
Colabora para isso o fato de que outros cinco integrantes da equipe econ�mica j� haviam deixado o governo desde o ano passado: Marcos Cintra (ex-secret�rio da Receita Federal), Caio Megale (ex-diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda), Mansueto Almeida (ex-secret�rio do Tesouro Nacional), Rubem Novaes (ex-presidente do Banco do Brasil) e Joaquim Levy (ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social, BNDES). Mas nenhum deles tinha a mesma proximidade de Mattar e Uebel com Guedes, com o agravante de que o primeiro � um l�der empresarial carism�tico, cuja sa�da teve muito mais repercuss�o no mercado.
Nos bastidores do Minist�rio da Economia, a avalia��o � de que o grupo de executivos e empres�rios liberais que cercava Guedes n�o aguentou o giro da moenda da administra��o p�blica federal e o jogo bruto de poder na Esplanada dos Minist�rios, principalmente com os militares. A sa�da dos dois auxiliares e amigos deixou Guedes muito abalado, mas o ministro amanheceu o dia de ontem disposto a partir para a briga pela manuten��o do teto de gastos com seus colegas de Esplanada, aparentemente com a solidariedade do presidente Jair Bolsonaro. A reuni�o de ontem � tarde, no Pal�cio do Planalto, com Guedes e seus desafetos na Esplanada, os ministros Rog�rio Marinho, do Desenvolvimento Regional, que foi seu secret�rio de Previd�ncia, e o ministro Tarc�sio Freitas, da Infraestrutura, foi para Bolsonaro p�r ordem na tropa e come�ar a negocia��o da manuten��o do teto com o Congresso.
Novo l�der
Tamb�m participaram do encontro os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); os deputados Arthur Lira (PP-AL) e Ricardo Barros (PP-PR), e os senadores Eduardo Gomes (MDB-TO) e Fernando Bezerra (MDB-CE). A novidade foi a presen�a de Barros, ex-ministro da Sa�de no governo Michel Temer, que ser� o novo l�der do governo na C�mara. Bolsonaro trocou o deputado Major V�tor Hugo (PSL-GO), seu fiel escudeiro, por um dos quadros mais importantes do Centr�o na C�mara, unificando o grupo, cuja lideran�a Barros divide com Arthur Lira, o l�der da bancada do PP.
Embora a crise tenha sido desanuviada, permanece, porque o cobertor est� curto para fazer o que Bolsonaro deseja: aumentar os investimentos com recursos do Tesouro. Na equipe econ�mica, a avalia��o � de que a antecipa��o da estrat�gia de reelei��o de Bolsonaro est� sendo um fator perturbador da pol�tica econ�mica. De certa forma, Guedes tamb�m tem culpa nesse cart�rio: na pol�mica reuni�o ministerial de 22 de abril, foi um dos que p�s pilha em Bolsonaro, ao vincular o abono emergencial ao projeto eleitoral de 2022. Todo o problema agora � o fato de que Bolsonaro j� est� em campanha.
H� uma conta que n�o fecha. Guedes n�o consegue fazer as privatiza��es, seja porque os militares que comandam as estatais fazem obstru��o, seja por falta de investidores, ou as duas coisas. N�o faz a reforma administrativa, porque Bolsonaro n�o quer confus�o com os servidores p�blicos. N�o consegue aprovar a nova CPMF, porque essa sigla � palavr�o para a opini�o p�blica e para a maioria do Congresso. Sem reforma administrativa nem aumento de impostos, n�o tem teto de gastos que resista.