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Estado de Minas Entre linhas

A trag�dia com 10 mortos em Capit�lio � a alegoria de um desastre nacional

O apag�o de dados do SUS, que impossibilita avalia��o da propaga��o da �micron, n�o impede que as pessoas fiquem doentes


11/01/2022 04:00 - atualizado 11/01/2022 07:09

Ministro Marcelo Queiroga
Ministro Marcelo Queiroga aproveita apag�o para esconder dados sobre a COVID (foto: SERGIO LIMA/AFP)
Muito usada por pensadores gregos, como Plat�o, autor da mais famosa delas, o Mito da Caverna, uma alegoria pode ter v�rios significados, que transcendem ao seu sentido literal. Representa uma coisa por meio da apar�ncia de outra, uma met�fora ampliada. Com dez pessoas mortas, todas j� identificadas, muitas da mesma fam�lia, ocupantes da lancha Jesus, atingida pelo desmoronamento de parte de uma das escarpas do grande c�nion da represa de Furnas, a trag�dia de Capit�lio (MG) � a alegoria de um desastre nacional anunciado.

Registrado por meio de v�deos e fotos de turistas que presenciaram a trag�dia, o flagrante do acidente de Capit�lio � chocante. Em circunst�ncias normais, um passeio de lancha no local contrastaria fortemente com as imagens de desespero e dor de milhares de fam�lias desabrigadas pelas enchentes em diversas cidades mineiras, muitas das quais ainda submersas, repetindo o que ocorreu na Bahia h� duas semanas. O que era para ser uma tarde de s�bado magn�fica se transformou na trag�dia que comove o pa�s, enquanto chuvas torrenciais castigam Minas Gerais.

Foi uma fatalidade. Entretanto, o gerenciamento de risco ensina que acidentes desse tipo n�o acontecem de uma hora para outra, s�o tecidos por meio de uma sucess�o de fatos identific�veis e de consequ�ncias previs�veis. Conting�ncias e erros acabam confluindo para um desfecho catastr�fico.  Em quaisquer circunst�ncias, mesmo num per�odo de seca, as rochas que desabaram se desprenderiam, porque a eros�o progressiva da escarpa estava em curso irrevers�vel. O fen�meno � muito estudado por ge�logos. O Rio de Janeiro vive permanentemente esse tipo de problema, por causa de suas encostas, muitas delas ocupadas por favelas e/ou circundadas por habita��es e logradouros. Ou seja, o acidente poderia ter sido evitado.

� uma met�fora com o que est� acontecendo no pa�s, nesse come�o de ano sob temporais. Fomos surpreendidos pela quarta onda da pandemia, que j� chegou com tudo, conforme se pode observar por meios dos relatos de m�dicos e pelas imagens registradas no pronto atendimento dos pontos de sa�de. O ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, utiliza um subterf�gio antiquado para esconder da opini�o p�blica o que est� acontecendo: tapar o sol com a peneira. O apag�o de dados do SUS, que impossibilita uma avalia��o precisa da propaga��o da variante �micron, n�o impede que as pessoas fiquem doentes. Uma epidemia de Influenza N3N2, que chegou ao pa�s muito antes do previsto, agrava ainda mais a situa��o.

Nas redes sociais, circula um v�deo de um bando de pequenos p�ssaros numa praia que se movimentam de forma sincronizada: quando as ondas v�m, eles se afastam do mar; quando se v�o, eles se aproximam das �guas. Sempre tem uma ave mais afoita ou um retardat�rio que acabam alcan�ados pelas ondas. Um gozador resolveu comparar essas imagens com o nosso comportamento diante da COVID-19. A grande maioria participou de confraterniza��es de Natal e ano-novo. Os mais afoitos ou descuidados acabaram doentes. Agora, diante do avan�o da �micron, os desfiles de blocos e escolas de samba, os bailes e outros eventos de carnaval est�o sendo cancelados. As viagens tamb�m.

Vacina��o


Medidas de preven��o est�o sendo tomadas pelas autoridades sanit�rias, prefeitos e governadores, por�m, contrastam fortemente com o comportamento negacionista do presidente Jair Bolsonaro, cujas atitudes s�o previs�veis. Estima-se que a quarta onda dure de dois a tr�s meses, com base no que aconteceu na �frica do Sul, onde surgiu a variante �micron. Naquele pa�s, com 56 milh�es de habitantes, em 106 dias, os casos subiram de 2 mil para 20 mil por dia e depois, voltaram para 2 mil. Estudos mostram que essa variante � menos letal do que a Delta, mas � preciso levar em conta a diferen�a de escala demogr�fica, pois o Brasil tem 212 milh�es, ou seja, caso haja um grande n�mero de contaminados, a baixa letalidade, em termos quantitativos, pode representar muitos �bitos.

Muitas pessoas com a terceira dose de vacina est�o contraindo e propagando a doen�a, a maioria de forma branda ou assintom�tica. Cerca de 25% dos brasileiros n�o tomaram sequer a primeira dose da vacina, principalmente as crian�as; 33%, tomaram somente uma dose. � muita gente, o que compromete o controle da pandemia. Por isso, � grande o risco sanit�rio. Por causa do apag�o de dados do SUS, n�o se sabe bem o que est� ocorrendo em termos estat�sticos, mas os ind�cios de que a economia j� est� sendo afetada pela situa��o sanit�ria s�o evidentes, devido ao n�mero de pessoas afastadas do trabalho, o que deve agravar a recess�o e complicar ainda mais a situa��o da popula��o de baixa renda, que sofre com a fome e o desemprego.
 

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