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Mano Brown, Ronaldo e a luta contra o racismo

Na entrevista ao podcast Mano a Mano, Ronaldo fez mea-culpa, revela��es familiares e opinou sobre a luta antirracista


06/07/2023 19:56 - atualizado 06/07/2023 20:15
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Ronaldo e o rapper Mano Brown, apresentador do podcast Mano a Mano
Ronaldo e o rapper Mano Brown, apresentador do podcast Mano a Mano (foto: Jef Delgado/Divulga��o)
Astro mundial do futebol, um dos nomes mais influentes do esporte neste s�culo, o ex-atacante Ronaldo � visto como refer�ncia (n�o s� esportiva) para muitos. Mas tamb�m para muitos, ele e outras estrelas pecam por n�o levantar bandeiras, de forma mais incisiva, de causas importantes para a sociedade. No mais recente dos t�picos, a luta contra o racismo – que tem vitimado na Espanha, de forma frequente, Vin�cius J�nior, atacante do Real Madrid e da Sele��o Brasileira. 

Em entrevista ao rapper Mano Brow, no podcast Mano a Mano, Ronaldo foi instigado a falar profundamente sobre o assunto. N�o � exagero dizer que o cantor insistiu no t�pico, at� que o ex-jogador se manifestasse de forma jamais vista.

Ronaldo fez mea-culpa, reconheceu que se omitiu da luta, confidenciou quest�es familiares e se posicionou, de forma veemente, sobre o racismo.

Essa postura meio hesitante de um expoente do esporte diante de assunto t�o necess�rio n�o � restrita a Ronaldo. O caso envolvendo Vin�cius J�nior � prova disso. Era momento de jogadores e ex-jogadores, principalmente brasileiros, entrarem na briga de maneira mais efetiva. Usando de influ�ncia e prest�gio para atuar perante governos, federa��es esportivas, torcedores e atletas.

N�o � fazer post em rede social. � se posicionar na pr�tica, iniciar um movimento mundial que fa�a barulho. Vin�cius J�nior parece sozinho na luta. Apenas uma voz contra um pa�s inteiro, um sistema que o oprime.

Na entrevista a Mano Brown, Ronaldo admitiu j� ter se posicionado de forma equivocada quando questionado sobre quest�es racistas. "Eu j� falei besteira, mas � por ignor�ncia. Uma vez, numa entrevista, dei uma resposta rid�cula. Falei que minha pele era branca, mas eu me sentia preto".

Em outro momento, ele contou que a ex-mulher Bia Antony fez uma a��o para conscientiza��o sobre racismo na escola das filhas Maria Sofia e Maria Alice. O pai do ex-jogador, N�lio, que est� escrevendo um livro sobre as vezes em que sofreu racismo, deu at� uma palestra para as crian�as, disse Ronaldo.

"Elas t�m cabelo crespo, come�aram a sentir um pouquinho de preconceito na escola. Automaticamente, tinham rela��o com os mais oprimidos, quem tinha bolsa, o filho do funcion�rios, sofriam com isso. A crian�ada absorve bem, � quest�o de educar, colocar exemplos pr�ticos, para a crian�a levar para toda a vida."

Para Ronaldo, somente penas severas ser�o capazes de mudar o quadro. "Tem de mexer no bolso do racista. Pagar uma fortuna. E cadeia", disse, citando multa "de US$ 100 mil" a quem cometer ofensas racistas, com esse dinheiro indo para a v�tima. Al�m de pris�o.

O dirigente do Cruzeiro entende que campanhas educativas n�o t�m muito efeito e afirma acreditar na educa��o de crian�as para uma mudan�a no futuro. Mas, para quem j� � adulto, a sa�da � puni��o pesada. 

Talvez na parte mais reflexiva do bate-papo com Mano Brown, Ronaldo admitiu ter se esquivado de entrar em brigas diretas contra o preconceito. 

"Antigamente, eu tinha uma orienta��o menos conflitiva nesse aspecto. Tinha uma responsabilidade muito maior contra a pobreza, fui muito ativo contra a pobreza no mundo. E n�o era ativo na luta contra o racismo. Uma vez algu�m me perguntou por que eu raspava a cabe�a, e eu n�o encontrava o motivo. No fundo, algo me dizia que era pelo meu cabelo. Muita gente me chamava de 'sararazinho', e acho que foi uma defesa minha, de garoto, porque comecei a raspar a cabe�a com 18, 19 anos. E cheguei a essa conclus�o: de que raspei minha cabe�a a vida inteira tentando n�o entrar nessa briga contra o racismo." 

O pr�prio Mano Brown disse ent�o a Ronaldo: "Era o que a gente queria ouvir de voc� h� 30 anos, quando estava no Cruzeiro". E o ex-jogador respondeu, praticamente em tom de confiss�o: "Com essa consci�ncia quando fui melhor do mundo, com o alcance que poderia ter, se tivesse comprado essa briga de verdade... Carrego essa frustra��o de n�o ter levantado esta bandeira antes".

Fa�o minhas ent�o as palavras de Mano Brown, em rea��o a essa declara��o de Ronaldo: "Antes tarde do que nunca".

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