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Estado de Minas ENTRE LINHAS

O objetivo da CPI da Covid n�o deve ser promover um carnaval midi�tico

Comiss�o n�o poder perder o foco e est� sendo mudada pela urg�ncia pol�tica vivida pelo Brasil


30/09/2021 04:00 - atualizado 30/09/2021 07:21

Suspeito de financiar e divulgar fake news, Luciano Hang prestou depoimento na CPI
Suspeito de financiar e divulgar fake news, Luciano Hang prestou depoimento na CPI (foto: LEOPOLDO SILVA/AG�NCIA SENADO)
Ningu�m tem d�vida de que a CPI da Sa�de no Senado tornou-se o epicentro da disputa pol�tica entre governo e oposi��o na conjuntura marcada pela COVID-19. Entretanto, a pandemia est� sendo domada, na medida em que a vacina��o avan�a, enquanto o desemprego e a alta da infla��o, dos juros e da cota��o do d�lar come�am a ser os fatores de maior repercuss�o na vida da popula��o. 

Ou seja, a urg�ncia pol�tica est� mudando e a CPI come�a a perder o protagonismo que tinha, apesar de o elevado n�mero de �bitos por COVID-19 ter se tornado um trauma que enluta mais de 600 mil fam�lias. � muita gente.

O depoimento do empres�rio Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, ontem, na CPI, ilustra a nova situa��o, na sequ�ncia das espantosas revela��es da advogada Bruna Morato, na ter�a-feira, cujo relato da rotina de amea�as a m�dicos da operadora de sa�de Prevent Senior durante a pandemia foi estarrecedor.

Enquanto Morato denunciou a falta de autonomia dos profissionais, a exig�ncia da prescri��o de rem�dios ineficazes e o envolvimento da empresa em um "pacto" com o chamado "gabinete paralelo" do Pal�cio do Planalto, Luciano Hang fez de seu depoimento um case de marketing pol�tico e comercial, ao confrontar a CPI, porque sustentou as posi��es negacionistas do presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, e ainda aproveitou para fazer propaganda de sua cadeia de lojas de departamentos.

Segundo o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Hang orientava o presidente Jair Bolsonaro sobre condutas para o enfrentamento da pandemia e fazia parte do chamado “gabinete paralelo”, supostamente o estado-maior da pol�tica de enfrentamento da pandemia executada pelo Minist�rio da Sa�de na gest�o do general Eduardo Pazuello.

A grande contradi��o de seu depoimento foi o fato de que n�o ter questionado o atestado de �bito de sua m�e, que morreu de Covid-19, quando estava sob os cuidados da Prevent S�nior: a informa��o n�o consta como causa mortis no documento. O empres�rio admitiu que autorizou a utiliza��o do chamado Kit Covid durante o tratamento, por&ea cute;m, atribuiu a subnotifica��o a um erro do plantonista e n�o � inten��o de omitir o fato da opini�o p�blica.

Outras prioridades

Mais importante do que o conte�do do depoimento, por�m, foi o circo armado pelo “velho da Havan” e o senador Fl�vio Bolsonaro (Patriotas-RJ) na pr�pria CPI, cuja sess�o foi das mais tumultuadas. Hang foi evasivo e driblou perguntas feitas pelos senadores sobre a operadora de sa�de Prevent Senior, o que irritou o presidente da comiss�o, senador Omar Azis (PSD-AM), e o chamado grupo dos sete, formado por senadores de oposi��o e independentes.

A maior utilidade do depoimento foi revelar que a atua��o de empres�rios bolsonaristas na pandemia, a estrat�gia adotada pela Prevent Senior e a pol�tica de Pazuello no Minist�rio da Sa�de estavam em linha com o prop�sito do presidente Jair Bolsonaro de manter a economia funcionando a qualquer custo, mesmo que o pre�o a pagar fosse o alto n�mero de �bitos, como acabou acontecendo.

A chamada “sociedade do espet�culo” � considerada uma forma perversa de ser da sociedade de consumo. Trata-se da multiplica��o de �cones e imagens, principalmente atrav�s dos meios de comunica��o de massa, mas tamb�m dos rituais pol�ticos, religiosos e h�bitos de consumo, de tudo aquilo que falta � vida real do homem comum.

� um fen�meno contempor�neo, que vem sendo estudado h� mais de 50 anos, cuja caracter�stica principal � a transforma��o das rela��es entre as pessoas em imagens e espet�culo, como acontece nas redes sociais. N�o existe mais um limite entre a realidade e o espet�culo.

� a� que os l�deres da CPI precisam levar em conta as mudan�as de cen�rio e tomar cuidado para n�o perderem o foco. O objetivo da comiss�o n�o � promover um carnaval midi�tico, no qual os crit�rios de verdade e validade acabam dilu�dos pela ret�rica do conflito pol�tico, como aconteceu na sess�o de ontem.

Talvez seja a hora de os integrantes da CPI priorizarem a elabora��o de um relat�rio robusto, no qual os respons�veis pela trag�dia humanit�ria em que se converteu a pandemia sejam apontados com rigor, bem como os crimes cometidos, devidamente tipificados e comprovados. Ou seja, � preciso partir para os “finalmentes”.


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