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Estado de Minas AN�LISE

Capit�lio: faixas de seguran�a e observa��o evitariam trag�dia, diz ge�logo

Desprendimento de maci�o rochoso foi precedido por apreens�o e gritos de alerta vindos de navegantes de lanchas distantes do local do acidente


09/01/2022 17:56 - atualizado 11/01/2022 09:07

Em Capitólio, bombeiros continuaram buscas por corpos desaparecidos após tragédia com lanchas e pedra
Dez pessoas morreram por causa da queda de bloco rochoso sobre embarca��es (foto: Cristiano Machado/Imprensa MG)
Embora quedas de rochas que comp�em pared�es como os c�nions de Capit�lio, no Sudoeste mineiro, sejam comuns, a trag�dia que matou 10 pessoas nesse s�bado (8/1) era plenamente evit�vel. O ge�logo Guilherme de Freitas, especialista em engenharia geot�cnica e diretor t�cnico da Geocontrole Brasil, empresa portuguesa que pesquisa rochas e minerais em territ�rio nacional, diz que h�, no entorno da �rea, outras grandes pedras em situa��es parecidas. Para ele, proibir a circula��o nas proximidades das paredes sob risco � medida fundamental para poupar vidas.

- Leia: Sobre Capit�lio e como saber evitar trag�dias no turismo

Guilherme afirma que vistorias feitas por equipes de �rg�os como as Defesas Civis, o Corpo de Bombeiros e o Servi�o Geol�gico do Brasil s�o capazes de constatar a exist�ncia de outras rochas com fraturas.

"Se esse pessoal come�ar a rodar os canais dos c�nions, vai observar uma centena - talvez at� milhares - de situa��es parecidas �quela. � uma situa��o natural, muito comum de acontecer", garante, em entrevista ao Estado de Minas.

O especialista explica que estudos e observa��es de forma��es rochosas t�m, como produto final, a formula��o de medidas preventivas, como a defini��o de faixas de seguran�a.

"Poder�amos ter, nesta �poca de mais risco e chuvas intensas, com ver�o, uma s�rie de dispositivos de seguran�a coletiva, como boias e �reas de distanciamento predefinidas por alguma barreira f�sica", lamenta. "Pode ter havido, tamb�m, falta de orienta��o mais especializada a n�vel do poder p�blico, que tem profissionais especialistas e conseguiriam identificar aquilo e pedir para que as pessoas n�o ficassem t�o pr�ximas da encosta".

Duas embarca��es foram atingidas pela rocha que se desprendeu do c�nion. Imagens da trag�dia mostram que, instantes antes da soltura do material, navegantes distantes da �rea de perigo tentam alertar as lanchas atingidas.

� medida que "farelos" do pared�o iam caindo, a apreens�o aumentava. "Naquele ponto, era poss�vel que pessoas leigas vissem que era uma situa��o de risco. Infelizmente, quem estava l� no momento n�o teve a mesma percep��o", assinala Guilherme, que �, tamb�m, professor de Geologia de Engenharia do curso de p�s-gradua��o em Engenharia Geot�cnica da Pontif�cia Universidade Cat�lica de Minas Gerais (PUC-MG).


Do c�u, mais problemas


Tecnicamente, ge�logos chamam a ruptura vista em Capit�lio de tombamento. Guilherme de Freitas conta que incidentes do tipo "ocorrem o tempo todo". O fato de a encosta ser �ngreme facilitou o movimento para baixo de parte do pared�o.

Deteriorada pela a��o do tempo, a rocha sofreu golpe extra com a a��o da �gua da chuva, que se infiltrou na estrutura.

"A fratura que originou a queda daquele bloco j� � antiga. Ela vai se desenvolvendo ao longo do tempo e aumentando o espa�o muito por conta da chuva. A �gua, infelizmente, n�o traz muitos benef�cios. Ela vai permeando e aumentando a press�o nas paredes, fazendo com que a fratura se alargue cada vez mais, at� que as faces da rocha percam o contato, culminando na perda da resist�ncia do maci�o rochoso", detalha o docente.



Vigil�ncia e a��es pontuais


Os c�nions de Capit�lio se estendem por v�rios quil�metros. Em grandes �reas, a recomenda��o � lan�ar m�o de mapeamento da situa��o geol�gica e geot�cnica. O trabalho serve para identificar os tipos de rochas presentes, as inclina��es das encostas e as fraturas que castigam as pedras.

De posse do monitoramento, os especialistas podem confeccionar a chamada carta de risco geol�gico, respons�vel por apontar as diretrizes de um plano de monitoramento peri�dico. A vistoria pode ser feita a olhos nus, mas equipamentos como radares, c�meras e softwares t�m a fun��o de auxiliar. "Em termos de monitoramento, h� extensa gama de alternativas", assegura Guilherme de Freitas.

Ainda segundo ele, � poss�vel fazer vistorias em �reas espec�ficas, que chamem mais a aten��o. Trata-se da an�lise cinem�tica, fundamental para descobrir se determinada encosta pode se romper.

"O tombamento � um dos tipos de possibilidade de ruptura que a t�cnica identifica. Isso funciona muito bem sob o ponto de vista pontual", ressalta.

Pol�cia Civil e Marinha ter�o inqu�ritos


O curso d'�gua palco da trag�dia est� sob a jurisdi��o da Marinha do Brasil (MB), que instaurou, ainda ontem, inqu�rito para apurar as causas do acidente. O balne�rio foi interditado. Tamb�m ser�o analisados os aspectos sobre a seguran�a da navega��o, a habilita��o dos condutores envolvidos, o ordenamento aquavi�rio do local e a observ�ncia das normas e legisla��es emanadas pela Autoridade Mar�tima. A corpora��o chegou a enviar homens e um helic�ptero para auxiliar nas buscas.

Paralelamente aos trabalhos da MB, a Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG) conduz investiga��o pr�pria para saber se houve influ�ncia alheia � a��o da natureza.

"A princ�pio, nosso foco principal e de todos os atores, � a localiza��o do maior n�mero poss�vel de v�timas.Posteriormente, vamos ouvir ge�logos para saber se houve algum problema de estrutura. A princ�pio, queremos acalentar as fam�lias enlutadas", explicou, neste domingo, o delegado Marcos Pimenta, respons�vel pela seccional regional da Pol�cia Civil em Passos, cidade vizinha a Capit�lio.

O propriet�rio da lancha Jesus, a mais atingida pelo impacto das pedras, j� foi ouvido. Antes da ida � �gua, ainda no hotel que hospedava os turistas, ele fez uma foto das 10 pessoas que perderam suas vidas. "Essa fotografia est� conosco e nos ajudando na identifica��o dos corpos no Instituto M�dico Legal (IML) em Passos", pontuou Pimenta.

Ao longo desta semana, a ideia � colher depoimentos de testemunhas do caso. Uma for�a-tarefa com tr�s delegados ser� montada. Por ora, em respeito ao luto, as oitivas de familiares n�o est�o nos planos.


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