sofriam com isso. A crian�ada absorve bem, � quest�o de educar, colocar exemplos pr�ticos, para a crian�a levar para toda a vida."
Para Ronaldo, somente penas severas ser�o capazes de mudar o quadro. "Tem de mexer no bolso do racista. Pagar uma fortuna. E cadeia", disse, citando multa "de US$ 100 mil" a quem cometer ofensas racistas, com esse dinheiro indo para a v�tima. Al�m de pris�o.
O dirigente do Cruzeiro entende que campanhas educativas n�o t�m muito efeito e afirma acreditar na educa��o de crian�as para uma mudan�a no futuro. Mas, para quem j� � adulto, a sa�da � puni��o pesada.
Talvez na parte mais reflexiva do bate-papo com Mano Brown, Ronaldo admitiu ter se esquivado de entrar em brigas diretas contra o preconceito.
"Antigamente, eu tinha uma orienta��o menos conflitiva nesse aspecto. Tinha uma responsabilidade muito maior contra a pobreza, fui muito ativo contra a pobreza no mundo. E n�o era ativo na luta contra o racismo. Uma vez algu�m me perguntou por que eu raspava a cabe�a, e eu n�o encontrava o motivo. No fundo, algo me dizia que era pelo meu cabelo. Muita gente me chamava de 'sararazinho', e acho que foi uma defesa minha, de garoto, porque comecei a raspar a cabe�a com 18, 19 anos. E cheguei a essa conclus�o: de que raspei minha cabe�a a vida inteira tentando n�o entrar nessa briga contra o racismo."
O pr�prio Mano Brown disse ent�o a Ronaldo: "Era o que a gente queria ouvir de voc� h� 30 anos, quando estava no Cruzeiro". E o ex-jogador respondeu, praticamente em tom de confiss�o: "Com essa consci�ncia quando fui melhor do mundo, com o alcance que poderia ter, se tivesse comprado essa briga de verdade... Carrego essa frustra��o de n�o ter levantado esta bandeira antes".
Fa�o minhas ent�o as palavras de Mano Brown, em rea��o a essa declara��o de Ronaldo: "Antes tarde do que nunca".