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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Lula � franco favorito, mas Bolsonaro n�o morreu; ningu�m ganha de v�spera

Por meio do uso eficiente e sem escr�pulos de fake news nas redes sociais, Bolsonaro mant�m uma posi��o segura eleitoralmente para chegar ao segundo turno


22/12/2021 04:00 - atualizado 22/12/2021 07:25

Ex-presidente é favorito em todas as pesquisas de intenção de voto
Contra Lula, Bolsonaro ainda pode lan�ar m�o de sua mil�cia pol�tica (foto: Tomas Cuesta / AFP)
"Musashi", o livro de Eiji Yoshikawa, em dois volumes de 900 p�ginas cada, � um romance publicado no Brasil pela editora Esta��o Liberdade, no qual se aprende um pouco sobre a hist�ria e os costumes do Jap�o antigo, atrav�s da primeira metade da vida do samurai Miyamoto Musashi, uma lenda para os japoneses e os praticantes de Kenjutsu e outras artes marciais mundo afora. A obra � inspirada em fatos hist�ricos, mas romanceada ao misturar personagens reais e da imagina��o do autor.

No final de sua vida, com c�ncer, Musashi se isolou numa caverna da ilha de Kyushu, onde ficou por 1 ano e oito meses, per�odo em que escreveu Gorin No Sho, ou O Livro dos Cinco An�is, como � conhecido no ocidente, conclu�do em 1645, antes de morrer, aos 61 anos. No xogunato Tokugawa, do qual foi chefe militar, o Jap�o se unificou, todos os senhores feudais foram obrigados a morar em Edo, a capital na �poca. Os portugueses foram expulsos do Jap�o, o catolicismo foi proscrito e os holandeses passaram a monopolizar o com�rcio com o Ocidente, como aconteceu com o Brasil, de 1624 a 1654, ou seja, at� � Insurrei��o Pernambucana.

Not�vel espadachim, Musashi tornou-se um grande estrategista com o passar dos anos; nunca parou de treinar e, principalmente, de estudar, inclusive a caligrafia e a pintura. Numa das passagens do seu manual militar, o sexagen�rio samurai ensina que uma luta somente termina quando se “ultrapassa o fundo” do esp�rito do advers�rio. “Em luta contra o inimigo, voc� o vence com a vantagem dos mandamentos da arte militar, mas apenas aparentemente, pois o esp�rito do advers�rio continua mantendo a sua combatividade e � poss�vel que ele esteja vencido apenas na superf�cie, e n�o no esp�rito”.

� o que acontece com o presidente Jair Bolsonaro, candidato � reelei��o, diante do absoluto favoritismo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva nas pesquisas de opini�o sobre as elei��es de 2022. Enquanto se arma um “j� ganhou” em torno da candidatura petista, que hoje venceria no primeiro turno, Bolsonaro amarga altos �ndices de reprova��o, seu governo � pessimamente avaliado e o risco de derrota � t�o grande que at� apoiadores como Olavo de Carvalho j� d�o a causa como perdida. Mas Bolsonaro parece n�o estar nem a�, n�o se sente estrategicamente derrotado. Por qu�?

H� raz�es objetivas e subjetivas para isso, digamos assim. Entre as objetivas, as mais relevantes s�o: (1) o governo � sempre a forma mais concentrada de poder, mesmo o mau governo, pois, quando nada funciona, o que ainda n�o � o caso, arrecada, normatiza e coage; (2) apesar da infla��o descontrolada, da recess�o e do desemprego em massa, o governo det�m alto poder de interven��o na economia e escolhe ganhadores e perdedores, ou seja, tem muita gente ganhando dinheiro com privil�gios; (3) a crise social est� sendo lentamente mitigada pela gradativa retomada da economia informal e de subsist�ncia, enquanto o novo Aux�lio Brasil, no valor de R$ 400, beneficiar� 14,5 milh�es de fam�lias, algo em torno de 70, 2 milh�es de pessoas, entre adultos, idosos e crian�as, al�m de ser uma grande inje��o de recursos do centro nas economias das periferias dos grandes centros e das pequenas cidades.

Salvador da p�tria

Entre as raz�es subjetivas: (1) a captura do sentimento popular de defesa da fam�lia unicelular patriarcal, amea�ada pela mudan�a dos costumes, muito bem cimentada pela alian�a com os setores evang�licos; (2) o favorecimento  de corpora��es  embrutecidas pela natureza de suas atividades, al�m de setores violentos, transgressores e mafiosos, na economia de acumula��o primitiva; (3) a identifica��o da classe m�dia mais conservadora com suas ideias reacion�rias, que fantasiam o passado de forma manique�sta, como o antigo regime militar; (4), finalmente, a cren�a compartilhada com seus apoiadores mais fanatizados, de que � um “salvador da p�tria” predestinado, “imbrox�vel” e “imorr�vel”, capaz de superar todas as adversidades.

Tudo junto e misturado, por meio do uso eficiente e sem escr�pulos de fake news nas redes sociais, at� agora, Bolsonaro mant�m uma posi��o segura eleitoralmente para chegar ao segundo turno, como principal advers�rio de Lula. Com isso, a oposi��o n�o consegue “ultrapassar o fundo” do esp�rito combativo de Bolsonaro, que ainda pode lan�ar m�o de sua mil�cia pol�tica, fortemente armada, durante a campanha eleitoral, para intimidar e impedir seus advers�rios de ir �s ruas. A outra hip�tese, a do golpe de estado, fracassou no 7 de setembro.

Estrategicamente, o que pode derrotar o esp�rito de Bolsonaro no primeiro turno � ser ultrapassado por um terceiro candidato, capaz de catalisar os sentimentos antipetistas da sociedade e os setores de centro-esquerda e centro-direita que ainda acreditam num candidato que fuja a essa polariza��o, como sugeriu o ex-governador capixaba Paulo Hartung em recente entrevista. H� 10 meses das elei��es, nenhum dos pr�-candidatos – S�rgio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Henrique Mandetta (Uni�o Brasil), Simone Tebet (MDB), Rodrigo Pacheco (PSD) e Alessandro Vieira (Cidadania)— encorpou-se o suficiente para isso. Entretanto, 300 dias numa elei��o s�o uma eternidade. E a possibilidade real de vit�ria de Lula no primeiro turno, t�o antecipadamente, pode funcionar como um fator de realinhamento das for�as mais conservadoras que apoiam Bolsonaro, em busca de outra op��o mais ao centro.

Feliz Natal, dia 30 estaremos de volta.

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