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Estado de Minas ENTRE LINHAS

A crise n�o viaja com Jair Bolsonaro, porque ele � malvisto no exterior

Bolsonaro est� em guerra com o Judici�rio, que pretende subjugar. Primeiro, nomeando aliados; segundo, pelo confronto com o STF, que pretende intimidar


20/08/2021 04:00

Bolsonaro segue tentando subjugar o Poder Judiciário, com o qual está em guerra declarada(foto: Evaristo Sá/AFP)
Bolsonaro segue tentando subjugar o Poder Judici�rio, com o qual est� em guerra declarada (foto: Evaristo S�/AFP)


Toda vez que o presidente Jos� Sarney viajava para o exterior, o ent�o senador Fernando Henrique Cardoso dizia, maledicente: “A crise viajou”. Mais tarde, viria a exercer dois mandatos na Presid�ncia, passando tamb�m por seus dissabores. Hoje, os ex-presidentes t�m bom relacionamento, mas jamais se tornaram amigos. O presidente Jair Bolsonaro, por�m, viaja muito pouco para o exterior. Ningu�m o convida para compromissos bilaterais e sua ida aos foros internacionais s�o puro desgaste, pela p�ssima imagem que tem no exterior. Com ele, a crise n�o viaja.

Pol�ticas interna e externa n�o s�o assim�tricas; quando isso ocorre, pode terminar muito mal, como no caso do governo de J�nio Quadros, cujo cavalo de pau no Itamaraty, ao condecorar Che Guevara em plena guerra fria, deixou-o em rota de colis�o com os aliados, principalmente Carlos Lacerda, ent�o governador da antiga Guanabara. Essa crise resultou na sua inopinada ren�ncia. A longo prazo, os eixos duradouros da pol�tica externa s�o as rela��es comerciais e a identidade nacional, muito mais do que a moment�nea orienta��o pol�tica de governo. Hoje, a divis�o internacional do trabalho nos reserva papel estrat�gico como produtor agr�cola e de min�rios e faz da China nosso principal parceiro comercial; em contrapartida, do ponto de vista identit�rio, o americanismo se amalgama � heran�a cultura ib�rica, o que nos afasta do velho nacionalismo latino-americano.

Entretanto, politicamente, vivemos um ponto fora da curva no governo Bolsonaro. O presidente da Rep�blica atua para nos colocar no eixo de pa�ses cujos governantes foram eleitos em pleitos manipulados, seja pelas regras do jogo, seja pelo controle dos meios de comunica��o e/ou pela intimida��o da oposi��o. Como o presidente da Federa��o Russa, Vladimir Putin, que ao assumir n�o tinha uma estrat�gia, Bolsonaro se movimenta exclusivamente para se manter no poder, com a diferen�a de que o l�der russo sempre manteve alta popularidade, enquanto a sua derrete. Controle das For�as Armadas, dos servi�os de seguran�a, do Minist�rio P�blico, do Judici�rio; alian�a com oligarcas amigos e com a Igreja Ortodoxa Russa garantem a longa perman�ncia de Putin no poder.

Controlar o Judici�rio � uma via de passagem para o autoritarismo. Na Hungria de J�nos �der, no poder desde 2012, ju�zes foram for�ados a renunciar e o regime fez 1.284 nomea��es pol�ticas. Os que sobraram perderam autonomia. Aqueles que permaneceram em suas fun��es tiveram sua autonomia confrontada. Na Turquia, 4,5 mil ju�zes foram presos e espoliados nos �ltimos cinco anos, pelo governo de Tayyip Erdogan. Centenas continuam presos.

O atual presidente da Pol�nia, Andrezej Duda, do Partido Lei e Justi�a, para se reeleger, gastou 40 milh�es de euros com uma rede de fake news contra o Judici�rio, com apoio do Minist�rio da Justi�a e do Minist�rio P�blico. Essas den�ncias s�o presidente da Associa��o Europeia de Ju�zes, Jos� Igreja Matos, desembargador na cidade do Porto, em palestra virtual para magistrados brasileiros, segundo nos relata a jornalista Maria Cristina Fernandes, em sua coluna de ontem, no Valor Econ�mico.

Supremo

Esse � o eixo de extrema-direita ao qual pertence Bolsonaro, depois da derrota do ex-presidente Donald Trump, nos Estados Unidos, e do ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em Israel. Com nenhum desses pa�ses, inclusive a R�ssia, o Brasil tem rela��es comerciais robustas para sustentar essa pol�tica externa. Mas o que importa � o modelo. Bolsonaro est� em guerra com o Judici�rio, que pretende subjugar.

Primeiro, nomeando aliados para cargos estrat�gicos, como o procurador-geral da Rep�blica, Augusto Aras, que pretende reconduzir, e o advogado da Uni�o e pastor evang�lico Andr� Luiz de Almeida Mendon�a, indicado para a vaga do ex-ministro Marco Aur�lio Mello no Supremo Tribunal Federal (STF). Ambos ser�o sabatinados no Senado, que pode homologar ou n�o seus nomes. � do jogo.

Segundo, pelo confronto com o Supremo Tribunal Federal (STF), que pretende intimidar, com a amea�a de um golpe de Estado. N�o � do jogo. A cassa��o de Hermes Lima, Evandro Lins e Silva e Victor Nunes Leal pelo regime militar, que provocou a ren�ncia dos ministros Ant�nio Carlos Lafayette de Andrada e Ant�nio Gon�alves de Oliveira, � um trauma no Supremo at� hoje. Em 1971, o ministro Adaucto L�cio Cardoso abandonou o plen�rio ao ser o �nico contr�rio � lei da censura pr�via, editada pelo governo M�dici. A regra permitia que censores ocupassem as reda��es dos jornais e vetassem a publica��o de textos. Voto contra e renunciou ao cargo.

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