O pastor Silas Malafaia, l�der da Assembleia de Deus Vit�ria em Cristo (igreja evang�lica pentecostal), acusou os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, da Secretaria de Governo, Fl�via Arruda, das Comunica��es, F�bio Faria, de boicotarem a indica��o do ex-ministro da Justi�a e ex-chefe da Advocacia-Geral da Uni�o (AGU) Andr� Mendon�a ao Supremo Tribunal Federal (STF). Aliado do presidente Jair Bolsonaro, desde o fim de semana, Malafaia vinha amea�ando denunciar os ministros. Mendon�a � pastor da igreja presbiteriana Esperan�a, em Bras�lia. Indicar um ministro “terrivelmente evang�lico” para o STF � uma promessa de campanha do presidente da Rep�blica.
Para aumentar o desconforto de Mendon�a, o ministro do STF Ricardo Lewandowski, ontem, arquivou o mandado de seguran�a requerido pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Jorge Kajuru (Podemos-GO), para impor ao presidente da Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que pautasse a sabatina de Andr� Mendon�a. Nunca um candidato ao STF passou por tanto desconforto no Senado. Alcolumbre recebeu a indica��o em julho do ano passado e a mant�m na gaveta, apesar de todas as press�es, por raz�es que ainda n�o s�o de todo conhecidas.
Sabe-se que o ex-presidente do Senado est� insatisfeito com o presidente Bolsonaro desde as elei��es passadas, quando seu irm�o Josiel Alcolumbre, seu primeiro suplente no Senado, perdeu as elei��es para a Prefeitura de Macap�. Mesmo apoio do atual prefeito, Cl�cio Lu�s (sem partido) e do governador do Amap�, Waldez G�es (PDT), foi derrotado pelo m�dico Dr. Furlan (Cidadania), ex-deputado apoiado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede). Alcolumbre atribuiu a derrota � demora do governo federal em restabelecer a energia no Amap�, que sofreu um “apag�o” �s v�speras das elei��es.
H� mais coisas entre o para�so e o Senado, por�m. Um grupo de senadores tem defendido a tese de que Bolsonaro deveria desistir da indica��o e escolher outro nome para a vaga de Marco Aur�lio Mello, que se aposentou. Preferem o presidente do Superior Tribunal de Justi�a (STJ), Humberto Martins, que teria amplo apoio, inclusive na oposi��o. Alagoano e adventista, Martins foi um dos nomes que chegou a ser considerado por Bolsonaro, porque contaria com a simpatia do presidente da C�mara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aliado do Pal�cio do Planalto, e tamb�m de parlamentares do MDB, partido com a maior bancada no Senado, principalmente o senador Renan Calheiros (AL), seu conterr�neo, relator da CPI da Sa�de.
Plano B
Uma das cr�ticas de Malafaia ao ministro Ciro Nogueira deve-se ao fato de ter se aproximado de Calheiros, “o cara que quer destruir Bolsonaro por interesses pol�ticos”, segundo o l�der religioso. No domingo, em Guaruj�, Bolsonaro perdeu a paci�ncia com Alcolumbre: “Quem n�o est� permitindo a sabatina � o Davi Alcolumbre (...) Teve tudo o que foi poss�vel durante os dois anos comigo e, de repente, ele n�o quer o Andr� Mendon�a. Quem pode n�o querer � o plen�rio do Senado, n�o � ele. Ele pode votar contra, agora o que ele est� fazendo n�o se faz. A indica��o � minha”, disse.
“Se ele quer indicar algu�m para o Supremo, pode indicar dois. Ele se candidata a presidente ano que vem e, no primeiro semestre de 2023, tem duas vagas para o Supremo", desafiou Bolsonaro. � muita ironia, a indica��o de um
m inistro para o STF por ser evang�lico � a fruto de uma teocr�tica, isto �, de uma concep��o religiosa de Estado, por�m, a n�o realiza�&ati lde;o da sabatina monstra claramente que as regras do jogo laico est�o prevalecendo no Congresso.
Os ministros citados por Malafaia – Ciro Nogueira, Fl�via Arruda e F�bio Faria – s�o os
principais operadores pol�ticos do governo. Bolsonaro n�o tem for�a para demitir esses ministros sem desarticular completamente sua base parlamentar.