
Existe um eleitorado �rf�o, porque n�o deseja a continuidade de Bolsonaro ou a volta de Lula. Para essa fatia de eleitores, o chamado centro democr�tico � como um suculento camar�o empanado. Nas elei��es, por�m, sem cabe�a, o crust�ceo morrer� na areia da praia.
Como na m�sica Cartomante, de Ivan Lins e Vitor Martins, grande sucesso na voz de Elis Regina – “Cai o rei de Espadas/ Cai o rei de Ouros/ Cai o rei de Paus/ Cai n�o fica nada – os pr�-candidatos que buscam articular e unificar esse campo est�o desistindo ou se inviabilizando. Os casos mais emblem�ticos s�o o ex-juiz da Lava Jato S�rgio Moro, uma esp�cie de rei de Espadas na crise �tica, e o apresentador Luciano Huck, o rei de Ouros, para grande massa de empreendedores do pa�s. O primeiro iniciou uma bem-sucedida carreira de consultor jur�dico na �rea de an�lise de riscos; o segundo, vai dar um upgrade na carreira de comunicador, ao substituir o apresentador Faust�o nas tardes de domingo da TV Globo.
Est� dif�cil a vida do rei de Paus, o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, que lan�ou precocemente sua pr�-candidatura e confrontou o presidente Jair Bolsonaro na crise sanit�ria. O problema de Doria � o desgaste que enfrenta pelo fato de S�o Paulo ser o epicentro da pandemia de COVID-19, com grande impacto na economia no estado e reflexos no desempenho de seu governo. Ensanduichado entre uma base bolsonarista muito forte, principalmente nas m�dias e pequenas cidades do interior, e a recidiva do petismo nos grandes centros urbanos, Doria n�o consegue fechar majoritariamente o eleitorado paulista; sem S�o Paulo, sua candidatura n�o decola nacionalmente.
Hoje, Doria n�o seria o candidato do PSDB � Presid�ncia. Perderia as previas da legenda para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ou o senador Tasso Jereissati (CE), um dos l�deres hist�ricos do partido. O quarto pretendente, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virg�lio � um azar�o. A Executiva Nacional do PSDB aprovou, por unanimidade, as regras para a escolha do candidato do partido � Presid�ncia da Rep�blica em 2022. Elaborada pelo ex-deputado Marcus Pestana (MG) e discutida em uma comiss�o que debate as pr�vias do PSDB, encabe�ada pelo ex-deputado Jos� An�bal (SP), o modelo p�s em xeque a candidatura de Doria.
Pelas regras aprovadas, os votos dos filiados sem mandato valer�o 25% do total. Os outros 75% dos votos ser�o dados por tr�s grupos diferentes: prefeitos e vice-prefeitos filiados ao PSDB; vereadores, deputados estaduais e distritais; e deputados federais, senadores, governadores e os ex-presidentes da sigla. Doria defendia votos com o mesmo peso para todos os integrantes do partido. Inconformado, que mudar as regras do jogo na pr�xima reuni�o da Executiva.
Rei de Copas
Enquanto o rei de Paus n�o � escolhido pelo PSDB, o rei de Copas tamb�m n�o consegue derivar para o eleitorado de centro como gostaria. O candidato do PDT escolheu Lula como principal advers�rio no primeiro turno, mas essa estrat�gia n�o foi endossada pelo presidente da legenda, Carlos Lupi. � uma t�tica complicada, porque pressup�e deslocar Lula da disputa com Bolsonaro, seduzindo os eleitores de centro. Poderia at� ocupar o espa�o deixado pela disputa interna no PSDB, mas n�o � o que acontece. O problema � que o estilo de Ciro Gomes n�o se encaixa muito nesse figurino, por ter constru�do uma trajet�ria eleitoral de candidato de esquerda.
Restam ainda outra pr�-candidatura sem legenda garantida, a do ex-ministro da Sa�de Henrique Mandetta, que pleiteia a vaga de candidato a presidente do DEM, hoje muito pr�ximo do presidente Jair Bolsonaro; e uma legenda sem candidato, o PSD do ex-prefeito de S�o Paulo Gilberto Kassab, que procura um nome competitivo de perfil liberal. DEM e PSD s�o partidos importantes para a chamada uni�o da direita com o centro e do centro com a direita.